O documentário dirigido pelo cineasta (na verdade diretor de comerciais) Marty DiBergi acompanha a banda em uma turnê pelos Estados Unidos, registrando todos os momentos dos altos e baixos (mais baixos do que altos) do que na verdade é um grupo de artistas com fama decadente, passando por situações hilárias. Claro que tudo é um pretexto para satirizar os estereótipos da cena roqueira da época, passando pelas letras estúpidas demais para não serem geniais, o famoso conflito de egos na liderança da banda, o contato com os empresários e esposas, as respostas vagas em entrevistas, performances teatrais em palco, etc.
O humor do filme funciona por fazer comédia em cima de situações deste cenário, algo que apesar de ter possivelmente influenciado o brasileiro Massacration, é menos pastelão, acertando no tom. É claro que algo que influencia muito para o carisma dos personagens é o fato de que os atores são realmente músicos e compuseram as músicas e tocaram todos os instrumentos. Logo, não fica aquela coisa falsa, mostrando que eles entendem mesmo do assunto de que estão fazendo piada.
Spinal Tap nos anos 60: "Listen to the Flower People"
O filme logo se tornou cult, tanto para cinéfilos quanto para os roqueiros (apesar de não ser tão conhecido no Brasil, talvez devido à fraca distribuição do filme por aqui). E não é para menos. Os 80 minutos de "This is Spinal Tap" deixaram muitas cenas antológicas na memória da cultura pop. O exército de baixos na clássica Big Bottom (é possível encontrar diversos covers dessa música no Youtube e no Soulseek), o amplificador de Nigel que vai até o 11 pra dar aquele grau a mais, a capa toda preta do álbum "Smell The Glove" e a reprodução do monumento de Stonehenge no palco durante a música de mesmo nome (uma das cenas mais hilárias do filme) são alguns exemplos de cenas que viraram referências na cultura pop.
Outro ponto que merece destaque são as músicas do Spinal Tap. Mesmo feitas para serem paródias de um gênero musical, elas não deixam nada a desejar e acabam entrando para o repertório de qualquer hard rocker. Só para sentir o drama, a primeira música que é tocada no filme ("Tonight I'm Going to Rock You") é uma das "fases secretas" do aclamado jogo Guitar Hero 2. O sucesso da trilha sonora do filme levou o grupo a gravar mais um disco do Spinal Tap, em 1992, "Break Like the Wind", com participações de Cher, Slash, Joe Satriani e Jeff Beck. Além disso, a banda lança de tempos em tempos uma música nova na Internet. Em 2000, lançaram a música "Back from the Dead", acompanhada de uma turnê pelos Estados Unidos e Europa.
O amplificador de Nigel: "Porque 11 é maior que 10!"
Por esses e outros motivos, "This is Spinal Tap" é um filme altamente recomendado para quem gosta de rock n' roll e filmes cult de comédia. Procure na locadora, e se não encontrar, procure você sabe onde... ;) Mas enquanto você não faz isso, assista à mais recente reunião da banda: no dia 7/7/7 em Londres, no Live Earth, onde tocaram para milhares de pessoas o hit "Stonehenge" (com mais uma tentativa de erguer o monumento no palco), a nova música "Warmer than Hell" (falando de aquecimento global no estilo Spinal Tap) e o clássico Big Bottom (acompanhados de um monte de músicos das outras bandas do evento, todos tocando baixo, incluindo o Metallica).