d

Confira entrevista de Tim Burton divulgando Sweeney Todd

Posted on
  • quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
  • by
  • Alexandre Luiz
  • in
  • Marcadores:
  •  

    Fonte: Hollywood Watch

    Tim Burton espera que todos tenham um Natal diferente.
    E, para assegurar que assim seja, o diretor de "Beetlejuice - Os Fantasmas se Divertem" (1988), "Batman" (1989), "Edward Mãos de Tesoura" (1990), "A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça" (1999) e "A Fantástica Fábrica de Chocolate" (2005) está entregando um presente especial aos cinéfilos: uma versão para o cinema, cheia de sangue e proibida para menores, do famoso musical de Stephen Sondheim, "Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet" (Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street).
    O ator favorito de Burton, Johnny Depp, interpreta o personagem-título, um barbeiro em busca de vingança que retorna para casa, a Londres do século 19, após anos preso injustamente e que usa suas amadas navalhas para matar seus inimigos, homens cujos corpos se tornam o principal ingrediente das perigosamente deliciosas tortas de carne feitas por sua senhoria, a sra. Lovett (Helena Bonham Carter).
    "É sempre divertido fazer algo que não pode ser comparado a nenhuma outra coisa", diz Burton. "Quando começamos a filmar, as pessoas perguntavam, 'Que tipo de musical é?', e eu não tinha como responder. Isso torna tudo mais divertido, não ter uma referência e se sentir em um território diferente."
    "A Dreamworks também sabia disso", ele diz. "E isso é bom. O estúdio conhecia o espetáculo e sabia como seria o filme. Nunca houve qualquer conversa sobre não fazer um filme com a classificação R (classificação americana que proíbe menores de 17 anos de entrarem desacompanhados de pai ou responsável). Nunca houve qualquer conversa sobre abrandá-lo. Na primeira reunião que fizemos nós conversamos sobre o sangue. Eu assisti outras produções onde eles reduziram o sangue e tentaram ser mais politicamente corretos, e as produções sofreram com isso."
    "As raízes de 'Sweeney Todd' estão na tradição do Grand Guignol, que é melodramática, com exagero de sangue, todo esse tipo de coisa. Não é certo tentar ser politicamente correto com algo assim."
    Poucos poderiam negar que Burton é o diretor ideal para capturar "Sweeney Todd" em filme. O lançamento de 21 de dezembro nos Estados Unidos está na praia dele em termos de tom, estilo, direção de arte e humor. De forma apropriada, Burton aparece para a entrevista em um hotel de Londres parecendo um louco, vestido todo de preto, exibindo uma cabeleira desgrenhada e um sorriso sardônico. Seu nariz estava avermelhado por causa de uma gripe e dois dedos torcidos estavam envoltos em bandagem que implorava para ser trocada.
    Burton, 49 anos, mora no norte de Londres, na casa vizinha à de sua companheira de longa data, Helena Bonham Carter, e do filho deles, Billy Ray. Uma segunda criança acaba de nascer.
    Sim, o cineasta mais estranho de Hollywood tornou-se papai de novo, mas não espere que ele comece a fazer filmes do dinossauro "Barney".
    "Algumas pessoas provavelmente esperam que eu faça apenas filmes para crianças", diz Burton, "e não acho que 'Sweeney Todd' seja um filme para criança. Eu não acho que realmente me afete em termos do que faço. Apesar de que, se tiver que ir para alguma terra distante por seis meses ou um ano, isso poderia afetar mais as minhas decisões agora".
    "Isso me afeta pessoalmente, emocionalmente, porque é algo incrível. Enxergar novamente por aqueles olhos, ver a vida de forma fresca e nova, só é de ajuda para você como artista. Isso reenergiza a forma como você vê as coisas, o que é ótimo."
    Não que Burton necessite se reenergizar ou de um lembrete do valor do novo. Mais de vinte anos de uma carreira que teve início com "A Grande Aventura de Pee-Wee" (1985), Burton continua experimentando com novas formas e novos assuntos. "Sweeney Todd" é seu primeiro musical.
    "Obviamente eu nunca fiz algo assim", diz Burton. "As pessoas disseram: 'Vai ser bastante restritivo com toda a música', mas eu, o elenco e a equipe consideramos bastante libertador. A sensação era de que estávamos fazendo um filme mudo com música. Os atores se moviam de forma diferente. Foi divertido. Todo mundo estava na mesma zona."
    "Foi bastante empolgante. Parecia algo novo para mim e eu adoro tal sensação."
    Depp já tocou em bandas e ocasionalmente fez vocais de apoio, mas ele não sabia se daria conta de interpretar as composições exigentes de Sondheim. Ele decidiu gravar "My Friends" por conta própria. Quando um colega lhe disse que a música tinha ficado boa, Depp disse a Burton que podia contar com ele.
    "Quando ele disse que achava que daria conta, eu apenas confiei que ele conseguiria", diz Burton. "Eu nunca tinha ouvido ele cantar. Eu apenas o conheço bem o bastante para saber que não teria dito sim se não fosse capaz. Mas eu não sabia quão bom ficaria."
    Quanto ao sangue, há toneladas dele. Galões e galões dele jorram dos pescoços das pessoas ao longo do filme e é horrível. Mas Burton se refreia levemente no quesito hemoglobina: é sangue cenográfico bastante vermelho que parece mais surreal do que real.
    "Eu voltei ao velho sangue da (produtora inglesa) Hammer", diz Burton. "Eu cresci assistindo aos filmes de horror da Hammer, que usavam sangue bem vermelho. Ele tinha uma certa vibração."
    "O motivo para ter tamanha quantidade de sangue e aquela cor é que esses personagens, especialmente Sweeney, são tão rígidos e contidos. Nós tínhamos menos cor e dessaturado especificamente tudo mais, mas o sangue, ele significava mais uma espécie de liberação. É como uma emoção bem vermelha. E é o que também me lembro da peça."
    "Logo, era essa a minha intenção, uma combinação de teatro e Hammer."
    Por falar em teatro, apesar de Burton naturalmente querer que o público e a crítica compartilhem seu entusiasmo por "Sweeney Todd", o que contou mais para ele foi a análise de um crítico em particular: Sondheim.
    "Eu estava tão nervoso quando mostrei o filme para ele", lembra Burton, rindo. "Eu nunca fiquei tão nervoso. Eu e o editor de música, nós fomos até o pub esperar por ele, para ter a resposta. E ele foi ótimo."
    "Honestamente, eu acho que nunca fiquei tão nervoso mostrando algo para alguém", diz o cineasta. "Mas ele realmente deu bastante apoio. Eu não tinha idéia do que ele acharia, mas ele pareceu realmente ter gostado."
    Burton já tem seus dois próximos filmes agendados e são temas tipicamente atípicos do diretor: ele produzirá e dirigirá uma versão híbrida com atores e animação de "Alice no País das Maravilhas", de Lewis Carroll, e depois produzirá e dirigirá o filme de animação stop-motion "Frankenweenie", um longa-metragem baseado em seu curta de 1984, sobre um menino que reanima seu cachorro morto.
    Apenas mais um dia de trabalho para um dos últimos de uma raça em extinção em Hollywood: um cineasta que faz seus filmes ao seu modo, por mais estranhos que sejam.
    "Graças a Deus a indústria cinematográfica é maluca", diz Burton. "São todos um bando de sociopatas. É um pouco de sorte. Não é uma ciência exata. Se você tiver sorte de ter um certo número de sucessos, isto lhe assegura um pouco de tempo e liberdade. Isto muda um pouco as coisas. Mas eu sempre tentei ser responsável com meus orçamentos e dar o melhor de mim."
    "Você se sente um pouco como um tubarão, se movendo abaixo do radar e apenas seguindo em frente."

    0 comentários:

     
    Copyright (c) 2010 Blogger templates by Bloggermint