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Pérolas da Dublagem - O Lado Sombrio Dessa Arte

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  • sexta-feira, 10 de junho de 2011
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  • Alexandre Luiz
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  • A dublagem brasileira é uma das melhores do mundo. Isso não é achismo, é fato. Porém, como Guilherme Briggs, um dos dubladores mais reconhecidos do Brasil, sempre diz, como em toda área, existe tanto o bom profissional como também o ruim.


    Além de ser uma questão de interpretação, para a dublagem ser bem sucedida, é preciso uma boa adaptação da língua original, para o idioma a ser dublado. Pra isso, é óbvio que, além de sensibilidade pra determinar se essa ou aquela expressão está adequada, é fundamental um trabalho de pesquisa, principalmente em casos de filmes ou desenhos que adaptam obras já conhecidas e traduzidas para o idioma em questão.


    Apenas quem não entende isso, generaliza e sai por aí dizendo que dublagem é um absurdo. É compreesível que em filmes cuja interpretação do ator fique em primeiro plano, haja a preferência pelo som original, pois obviamente, por melhor que seja o dublador, ele nunca passará pelo mesmo processo de constução da voz que o ator passou. Porém, em casos como longas mais descompromissados cujos intérpretes são mais limitados, a dublagem pode até favorecer o filme. É o caso da clássica dublagem de Duro de Matar, que pode não conter o famoso "Yppie-Ki-Yay, Motherfucker", proferido por John McClane no original, mas tem o competente trabalho de Newton da Matta, por vários anos, dublador oficial de Bruce Willis.


    Sem dúvidas, a dublagem é melhor aceita pelo público geral nos desenhos animados. Mas, há algum tempo, mais precisamente antes dos anos 2000, as adaptações para o português deixavam muito a desejar.


    Pegue como exemplo o clássico desenho animado dos X-Men. Você que está lendo este texto provavelmente cresceu assistindo o seriado, nas manhãs da Globo e se lembra da voz marcante do Wolverine, feita pelo incrível Isaac Bardavid. O que você não deve se lembrar é que apesar das vozes serem excelentes, a adaptação do texto tinha problemas gritantes. Em vários momentos havia tradução literal de uma frase que não fazia o menor sentido em português. Isso sem contar nos problemas com pesquisa. Bom, na verdade, "problemas" implicaria no fato de que foi feita alguma pesquisa, o que provavelmente não foi o caso aqui. Vários personagens tiveram seus codinomes alterados por falta de tradução (Omega Vermelho ficou Omega Red e Fanático continuou Juggernaut mesmo) ou por adaptação errada (Bishop foi traduzido pra Bispo e a Saga DA Fênix ficou conhecida como Saga DO Fênix).


    Pelo menos em X-Men não houve nada bizarro como o próximo exemplo: a série animada do Homem-Aranha. Pegando carona no sucesso dos mutantes, a Marvel lançou esse desenho, muito bom, que adaptava as melhores histórias do Escalador de Paredes. A dublagem ficou a cargo da recentemente extinta Álamo, que fez um trabalho sofrível tanto na escolha das vozes, quanto na adaptação. Na segunda temporada, o Aranha tem seu primeiro encontro com os X-Men, com direito à música-tema do desenho-irmão e tudo. O problema? Simples. Mesmo com o tremendo sucesso dos Filhos do Átomo, conseguiram o feito de traduzir o Fera pra Animal, e o Wolverine para... LOBÃO! Não estou brincando. Alguns episódios depois, é o Demolidor quem dá as caras pelo desenho. Ou, como ele é chamado aqui, o Atrevido. O Justiceiro virou Vingador e a Madame Teia nunca teve um nome fixo. As vezes era Madame Web, outras, Dama da Teia e no fim acabaram acertando no nome. Há também os erros de leitura, única explicação pro Soro do Supersoldado (aquele mesmo que transformou Steve Rogers em Capitão América) virar Soro Supersólido (imagine a dor pra tomar) ou pro Simbionte (o uniforme negro) virar Simbiate. Desconfio que a dublagem tenha sido feita a partir do áudio em espanhol. Explicaria algumas barbaridades mas não justifica a falta de interesse em pesquisar um pouquinho.


    Por conta da popularização de quadrinhos, hoje é praticamente inexistente esse desrespeito com a obra. E as pérolas citadas aqui ficam como lição pros futuros profissionais da área. Não custa fazer uma pesquisa antes pra não confundir Langley, local onde fica a base da CIA, com o nome de alguma pessoa. Como toda profissão, a sua boa aceitação sempre virá quando o trabalho for bem feito e a maioria dos profissionais for competente e qualificada.


    4 comentários:

    Flávio Gaymes disse...

    Com todo o respeito ao pessoal da Álamo, mas pelo menos em seu início, ela era no máximo sofrível... Vejamos:

    Anos Incríveis - em um único episódio, uma garota chama o inspetor de colégio de "Que salsicha". Do inglês "What a wiener". Wiener, claro, é salsicha, mas uma gíria não muito difícil para "Que babaca/idiota/etc...". No mesmo episódio, várias outras adaptações que não fazem sentido para nós, mas são da cultura americana (passáveis vai).

    Doug - Simplesmente esqueceram de traduzir. Quando Doug fala "o responsável por isso foi... o government". Preciso traduzir?

    Creio existirem muitos outros erros, infelizmente. Espero que a Álamo tenha melhorado depois disso.

    Erick Vinícius disse...

    Isso me faz lembrar o podcast do Aracnofã de Outubro, justamente sobre os desenhos animados do Aranha (com certo destaque para várias pérolas da dublagem)
    http://www.aracnofa.com.br/blog/index.php/2011/10/14/thwip-cast-002-as-series-animadas-do-aranha/

    Fernanda Lizardo disse...

    Há alguns dias vi uma pérola destas no filme "Os vampiros que se mordam" (Vampire suck, no original). Em determinado momento havia um personagem que seria um vampiro mendigo segurando uma plaquinha na rua: "Will work for blood" (menção ao "Will work for food"). Então veio a voz sobreposta do narrador, com a "tradução": "Will trabalha por sangue".

    juh disse...

    os episódios da marvel até que eram aceitaveis. Mas os animes japoneses dublados eram e até hoje são terriveis as vozes chegam a ser totalmente sem noção.
    O unico que se salvou foi Dragon ball
    espero que eles melhorem muito naruto, aquela voz do dublador do naruto da dor de cabeça.

     
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