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The Cape - O herói pulp do século 21

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  • terça-feira, 18 de janeiro de 2011
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  • Alexandre Luiz
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  • Nos anos 30, livros de bolso, impressos em papel vagabundo, com conteúdo não muito bem visto na época, faziam certo sucesso entre jovens e adultos que buscavam histórias recheadas de mistério e aventura. Dessas publicações saíram personagens como Zorro, O Sombra e o Besouro Verde, além de histórias policiais que serviriam de base para os filmes noir da década seguinte. Esses livros eram chamados de Pulp Fiction (agora você sabe de onde veio a inspiração do Tarantino) e ajudaram a formatar alguns estereótipos para os heróis de quadrinhos que surgiriam dali alguns anos. Batman, Fantasma, Mandrake, Spirit, Doc Savage. São inúmeros os personagens de raíz pulp que ao longo do tempo acabaram adquirindo outras características mas ainda se mantém fiéis às suas origens.

    Toda essa introdução se faz necessária para que se possa entender a proposta do seriado The Cape, a nova aposta do canal norte-americano NBC. Com o fracasso de Heroes, que tentava mostrar (pelo menos nos primeiros episódios) como seria nosso mundo se pessoas com super-poderes começassem a aparecer, a emissora agora tenta focar em uma ambientação nitidamente voltada para os quadrinhos. O visual, os diálogos e os personagens carregam todos os clichês que se espera de uma HQ. E não há nada de errado nisso, quando feito com competência.

    No início da década de 90, a Warner produziu um seriado de apenas uma temporada do Flash. Com uma direção de arte impecável, inspirada pelo primeiro Batman de Tim Burton, a série agregou certo sucesso, mas precisou ser cancelada por causa do altíssimo custo de sua produção. Esse é um bom exemplo de como se posicionar como adaptação de quadrinhos sem se envergonhar disso. Em nenhum momento o seriado do Flash tentava ser realista. E funcionava assim. E aí está o principal problema de The Cape. Quando a série se solta e se permite ter os elementos de uma HQ, ela se sai bem. Mas aí do nada, ela se reprime e tenta ficar em cima do muro, e falha.

    A trama é pulp ao extremo. Temos uma cidade dominada por um chefão do crime misterioso. Um policial honesto é injustamente incriminado e em sua fuga é dado como morto. Pra se vingar, tentar provar sua inocência e, com isso, retornar à sua família, adota a identidade de The Cape, um herói de quadrinhos que seu filho idolatra. Os vilões são caricatos como devem ser numa produção com essa proposta, o clima aventuresco aparece quando necessário, mas ainda falta um elemento maior de diversão. Uma característica daquele estilo dos anos 30 era que ao final da história, você se sentia aliviado, pois o bem vencia o mal e mesmo com todo o mistério do decorrer da história, o desfecho era leve pra balancear o suspense. O problema de The Cape é que o personagem é amargurado demais e que é mais fácil terminar o episódio deprimido. Talvez no decorrer dessa temporada, isso mude e o herói passe a entender melhor sua condição e a aceite.

    Resta saber se a NBC vai acertar. Com apenas 2 episódios exibidos ainda é cedo pra dizer isso, mas como toda emissora os resultados têm que ser imediatos ou a série pode ter um fim prematuro como teve o Flash. Será que a audiência moderna, acostumada à moda de heróis do mundo real vai aceitar um seriado mais calcado na fantasia? Nem O Sombra sabe!

    Veja abaixo o trailer de The Cape, que chega ao Brasil pelo Universal Channel em 11 de fevereiro.

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