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Crítica: As Crônicas de Nárnia: Príncipe Caspian

É uma tradição. O segundo filme quase sempre é mais sombrio que o primeiro. Seja nos temas, na quantidade de violência ou no próprio clima proposto pelo diretor. Em Príncipe Caspian, novo exemplar da franquia Crônicas de Nárnia, isso não é diferente.

Na história, os órfãos do primeiro filme estão novamente na Inglaterra. No mundo real, apenas 1 ano se passou, mas em Nárnia foram 1300 anos desde que os irmãos abandonaram o trono que lhes era de direito. Os animais falantes foram quase extintos, assim como a maioria dos habitantes mágicos. Agora são os humanos que proliferam, governados pelo cruel Regente Lorde Miraz, que ao nascimento de seu primogênito ordena o assassinato do próprio sobrinho, Príncipe Caspian, legítimo herdeiro do trono. Na fuga, o jovem príncipe inadvertidamente toca a trombeta de Suzana, fazendo com que ela, Pedro, Edmundo e Lucia, voltem a Nárnia. Unindo-se a Caspian, os irmãos lideram uma rebelião para trazer de volta a justiça ao mundo mágico.

Até a maneira que o filme começa já anuncia a mudança no visual mais limpo do primeiro filme. A sequência que mostra a fuga do príncipe se passa a noite, no meio de rios e florestas, que juntos foram um cenário um tanto assustador, levando em conta que este é um filme voltado para crianças.

Porém, o que funciona muito bem em livros, no cinema é um tanto estranho: não da pra levar muito a sério um filme (e o roteiro leva a história muito a sério, mesmo com sequências cômicas) que mostra ratinhos espadachins ou doninhas lutando numa batalha com soldados humanos. Talvez por isso a primeira produção não tenha convencido tanto a crítica, que esperava algo parecido com Senhor dos Anéis. Pelo menos neste segundo filme, as batalhas envolvem mais personagem humanos e menos bichinhos bonitinhos, o que também torna as sequências mais violentas, já que temos um pouco, algumas gotas, pra ser mais exato, de sangue, desta vez.

Outro fator que atrapalha é a falta de habilidade do diretor Andrew Adamson em dirigir os atores mirins. Isso porque Adamsom vem do mundo das animações em 3D (Shrek e Shrek 2). Talvez explique inclusive que os personagens animados, tanto do primeiro como do segundo Crônicas de Nárnia, tenham mais profundidade do que os humanos. Um pouquinho mais de tato da parte dele não teria deixado o ator William Moseley, que interpreta Pedro, ficar bicudo o tempo todo pra demonstrar rebeldia adolescente.

No resultado geral, Principe Caspian é até melhor que o primeiro por ousar um pouco mais ao ser mais sombrio e não ficar muito preso à referências bíblicas que C.S. Lewis usou nos livros. Mas ainda, ao final da exibição, fica aquela sensação de que precisava de algo mais. Talvez os próximos filmes convençam mais, já que para o terceiro, Michael Apted já teve o nome divulgado como diretor. Este sim, acostumado a dirigir pessoas e não pixels.

Continua...
 
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