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Crítica: Stardust

O segredo de Stardust não é ser uma adaptação de um livro de Neil Gaiman. É ser uma adaptação dirigida por um inglês, Matthew Vaughn. Afinal, ter um americano interpretando ironias e sutilezas escritas por um conterrâneo de Shakespeare é como ter um elefante cuidando de seu jardim. Não que Stardust, o filme, seja extremamente fiel à obra original. Mas se mantém fiel ao espírito do texto, garantia de entretenimento de qualidade, como há muito não se vê.

Ouso dizer que filme de fantasia melhor que Stardust, apenas Senhor dos Anéis. Pra quem leu o livro e consegue entender o que é uma adaptação e o que é uma transposição literal, a película funciona tão bem quanto para quem não está familiarizado com a história, mas cresceu assistindo Feitiço de Áquila ou A Lenda na Sessão da Tarde. Sim. Stardust traz de volta muitos elementos de fantasias oitentistas. Um ponto mais que positivo. E engana-se quem acha que fantasia é só pra crianças. Apesar de não ser adulta como o livro, a produção não é nada infantil.

O novato Charlie Cox interpreta Tristan Thorn, jovem ingênuo e apaixonado, que ao fazer uma estranha promessa à sua amada é obrigado a atrevessar um muro que separa seu vilarejo do Mundo das Fadas. A promessa em questão é trazer uma estrela cadente. O problema é que a tal estrela é também cobiçada por uma rainha bruxa (Michelle Pfeiffer), que precisa se manter bela e jovem. No meio disso, a origem de Tristan, desconhecida pelo rapaz, mas que mudará seu destino para sempre.

Apesar de vários elementos omitidos pelo roteiro, como o background familiar do personagem principal, e outros adicionados, como a orientação sexual do Capitão Shakespeare, os fãs de Neil Gaiman não podem reclamar. Principalmente porque o próprio escritor deu seu aval à essas mudanças. Falando no Capitão pirata, graças a seu intérprete, o personagem ganhou mais "tempo de tela" e mais importancia do que realmente tem. Também pudera, ele é ninguém menos que Robert De Niro, que depois de descobrir como é legal tirar sarro de si mesmo, se tornou um ator muito mais carismático do que era (e olha que isso não é pouca coisa!).

Quem rouba a cena também é Michelle Pfeiffer, que deve ter descoberto alguma estrela cadente por aí, pra se manter bela, mesmo com a idade já mostrando algumas marcas.

Provavelmente um dos melhores filmes do ano, Stardust abre as portas para Neil Gaiman nos cinemas. Agora, com Beowulf, filme roteirizado por ele, seu nome começa a surgir em Hollywood com mais frequência, quem sabe garantindo mais adaptações competentes de suas obras como Sandman, Livros de Magia e Morte. Essa última já garantida como a estréia de Gaiman na cadeira de cineasta. É esperar pra ver.

Continua...
 
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