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Resenha Blu-Ray - Alien Anthology parte 1

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  • quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
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  • Alexandre Luiz
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  • A franquia Alien é uma mina de ouro pra Fox. O estúdio já lançou incontáveis vezes os filmes em praticamente todos os formatos que tentaram dominar o mercado de Home Video: VHS, LaserDisc e DVD. Agora, chega a sua edição definitiva com a popularização do Blu-Ray e da alta definição. E vem acompanhada de muitos materiais extras, alguns já lançados nas edições anteriores, outros inéditos, divididos em 2 discos do box que vão tomar muito tempo dos fãs: são 60 horas de entrevistas, bastidores, materiais de divulgação , comentários em áudio e tudo que uma coleção desse porte tem direito.

    No Brasil foram lançadas duas edições de Alien Anthology. Uma, limitadíssima e já esgotada das lojas é a Edição Ovo, em que os filmes vem acomodados em uma réplica do ovo alienígena muito bem feita. Coisa pra colecionador mesmo. Já a outra é um box simples, enluvado porcamente por papelão. Para embalar os filmes, dois estojos simples sem nenhum atrativo pra quem quer deixar a estante mais bonita. Coisa pra quem gosta dos filmes e não liga muito pra itens colecionáveis. O problema, que a Fox e outros estúdios não entendem, é que o formato de alta definição não tem como público alvo o consumidor médio, mas sim quem se importa em dar um destaque pra coleção e além disso, aqueles que adoram cinema e querem conferir uma produção importante como Alien na qualidade mais próxima possível daquela visualizada por seu diretor (ou diretores, estamos falando de uma franquia). O pior de tudo é que esse box mais simples veio para o Brasil a um preço que pode até refletir a importância da série, mas de forma algum reflete o cuidado destinado a sua embalagem. Reclamações a parte, quem quiser algo mais deve importar o box dos EUA ou da Inglaterra. A versão ianque tem uma embalagem belíssima, que imita um livro e cada filme vem acomodado em uma “página” diferente. A luva tem impressão com um efeito metalizado e é muito resistente. A versão da rainha tem também uma proteção semelhante, porém os filmes vêm em um estojo Digipack, mas que não deixa de ser muito bonito. É essa a versão que serviu de base para a análise a seguir, embora o conteúdo seja o mesmo de todas as citadas acima.

    Cada filme vem em duas versões, a que passou no cinema e uma edição especial, contendo novas cenas. Nem sempre isso ajuda a história, mas no caso da quadrilogia Alien é até bem interessante. As resenhas foram feitas com as seguintes versões.

    Alien – Edição para o cinema. É melhor que a Versão do Diretor lançada em 2003, porque não contém a cena extra da Ripley queimando o Dallas. A sequência não acrescenta nada à história e ainda atrapalha o ritmo.

    Aliens – Edição Especial. Com certeza melhor que a versão para o cinema. Desenvolve melhor os personagens e dá mais motivação pra cada um deles.

    Alien³ - Edição Especial. É um filme completamente diferente do que foi lançado nos cinemas. Dá mais ênfase a visão quase artística de David Fincher, que foi obrigado a mutilar seu filme para que tivesse mais apelo às massas.

    Alien – Ressurreição – Edição para os cinemas. O quarto é o mais fraco da série e a edição especial consegue ser ainda pior.

    Essa série de posts vai cobrir cada um dos 4 filmes separadamente. A intenção é comentar sobre as produções, a qualidade de imagem e áudio e um pouco sobre os extras referentes a eles. Pra começar, o primeiro Alien, uma das obras mais comentadas de ficção científica do cinema.

    Alien (1979)

    O diretor Ridley Scott havia acabado de surgir no cinema. Seu nome já era conhecido no meio publicitário da Inglaterra, mas seu curriculo como cineasta só continha um filme: “Os Duelistas”, uma história de época, com baixo orçamento, mas muito bem sucedida em mostrar que apesar de novato, Scott sabia impor controle em sua obra. Mesmo assim, seu nome era o menos óbvio possível para dirigir um filme de monstro. Sim, Alien, a origem da franquia não passa muito disso. Os produtores sabiam que se quisessem fazer dessa produção de roteiro de filme B, um verdadeiro sucesso classe A teriam de ousar. Scott aceitou a proposta e criou um dos filmes mais assustadores de todos os tempos.

    Sua mão certeira, a fotografia dando privilégio às sombras, a edição precisa na hora dos sustos. Tudo na medida certa para fazer de Alien um filme que, mesmo hoje, não parece tão velho.

    Apesar de seu ritmo lento, a película consegue fazer o espectador mais sonolento não desgrudar os olhos da tela.

    Com um elenco de atores competentes como Ian Holm, Tom Skerrit e John Hurt, o destaque foi para Sigourney Weaver, interpretando aquela que seria a personagem símbolo da força feminina nos filmes pra homem. A tenente Ripley, heroína da série, serviu de exemplo pra toda uma geração de personagens, incluindo até Sarah Connor, da série Exterminador do Futuro. E, aliás, em termos de força, as duas provavelmente empatam. Aqui, Ripley ainda não é a super-humana dos filmes seguintes, e Weaver, por ser seu papel de estréia, até passa um pouco dessa insegurança pra sua personagem, tornando ainda mais crível suas ações, mesmo que o roteiro de Dan O’Bannon não dê muito tempo para o desenvolvimento da protagonista.

    Alien não é um filme perfeito. Talvez seus maiores problemas estejam mesmo no roteiro, recheado de clichês. Porém, a competência de Scott e seu olho certeiro para definir um estilo visual próprio e seu apreço aos detalhes, ajudaram a fazer desta, uma produção que acabou dando muito mais do que poderia.

    Vídeo – Alien se beneficia da tecnologia pra se tornar um filme atemporal. A qualidade desta transferência em Blu-Ray é assustadora. A impressão é de que Ridley Scott o dirigiu este ano, de tantos detalhes que agora aparecem em alta definição. Os poros de John Hurt? Estão lá, junto com suor e sujeira. A textura metálica dos compartimentos da nave? Visíveis como se estivessem ao alcance do toque do espectador. A umidade, os detalhes mais gosmentos da criatura, tudo com uma qualidade nunca antes vista. E o melhor, sem nenhum tipo de filtro visível para adequação da imagem. A granulação da película, típica da época em que o filme foi feito, aparece exatamente nas cenas em que é esperada. Não há, pelo menos, visivelmente, nenhum edge enhancement pra realçar detalhes. A remasterização foi feita com o maior cuidado pra que o fã, já acostumado a ver esse filme incontáveis vezes, pudesse se surpreender com a qualidade.

    Áudio – Com certeza, Alien não será um filme pra você exibir as capacidades de seu home theater. Apesar de ser louvável a remasterização do som, pela época em que foi feito, não há grandes efeitos a serem notados. Porém, a claridade do áudio nos diálogos e em alguns efeitos sonoros cênicos realmente impressiona. A trilha de Jerry Goldsmith, que em momentos chega a ser minimalista a ponto de se confundir com o “som” grave e atmosférico do espaço, é uma grata surpresa, pois agora, talvez pela primeira vez, se faz notar. Enfim, não é ainda no primeiro filme que a faixa de áudio vai fazer bonito e botar sua sala abaixo. Essa tarefa com certeza caberá a seus sucessores.

    Extras – O box contém 2 discos recheados de extras, além das faixas de comentário no disco do filme. No disco 5, a seção destinada a Alien contém um documentário completíssimo, dirigido por Charles de Lauzirika, também responsável pelo making of de Blade Runner, que traz informações relevantes para o entendimento do processo de produção do filme. Os depoimentos, que vão desde os mais entusiasmados, até os desabafos da dupla de roteiristas, Dan O’Bannon e Ronald Shusset, ao perceberem que a obra não era mais deles, e sim dos produtores que compraram a história. É comovente a sinceridade de O’Bannon ao relatar o que sentiu ao ver o filme pela primeira vez.

    Pra quem se interessa pelo departamento de arte de um filme, esse making of também é um prato cheio ao esmiuçar todos os passos da criação de cenários, da nave e da criatura. Aliás, com entrevistas com H.R. Giger, o artista plástico suíço responsável pelo visual do Alien, até hoje assustador e perturbador.

    Além deste documentário, que não é inédito, já constava da edição dupla em DVD do filme, há também vários featurettes, provavelmente sobras da edição do making of que ajudam a aprofundar ainda mais na produção. Há também cenas excluídas e o teste de personagem de Sigourney Weaver, que demonstra a insegurança da atriz, mas também o começo da caracterização de Ripley como o cinema veio a conhecer.

    No disco 6, um vasto material de divulgação da época, além de várias artes conceituais de cenas, cenários, figurino e naves.

    Enfim, para o fã do filme original, tudo neste box é um prato cheio. A qualidade da imagem, o som, os extras. É um material para colecionadores reunido em sua totalidade, pela primeira vez. Provavelmente não existe mais nada a ser acrescentado a respeito do filme, fazendo dessa a edição definitiva de um filme que fez história e que criou uma legião de seguidores, fiéis até hoje ao seu estilo, direção e, claro, sua capacidade de fazer assustar.

    Em breve, a resenha de Aliens, o segundo filme, agora dirigido por James Cameron que trouxe novos ares à franquia. Aguarde!

    1 comentários:

    Adelson Junior disse...

    Parabéns pelo resenha... completa e gradável de ler...

    Assim que puder comprarei o Box, agora com mais confiança de estar fazendo um bom negócio...

    Obrigado!

     
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