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Resenha Blu-Ray - Alien Anthology parte 4

Alien – A Ressurreição (1997)

Se a maior falha de Alien³ foi não trazer nada de novo pra franquia, o que dizer do quarto filme? Dirigido pelo francês Jean-Pierre Jeunet (Amélie Poulain), A Ressurreição do título se refere apenas ao retorno de Ripley (Sigourney Weaver), agora um clone. Não é o renascimento da cinessérie, como deveria ser e na verdade serve como o último prego no caixão que enterrou de vez os monstros alienígenas.

Jeunet deve ser a escolha menos óbvia para se fazer um Alien. Quem conhece a filmografia do diretor reconhece seu forte estilo visual, principalmente pelo suspense Ladrão de Sonhos, e sabe o quão europeu ele é em suas escolhas, tanto no casting, quanto no ritmo. Por “sorte” o francês entendeu que a Fox o via como um diretor contratado e nada mais. Segundo ele mesmo, no Making Of, fazer este filme foi como dirigir um longo comercial. Porém, com a vantagem de ter uma certa liberdade, desde que não saísse do orçamento. Com o roteiro já pronto, escrito por Joss Whedon (o criador de Buffy), Jeunet só adicionou um pouco do que ele considerava interessante visualmente. E por fim, a película é isso mesmo: visual. Alien – A Ressurreição é impecável na fotografia, nos cenários, figurinos e efeitos práticos. Mas, na história mesmo, é uma falha enorme.

O elenco de apoio tem nomes até mais interessantes do que os dos filmes anteriores, se feita a comparação. Winona Ryder, Ron Pearlman, Michael Wincott, Dan Hedaya e Dominique Pinon são atores que costumam engrandecer as produções em que atuam. Porém, devido ao fraco desenvolvimento por parte do texto de Whedon, acabam decepcionando. Pearlman faz um dos personagens mais inconstantes de sua carreira, quase um bipolar. Ele desconfia e discute com Ripley o tempo todo para, no último ato, ao ver a personagem voltando do ninho dos alienígenas soltar um sorridente e animado: “Ripley is back, man!”. Isso depois dela quase arrancar a língua dele em uma discussão. Ryder, faz a andróide com consciência e dona das atitudes mais estúpidas possíveis, como entregar uma arma pra alguém que ajudava a equipe a contra-gosto e visivelmente a favor dos monstros. Isso sem mencionar a desculpa esfarrapada para trazer Weaver de volta, transformando Ripley num clone com poderes especiais.

Pra não dizer que a quarta parte da franquia não tem pontos positivos, além dos mencionados anteriormente como o visual, a trilha sonora é envolvente e provavelmente uma das melhores da série. E, se Jeunet trouxe algo realmente novo para Alien foi o humor negro, que até caiu bem num filme que já soa ridículo em sua própria concepção. Não levar aquilo tudo à sério foi uma decisão acertada por parte do francês. Talvez graças ao diretor Alien 4 é também o mais sexual de todos. Se o monstro é um símbolo fálico criado por H.R. Giger, todo o resto nessa produção é extremamente feminino. Do ovo, agora pulsante, até o ferimento da andróide interpretada por Ryder, tudo é mostrado com uma quantidade até exagerada de fluidos. Do mais, A Ressurreição é um erro atrás de outro e de forma alguma faz jus à uma antologia de filmes que começou com Ridley Scott e James Cameron.

Vídeo – A qualidade de vídeo é ótima, enfatizando a fotografia de Darius Khondji, com uma paleta de cores muito interessante. A cena debaixo d’água é, de longe, a mais interessante do filme, devidamente granulada e cheia de detalhes. Infelizmente, por ser o mais recente da série, talvez não tenha tido o mesmo cuidado de remasterização dos dois primeiros, mas ainda assim é um passo gigantesco em relação à sua edição em DVD.

Áudio – Tiros, explosões, grunhidos dos alienígenas. A edição de som de Alien – A Ressurreição é muito bem feita e a faixa em DTS HD tudo fica extremamente claro. Os diálogos são limpos e o áudio-ambiente da nave é muito envolvente. Talvez por ser mais novo, seja o que mais faz bonito do Home Theater.

Extras – Seguindo a tradição, o Making Of é esclarecedor, mas a produção desta vez não foi tão conturbada. A não ser pelo depoimento do produtor David Giler, que praticamente renega esse filme e pelo relato do fim do relacionamento de Jeunet com seu freqüente colaborador Caro. Tudo porque a visão artística deste último não batia com a proposta da Fox. Os dois nunca mais trabalharam juntos. Um destaque do documentário é o longo processo de produção da cena submersa que levou quase 1 mês pra ser completada. Como foi a primeira sequência a ser rodada serviu para pavimentar a relação entre os atores e criar um ambiente, que segundo os envolvidos, foi muito agradável, em contra-partida aos três anteriores.

Também estão presentes alguns featurettes, inclusive um que tenta prever como seria um quinto filme, com vários envolvidos na série dando suas opiniões. Interessante saber que não é de hoje a vontade dos produtores em criar uma história anterior ao primeiro, mostrando a origem do Space Jockey. Segundo as últimas informações é exatamente isso que Ridley Scott está preparando para seu retorno à franquia. Os já habituais comentários em áudio também estão presentes, assim como material de divulgação original, trailers e comerciais de TV.

Avaliação Final: O que começou em 1979 como um dos melhores filmes de terror do cinema, infelizmente não terminou tão bem com um quarto filme bem abaixo do resto da franquia. Pra quem não se importa muito com história, no entanto, leva um exemplar com bastante ação e violência na medida. Os atores foram desperdiçados, mas Alien – A Ressurreição até contém boas cenas, como a submersa. Em termos de extras, como nos anteriores, a Fox da um show em selecionar tão bem o conteúdo.

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Especial Tron - O novo filme

Tron – O Legado

Há muito tempo fala-se em uma sequência de Tron – Uma Odisseia Eletrônica, o clássico oitentista que chega ser profético com o uso de computação gráfica no cinema. A pergunta, antes mesmo de se saber quando a continuação sairia, sempre foi: o quão relevante um novo Tron pode ser? De cara, para que você, leitor, não crie expectativas muito altas, esta resenha alerta: o novo filme não é revolucionário. Embora muito se tem falado da tecnologia usada para rejuvenescer Jeff Bridges, isso não é novidade. Já foi usado em X-Men 3 e de forma abundante nos últimos volumes da cinessérie Resident Evil para mantar Milla Jovovich jovem. O 3D é bom, usado mais para dar noção de espaço do que gratuitamente com coisa atiradas à tela, mas não é nada que Avatar já não tenha mostrado. Então, porque vale a pena assistir Tron – O Legado?

Um dos grandes trunfos do original era abusar da inocência do espectador para causar surpresa com os efeitos especiais. E nisso, Joseph Kosinski, diretor da sequência, junto com o roteiro de Adam Horowitz e Edward Kitsis, consegue preservar. Os fãs da Odisséia Eletrônica oitentista vão se sentir em casa com as citações, referências e brincadeiras com o original. E com a reverência com que o Kosinski trata a obra. Uma aventura descompromissada, com grandes cenas de ação e que transporta quem quer que esteja assistindo a uma viagem em que o destino é alcançado com um grande sorriso no rosto. A trama começa explicando que Kevin Flynn (Bridges), o protagonista do primeiro filme, recriou a Grade à sua maneira, com a ajuda de Tron (Bruce Boxleitner) e CLU (também Bridges), o programa que no começo do original é capturado pelo MCP. Logo depois Flinn desaparece deixa ao filho Sam (Garret Hedlund) o império construído com a empresa Encom. O problema é que o garoto cresce com os ideais libertários do pai e pratica atos de “ciberterrorismo” dentro de sua própria herança. Depois dessa rápida apresentação, Sam vai parar na Grade e descobre que CLU a dominou e, numa espécie de alusão à Revolução dos Bichos de George Orwell, agora a governa com mão de ferro.

Assim como no filme de 1982, a trama é básica e sem nenhum grande atrativo. O espetáculo fica por conta do visual, que atualiza as criações do quadrinhista francês Moebius, deixando tudo ainda mais parecido com a obra do artista. Como Flynn recriou a Grade, foram tomadas algumas liberdades quanto a apresentação dos personagens, agora mais humanizados e “orgânicos”. Com isso Tron – O Legado tem uma forte semelhança com obras Cyberpunk como os quadrinhos de Enki Bilal ou Blade Runner. Os efeitos são realmente impressionantes e não soam forçados a não ser o já mencionado Jeff Bridges jovem, que não tem vida em seu semblante tornando muito claro que aquilo tudo é digital. Mas não chega a atrapalhar a experiência. Bridges, por sinal, também aparece em sua versão atual, com uma interpretação muito competente, transformando Kevin Flynn em uma figura sábia, que mistura nuances de um mestre Jedi com um velho Hippie. Outro destaque do elenco é Michael Sheen, extremamente à vontade com seu excêntrico Castor, um personagem ambíguo com look de David Bowie e exageros à lá Jim Carey (é sério!). Olivia Wilde como Quorra se esforça mas sua personagem detém um dos clichês mais bobinhos de histórias sobre opressão e liberdade: ela quer conhecer o sol. Por fim, a atuação mais apagada é a de Hedlund. Sam Flynn, embora tenha boas sacadas nos diálogos, não tem o menor carisma e desaparece em meio aos talentos de Bridges e Sheen.

Além do visual, Tron – O Legado tem em sua lista de acertos a trilha sonora do Duo de DJs Daft Punk. É a primeira vez que eles compõem para um filme e o resultado é incrível. Imersiva, onipresente e talvez, tão relevante quanto os próprios efeitos especiais. Talvez a única trilha incidental que faça tanta parte da trama dessa forma seja a de Vangelis para o clássico Blade Runner. Todo o clima e ritmo da película estão profundamente ligados à música. Será uma grande injustiça a provável não inclusão do Daft Punk na lista do Oscar de melhor trilha sonora, já que a academia não indica duplas.

A resposta para a pergunta se vale a pena assistir Tron – O Legado é muito simples: sim, vale. Por ser um filme sincero e, mesmo com roteiro fraco, unir tantos acertos. Como já era de se esperar, talvez não seja tão relevante pro cinema como foi seu antecessor. Talvez não se torne cult também. Mas cumpre a premissa de entreter. Porque, como diz um personagem lá pelas tantas, “quando se procura a perfeição, se esquece de olhar pro que está bem a sua frente”. E o que estava bem a frente de diretor e roteiristas com a chance de renovar um clássico era justamente isso. Entreter, sem culpa.

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Resenha Blu-Ray - Alien Anthology parte 3

Alien³ (1992)

O segundo filme da franquia do monstro alienígena, dirigido por James Cameron conseguiu trazer novidades, sem descartar o original. Porém, o que mais poderia ser feito de novo em Alien³? Não muito, como ficou provado na estreia em 1992. Apesar de ter sido sucesso de público, a visão do estreante diretor David Fincher não foi muito bem vista pelos críticos. O resultado final não agradou nem o cineasta, que hoje nem considera a película em sua filmografia. Mas o que poderia ter dado tão errado a esse ponto?

O que provou ser um acerto nas duas primeiras produções não funcionou da forma esperada na terceira vez. Enquanto Ridley Scott e James Cameron, embora tivessem tido problemas com a Fox, conseguiram entregar um produto satisfatório mesmo sendo novatos no cinema, David Fincher, que teve em Alien³ seu primeiro longa-metragem, não equilibrou muito bem as intereferências do estúdio com as ideias que ele tinha para o filme. Talvez por falta de tato ou simplesmente porque os produtores realmente exageraram, a versão “ao cubo” de Alien não chega nem perto do que poderia ter sido.

Foi um processo conturbado, o da produção. A começar pela contratação e demissão de dois cineastas antes de Fincher entrar para o projeto. E durante as filmagens, já sob a batuta do diretor que anos depois faria obras-primas como Se7en e Clube da Luta, os produtores alterarem constantemente o roteiro, que por sinal nem havia sido finalizado. Como conseguir dar um filme, personalidade própria se várias pessoas que entendem mais de ganhar dinheiro do que dirigir uma produção dessas, estão a todo momento dispostos a incluir cenas que não condizem com a visão de quem o está dirigindo? Infelizmente Fincher não conseguiu.

Alien³ não tem nada de novo. Simplesmente mistura o que funcionou nos dois primeiros, e quando tenta acrescentar uma novidade acaba caindo no ridículo. O que dizer da ideia do alienígena usar uma vaca (um cachorro, na versão que foi para o cinema) para procriar? A cena acaba soando como uma paródia ao invés de ser eficiente e em nada acrescenta à história. Os únicos bons momentos do filme estão em cenas não muito relacionadas ao que se espera da franquia, como os diálogos da Ripley com o médico da prisão onde a nave em que ela, Newt e Hicks fugiram em Aliens, caiu. Uma ideia interessante é a inclusão de temas mais religiosos à história mas, infelizmente, a má administração do roteiro acaba levando isso a apenas um descarado exercício de semiótica no sacrifício da personagem de Sigourney Weaver. Quando a trama parte para uma abordagem mais intimista, aliada a bela fotografia de Alex Thomson o filme realmente passa a mostrar uma certa originalidade, mas tudo vai por água abaixo quando o alienígena começa a fazer o que o espectador já sabe o que ele faz pelas outras duas produções. E o pior, de uma forma pouco convincente graças aos piores efeitos de toda a saga.

No final, fica a sensação de que o melhor da franquia já foi feito e não importa muito quem seja o diretor ou o roteirista, Alien não tem mais grandes momentos a oferecer.

Vídeo – Alien³ sofre com a versão em Alta Definição. Tudo porque nunca os efeitos especiais ruins ficaram tão evidentes. Quando a criatura era feita à moda antiga nos antecessores, não parecia tão tosca quanto a versão em computação gráfica mostrada aqui. Ao invés de causar espanto, causa estranheza por parecer tão falsa. Pelo menos nem tudo é efeito ruim e nas cenas que mostram os grandiosos cenários, a qualidade da imagem do Blu-Ray finalmente traz à tona algo que realmente funciona neste filme: a fotografia. O responsável inicialmente era Jordan Cronenweth, cinematógrafo de Blade Runner, mas o estado cada vez mais crítico de sua saúde (ele sofria de Mal de Parkinson) o impossibilitou de completar o trabalho, mas serviu de base para o experiente Alex Thomson seguir o visual depressivo e escuro que Fincher queria para seu filme.

Áudio – O subwoofer do seu Home nunca esteve tão ativo. O som de Alien³ faz bonito, principalmente quando envolve a trilha de Elliot Goldenthal, as vezes retumbante, outras, experimental e quase unida aos efeitos sonoros do filme. Uma curiosidade: a versão para DVD desse filme tinha sérios problemas na faixa de áudio, muito inconstantes quando entravam as cenas novas da Edição Especial. Para o lançamento da Antologia em Blu-Ray, esses defeitos foram corrigidos e envolveram até mesmo Sigourney Weaver redublando algumas cenas.

Extras – Os documentários dirigidos por Charles de Lauzirika para a quadrilogia Alien são todos excelentes. E o do terceiro filme merece destaque no Blu-Ray pois é mais completo do que a versão que saiu em DVD em 2003. Na época, a Fox acabou editando certas partes que considerou ofensivas ao estúdio. Agora está tudo no lugar e dá pra perceber o tratamento que David Fincher teve e o stress pelo qual ele passou durante as filmagens. O diretor não aparece dando depoimentos e suas participações são as que o mostram no processo de produção. Nos comentários em áudio, nada de Fincher também, porém elenco e equipe de produção dão suas opiniões sobre o filme. No disco 6 os já habituais trailers e comerciais de TV, além de um making of da época do lançamento.

Avaliação Final: Alien³ não é nem de longe um clássico como os dois primeiros, e apesar de ter bons momentos, falha ao tentar acrescentar algo novo na franquia. Roteiro sendo escrito enquanto o filme é rodado geralmente não traz bons resultados e aqui não é diferente, terminando com uma enorme mágua do diretor pelo estúdio. Os extras, mesmo explicando o porquê do resultado não ter sido o esperado não salvam o filme. Pelo menos a edição especial com 30 minutos a mais consegue estender as cenas boas, intimistas e mais voltadas a diálogos.

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Especial Tron - O Filme original

No final dos anos 70 e começo da década de 80, a informática era chamada de cibernética e seus engenheiros eram caras bem mais esquisitos do que os sujeitos descolados de hoje que criam aplicativos pra iPhone e desenvolvem jogos. Mais estranhos ainda eram os animadores que tentavam, a todo custo, surgir com uma novidade em meio à uma arte que, pelo menos no cinema, havia parado no tempo. São nesses dois cenários, a princípio não muito relacionados, que foi gerado Tron – Uma Odisséia Eletrônica, um audacioso projeto que por sorte caiu nas mãos de um grande estúdio, a Disney.

Steven Lisberger era o dono de uma empresa especializada em animações e crescia no ramo ao produzir comerciais para TV. Mas suas ambições estavam no cinema, um sonho que parecia impossível para quem, na época, não estivesse sediado em Los Angeles. Quando percebeu isso, ele e seu sócio, Donald Kushner resolveram tentar a sorte na cidade dos anjos. Desde essa época, uma imagem era recorrente na imaginação de Lisberger: um guerreiro de neon. Lembre-se, estamos falando do final da década de 70 e qualquer coisa de visual futurista era carregada desse tipo de iluminação. Chegando na terra do cinema, resolveu desenvolver melhor essa ideia mesmo sem dar muita atenção ao fato de que ele não tinha noção de como dar vida a essa história e, mesmo que tivesse, não havia dinheiro pra isso.

Foi então que sua empresa, ao criar um curta indicado ao Oscar de melhor curta animado, começou a chamar atenção. Lisberger e sua equipe desenvolveram então uma outra animação, Animalympics, com o intuito de vendê-la para TV e conseguir verba pra dar andamento ao projeto que agora já tinha o nome de Tron.

Depois de muitos esboços feitos, roteiros reescritos e cálculos provando que seria impossível produzir Tron como um filme independente, Lisberger e Kushner decidem bater às portas dos estúdios. Embora amparados por desenhos de produção mostrando o visual proposto, quase ninguém entendeu o que seria aquilo e, mesmo a Disney, que se interessou pelo projeto, não conseguia visualizar direito o que aqueles dois tinham em mente. Mesmo assim, resolveu dar a eles uma chance e comprou a ideia. Foi então que Lisberger e Kushner caíram na realidade: agora teriam mesmo que fazer o filme.

Para ajudar o processo visual foram contratados dois ícones: Syd Mead e Jean Giraud, o Moebius. O primeiro, um engenheiro industrial que ficou famoso por seus designs futuristas e práticos em Blade Runner. O segundo, o quadrinhista francês que despontava nas páginas da HQ Heavy Metal. Coube aos dois a responsabilidade de dar a Tron um visual que pudesse ser criado a partir de técnicas cinematográficas que misturavam animação convencional, CGI e um complicado processo manual de manipulação da película. Peraí. CGI? Em 1980? Sim, é aqui que o filme se destaca por seu pioneirismo. Era a primeira vez que uma produção para cinema usaria animação gerada por computador.

A história de Tron não é tão criativa: um desenvolvedor de softwares é mandado embora da empresa onde trabalha depois de ter seus projetos roubados pelo seu chefe. Com a ajuda de mais dois engenheiros, consegue entrar na empresa pra procurar provas e incriminar seu “algoz”, mas é transportado para o mundo virtual onde vive Tron e vários outros programas, que são dominados por um software do mal chamado MCP. Nada demais até aí, é quase uma versão digital de Nárnia ou Alice. O que realmente começou a chamar atenção dos executivos da Disney eram os efeitos e até onde poderiam ir com todo aquele visual que estava sendo criado. No roteiro, o único ponto alto era o cenário quase profético de computadores ligados em uma rede mundial. Tudo feito de uma forma muito amadora e sem muita relação com a linguagem de softwares que se utilizava. Mas mesmo assim, com um pé na realidade.

Tron ainda contou a trilha sonora de Wendy Carlos e seus sintetizadores, na época outro clichê do futurismo. Mas quando foi lançado não obteve o resultado esperado. A Disney tinha esperança de voltar a produzir filmes live-action, mas Tron não foi exatamente o ânimo que o estúdio precisava. Talvez por causa de uma direção inexperiente, o filme tem um ritmo lento e o roteiro não empolga. Os destaques eram mesmo o visual e a atuação de Jeff Bridges. O filme, porém, cresceu ao longo dos anos. Quando Hollywood percebeu que a computação gráfica poderia ser utilizada para criar efeitos especiais, Tron começou a ser lembrado por seu espírito inovador. E, graças ao home vídeo, o público também passou a apreciá-lo melhor, fazendo com que se tornasse um clássico cult.

Talvez seja essa a justificativa para criar uma continuação quase 30 anos depois do original. Ou também a tentativa de se ganhar dinheiro baseando-se numa nostalgia crescente à decada de 80. Seja qual for a razão, um novo Tron pode não ter o mesmo impacto criativo ou nem virar cult como seu antecessor. Porém, ao se tornar um dos filmes mais esperados do ano, deve encher do orgulho quem um dia pensou que os computadores poderiam servir pra algo além de cálculos complexos e ajudou a transformar a “cibernética” em uma coisa cool e não muito diferente da informática de hoje.

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Cenas Memoráveis - Especial Tron

Estamos a uma semana da estreia de um dos filmes mais aguardados do ano: Tron - O Legado. Durante os próximos dias então, preparei um pequeno especial sobre a franquia Tron e o primeiro post apresenta um pouco do filme original, nesta cena que entrou pra historia do cinema por ser pioneira no uso de computação gráfica. Confira abaixo.


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Resenha Blu-Ray - Alien Anthology parte 2

Aliens (1986)

Qual o segredo de uma boa sequência? A história de Hollywood tem mostrado que, para uma continuação garantir, além de público, boas críticas, precisa ser diferente do filme original. Ir por um caminho completamente oposto é uma opção arriscada e corajosa, e quando feito com competência tem tudo para, até mesmo, superar o que já foi feito. Essa foi basicamente a premissa de James Cameron ao aceitar dirigir o segundo filme da franquia Alien.

Depois da bem sucedida passagem de Ridley Scott, que introduziu ao mundo o monstro, a Fox considerava uma continuação inevitável. O maior apoiador disso, no entanto saiu da empresa e quem ficou em seu lugar não tinha como prioridade dar continuidade à franquia. Os anos se passaram, outras pesssoas assumiram e Aliens finalmente recebeu sinal verde. Cameron entrou na equação quando estava se preparando pra rodar o primeiro Exterminador do Futuro. Porém seu astro principal, Arnold Schwarzennegger, tinha um contrato a cumprir com a cinessérie Conan e fez o projeto entrar em uma pausa de 4 meses. Nesse intervalo, o diretor aproveitou para escrever 90 páginas de roteiro que seriam apenas o primeiro ato do filme. A Fox gostou tanto da ideia de Cameron que resolveu esperar ele terminar O Exterminador pra que ele pudesse trabalhar integralmente em Aliens.

O resultado foi um filme com uma abordagem bem mais voltada a ação do que ao terror. Cameron era fã do filme original e não achava que tinha de refazer tudo aquilo. Enquanto Ridley Scott optou por um clima claustrofóbico e lento, Aliens teria cenários maiores e um ritmo mais acelerado, tendo por base uma história que envolve militares lutando contra uma horda de alienígenas. Ripley (Sigourney Weaver) é encontrada 57 anos depois dos eventos do primeiro filme, hibernando em sua câmara criogênica. Na Terra ela descobre ter perdido tudo: sua filha, seu emprego e seu lugar no mundo. Acaba aceitando participar de uma missão de resgate que envolve as criaturas que ela conhece tão bem.

A primeira hora de Aliens serve para introduzir um a um, todos os personagens. E são vários, já que estamos lidando agora com um grupo de fuzileiros. Mas, Cameron faz isso de forma tão natural e crível que o espectador entende como aquilo faz parte da história e dificilmente se incomoda pela ação demorar tanto a acontecer. Um adendo deve ser feito aqui: Aliens tem duas versões. Na que foi exibida nos cinemas, muito desse desenvolvimento de personagens é cortado pra acelerar a história. A edição especial tem quase 30 minutos adicionados à trama e é muito mais completa. Cameron, inclusive, prefere essa versão longa.

Quando a primeira criatura aparece, porém, a ação é desenfreada. O filme para um pouco pra respirar em alguns momentos e quando menos se espera é mais sustos, correria e tiroteio. Uma verdadeira montanha russa em seu ritmo. Weaver interpreta Ripley em um crescendo que fortalece ainda mais a sequência final, uma luta contra a Rainha Alien que provavelmente está entre as mais marcantes da franquia.

Aliás é bom lembrar que Sigourney Weaver recebeu uma indicação ao Oscar como melhor atriz por seu desempenho em Aliens. Ela está muito mais confortável neste filme, tendo interpretado outras personagens, mais dramáticas depois do primeiro Alien. Suas cenas com a garotinha Newt são até tocantes, levando em conta o histórico de Ripley. Seu instinto maternal é mostrado de forma muito convincente e seu propósito aqui passa a ser algo muito maior do que simplesmente sobreviver.

Merece destaque também a habilidade de James Cameron de trabalhar com efeitos especiais. Na época era tudo feito “à mão” e sem imagens geradas por computador. Por isso, graças ao perfeccionismo do diretor, tudo tinha de ficar o mais “real” ´possível. E, mesmo agora, 24 anos depois do filme ser lançado, algumas cenas são impressionantes por não denunciarem a idade da produção.

Por seu ritmo acelerado, sua abordagem criativa e uma interpretação memorável de Sigourney Weaver, Aliens se não supera o original, pode ser considerada uma sequência de altíssimo nível que conseguiu fazer público e crítica muito contentes. E Cameron, que com seu pequeno Exterminador do Futuro, já havia demonstrado grande competência, evolui e mostra o potencial pra blockbusters que o fazem hoje ser primeiro e segundo lugar em bilheteria na história de Hollywood.

Vídeo – Da mesma forma que o primeiro, Aliens é impressionante em alta definição. Exibindo até mesmo mais granulação que Alien em algumas cenas mais escuras, na continuação temos uma fotografia que privilegia mais os cenários por não ser tão escura e claustrofóbica. Mais uma vez, detalhes de textura estão intactos e a única falha mais ou menos visível é a mudança para as cenas adicionais da edição especial. Há uma ligeira diferença entre a qualidade da edição para cinema e a versão mais longa, mas nada que incomode a experiência.

Áudio – Filmes de James Cameron tem um histórico de edição de som pra fazer cair a sala de cinema. Os efeitos sonoros de Aliens estão limpos e cristalinos assim como o grave do motor dos veículos e espaçonaves. Ao contrário do primeiro filme, este é um bom exemplo pra testar a potência do Home Theater.

Extras – No disco 5, a seção destinada a Aliens contém um documentário, que da mesma forma que o do primeiro filme, é dirigido por Charles de Lauzirika. Mais uma vez, os depoimentos impressionam pela sinceridade. O ponto alto é o momento que os atores e equipe de produção comentam a forma de trabalho de James Cameron, que não se importa se está na hora do almoço, da janta ou, como aconteceu por causa das filmagens na Inglaterra, do chá. Essa postura workaholic de Cameron quase levou a uma paralisação nas filmagens.

Todas as etapas de produção estão muito bem detalhadas pelo documentário, que já havia aparecido na edição dupla do filme em DVD. Vale conferir também os featurettes que cobrem alguns detalhes q não estão no making of.

No disco 6, um vasto material de divulgação da época, além de várias artes conceituais de cenas, cenários, figurino e naves.

Avaliação Final: em termos de imagem e som, Aliens é uma jóia para os fãs. Como cinema funciona tão bem quanto o primeiro e os extras contidos no box garantem horas de uma experiência definitiva quanto a este segundo filme da franquia. Altamente recomendável.

Em breve, a resenha de Alien³ que promete os extras mais interessantes até aqui. Por quê? No próximo post eu conto ;).

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Crítica: A Rede Social

Mark Zuckerberg, o da vida real, nega veementemente que sua contraparte cinematográfica seja mostrada com fidelidade pelo diretor David Fincher em A Rede Social, que estréia nesta sexta em todo o país. O filme conta a história do processo de criação do Facebook, a febre da internet que, como o título sugere, é a definitiva de seu gênero.

Mostrado por Fincher como um gênio de seu tempo, Zuckerberg é também representado como um “babaca” completo pelo ator Jesse Eisenberg. E, como diz um personagem lá pelo fim do filme, o criador do Facebook se esforça muito pra desempenhar esse papel. Ele é aquele típico nerd que, dispensado pela namorada, faz pirraça na internet. Ou que briga com seu sócio/amigo por achar que seu site não precisa de propaganda, uma idéia quase utópica. Em momentos assim e em outros ainda mais inspirados que mostram como Zuckerberg acha o mundo um tédio, Fincher ajuda a criar o Übermensch da Geração Y. O da vida real deveria até ficar lisonjeado por isso. Claro que ao corroborar a idéia de que o Facebook foi um plágio, o direitor acabou fazendo um inimigo.

Dotado de uma edição quase frenética (no ritmo do cérebro do protagonista), o filme se divide em três períodos de tempo. No primeiro temos Zuckerberg em Harvard passando por momentos que ajudaram a definir o que seria seu futuro site. No segundo, que se sobrepõe ao terceiro, temos dois julgamentos, o que diz respeito ao plágio, acusação feita pelos gêmeos Winklevoss (Armie Hammer) e o que julga se o brasileiro Eduardo Saverin tem direito a uma gorda indenização por parte do Facebook, agora uma empresa consolidada. Vale também ressaltar a interpretação de Justin Timberlake, como Sean Parker, o criador do Napster. O personagem surge num momento de transição para o personagem principal. Quando seu amigo brasileiro tenta conseguir anunciantes, Parker surge para confirmar a idéia de Zuckerberg, a de que existe potencial para uma empresa e para o lucro, mas anúncios, naquele momento, só iriam atrapalhar. É o bastante pra fisgar o inepto gênio e afastar Saverin.

Marcando o ritmo do filme com a trilha de Trent Reznor e Atticus Ross, uma mistura de sons minimalistas com barulhos invasivos, Fincher cria um estudo de personagem, pois é isso mesmo que Zuckerberg é. E mesmo o da vida real, que não demonstra vontade em processar nem o cineasta e nem o autor do livro que deu origem ao filme, Ben Mezrich, não deixa de ser. Se existe mais ficção que realidade em A Rede Social, isso não importa. O que importa é a eficiência do filme em mostrar um retrato de uma nova geração que consegue ser genial em novas mídias e infantil em relações, mas que cada vez mais domina uma parcela considerável como formadores de opinião e geradores de conteúdo. O mais triste é que aos usuários de internet, a lição sobre como se relacionar venha de pessoas sem o mínimo apreço por interações humanas. Não é irônico que Zuckerberg tenha criado um site pra se fazer amizades, tendo, ele próprio, um único amigo. É conseqüência, a criação de uma necessidade, coisa que a sociedade atual está mais do que acostumada a fazer.

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Resenha Blu-Ray - Alien Anthology parte 1

A franquia Alien é uma mina de ouro pra Fox. O estúdio já lançou incontáveis vezes os filmes em praticamente todos os formatos que tentaram dominar o mercado de Home Video: VHS, LaserDisc e DVD. Agora, chega a sua edição definitiva com a popularização do Blu-Ray e da alta definição. E vem acompanhada de muitos materiais extras, alguns já lançados nas edições anteriores, outros inéditos, divididos em 2 discos do box que vão tomar muito tempo dos fãs: são 60 horas de entrevistas, bastidores, materiais de divulgação , comentários em áudio e tudo que uma coleção desse porte tem direito.

No Brasil foram lançadas duas edições de Alien Anthology. Uma, limitadíssima e já esgotada das lojas é a Edição Ovo, em que os filmes vem acomodados em uma réplica do ovo alienígena muito bem feita. Coisa pra colecionador mesmo. Já a outra é um box simples, enluvado porcamente por papelão. Para embalar os filmes, dois estojos simples sem nenhum atrativo pra quem quer deixar a estante mais bonita. Coisa pra quem gosta dos filmes e não liga muito pra itens colecionáveis. O problema, que a Fox e outros estúdios não entendem, é que o formato de alta definição não tem como público alvo o consumidor médio, mas sim quem se importa em dar um destaque pra coleção e além disso, aqueles que adoram cinema e querem conferir uma produção importante como Alien na qualidade mais próxima possível daquela visualizada por seu diretor (ou diretores, estamos falando de uma franquia). O pior de tudo é que esse box mais simples veio para o Brasil a um preço que pode até refletir a importância da série, mas de forma algum reflete o cuidado destinado a sua embalagem. Reclamações a parte, quem quiser algo mais deve importar o box dos EUA ou da Inglaterra. A versão ianque tem uma embalagem belíssima, que imita um livro e cada filme vem acomodado em uma “página” diferente. A luva tem impressão com um efeito metalizado e é muito resistente. A versão da rainha tem também uma proteção semelhante, porém os filmes vêm em um estojo Digipack, mas que não deixa de ser muito bonito. É essa a versão que serviu de base para a análise a seguir, embora o conteúdo seja o mesmo de todas as citadas acima.

Cada filme vem em duas versões, a que passou no cinema e uma edição especial, contendo novas cenas. Nem sempre isso ajuda a história, mas no caso da quadrilogia Alien é até bem interessante. As resenhas foram feitas com as seguintes versões.

Alien – Edição para o cinema. É melhor que a Versão do Diretor lançada em 2003, porque não contém a cena extra da Ripley queimando o Dallas. A sequência não acrescenta nada à história e ainda atrapalha o ritmo.

Aliens – Edição Especial. Com certeza melhor que a versão para o cinema. Desenvolve melhor os personagens e dá mais motivação pra cada um deles.

Alien³ - Edição Especial. É um filme completamente diferente do que foi lançado nos cinemas. Dá mais ênfase a visão quase artística de David Fincher, que foi obrigado a mutilar seu filme para que tivesse mais apelo às massas.

Alien – Ressurreição – Edição para os cinemas. O quarto é o mais fraco da série e a edição especial consegue ser ainda pior.

Essa série de posts vai cobrir cada um dos 4 filmes separadamente. A intenção é comentar sobre as produções, a qualidade de imagem e áudio e um pouco sobre os extras referentes a eles. Pra começar, o primeiro Alien, uma das obras mais comentadas de ficção científica do cinema.

Alien (1979)

O diretor Ridley Scott havia acabado de surgir no cinema. Seu nome já era conhecido no meio publicitário da Inglaterra, mas seu curriculo como cineasta só continha um filme: “Os Duelistas”, uma história de época, com baixo orçamento, mas muito bem sucedida em mostrar que apesar de novato, Scott sabia impor controle em sua obra. Mesmo assim, seu nome era o menos óbvio possível para dirigir um filme de monstro. Sim, Alien, a origem da franquia não passa muito disso. Os produtores sabiam que se quisessem fazer dessa produção de roteiro de filme B, um verdadeiro sucesso classe A teriam de ousar. Scott aceitou a proposta e criou um dos filmes mais assustadores de todos os tempos.

Sua mão certeira, a fotografia dando privilégio às sombras, a edição precisa na hora dos sustos. Tudo na medida certa para fazer de Alien um filme que, mesmo hoje, não parece tão velho.

Apesar de seu ritmo lento, a película consegue fazer o espectador mais sonolento não desgrudar os olhos da tela.

Com um elenco de atores competentes como Ian Holm, Tom Skerrit e John Hurt, o destaque foi para Sigourney Weaver, interpretando aquela que seria a personagem símbolo da força feminina nos filmes pra homem. A tenente Ripley, heroína da série, serviu de exemplo pra toda uma geração de personagens, incluindo até Sarah Connor, da série Exterminador do Futuro. E, aliás, em termos de força, as duas provavelmente empatam. Aqui, Ripley ainda não é a super-humana dos filmes seguintes, e Weaver, por ser seu papel de estréia, até passa um pouco dessa insegurança pra sua personagem, tornando ainda mais crível suas ações, mesmo que o roteiro de Dan O’Bannon não dê muito tempo para o desenvolvimento da protagonista.

Alien não é um filme perfeito. Talvez seus maiores problemas estejam mesmo no roteiro, recheado de clichês. Porém, a competência de Scott e seu olho certeiro para definir um estilo visual próprio e seu apreço aos detalhes, ajudaram a fazer desta, uma produção que acabou dando muito mais do que poderia.

Vídeo – Alien se beneficia da tecnologia pra se tornar um filme atemporal. A qualidade desta transferência em Blu-Ray é assustadora. A impressão é de que Ridley Scott o dirigiu este ano, de tantos detalhes que agora aparecem em alta definição. Os poros de John Hurt? Estão lá, junto com suor e sujeira. A textura metálica dos compartimentos da nave? Visíveis como se estivessem ao alcance do toque do espectador. A umidade, os detalhes mais gosmentos da criatura, tudo com uma qualidade nunca antes vista. E o melhor, sem nenhum tipo de filtro visível para adequação da imagem. A granulação da película, típica da época em que o filme foi feito, aparece exatamente nas cenas em que é esperada. Não há, pelo menos, visivelmente, nenhum edge enhancement pra realçar detalhes. A remasterização foi feita com o maior cuidado pra que o fã, já acostumado a ver esse filme incontáveis vezes, pudesse se surpreender com a qualidade.

Áudio – Com certeza, Alien não será um filme pra você exibir as capacidades de seu home theater. Apesar de ser louvável a remasterização do som, pela época em que foi feito, não há grandes efeitos a serem notados. Porém, a claridade do áudio nos diálogos e em alguns efeitos sonoros cênicos realmente impressiona. A trilha de Jerry Goldsmith, que em momentos chega a ser minimalista a ponto de se confundir com o “som” grave e atmosférico do espaço, é uma grata surpresa, pois agora, talvez pela primeira vez, se faz notar. Enfim, não é ainda no primeiro filme que a faixa de áudio vai fazer bonito e botar sua sala abaixo. Essa tarefa com certeza caberá a seus sucessores.

Extras – O box contém 2 discos recheados de extras, além das faixas de comentário no disco do filme. No disco 5, a seção destinada a Alien contém um documentário completíssimo, dirigido por Charles de Lauzirika, também responsável pelo making of de Blade Runner, que traz informações relevantes para o entendimento do processo de produção do filme. Os depoimentos, que vão desde os mais entusiasmados, até os desabafos da dupla de roteiristas, Dan O’Bannon e Ronald Shusset, ao perceberem que a obra não era mais deles, e sim dos produtores que compraram a história. É comovente a sinceridade de O’Bannon ao relatar o que sentiu ao ver o filme pela primeira vez.

Pra quem se interessa pelo departamento de arte de um filme, esse making of também é um prato cheio ao esmiuçar todos os passos da criação de cenários, da nave e da criatura. Aliás, com entrevistas com H.R. Giger, o artista plástico suíço responsável pelo visual do Alien, até hoje assustador e perturbador.

Além deste documentário, que não é inédito, já constava da edição dupla em DVD do filme, há também vários featurettes, provavelmente sobras da edição do making of que ajudam a aprofundar ainda mais na produção. Há também cenas excluídas e o teste de personagem de Sigourney Weaver, que demonstra a insegurança da atriz, mas também o começo da caracterização de Ripley como o cinema veio a conhecer.

No disco 6, um vasto material de divulgação da época, além de várias artes conceituais de cenas, cenários, figurino e naves.

Enfim, para o fã do filme original, tudo neste box é um prato cheio. A qualidade da imagem, o som, os extras. É um material para colecionadores reunido em sua totalidade, pela primeira vez. Provavelmente não existe mais nada a ser acrescentado a respeito do filme, fazendo dessa a edição definitiva de um filme que fez história e que criou uma legião de seguidores, fiéis até hoje ao seu estilo, direção e, claro, sua capacidade de fazer assustar.

Em breve, a resenha de Aliens, o segundo filme, agora dirigido por James Cameron que trouxe novos ares à franquia. Aguarde!

Continua...
 
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