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  • sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
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  • Alexandre Luiz
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  • Você já deve ter se deparado, alguma vez na vida, com um filme lançado em várias versões. Tem Versão do Diretor, Estendida, Sem Censura, Versão Final, e, alguns casos recentes, Versão do Produtor! São tantas variações do mesmo filme que não admira em breve os lançamentos conterem até versão do faxineiro que estava passando pela ilha de edição. Mas afinal, qual a diferença entre todas essas edições?

    Talvez o primeiro diretor a se beneficiar de uma reedição tenha sido James Cameron. Lá no começo dos anos 90, três de seus filmes ganharam versões mais longas: Aliens - O Resgate, O Segredo do Abismo e Exterminador do Futuro 2. Em todos os casos, a inclusão de novas cenas trouxe mais à história, dando profundidade e desenvolvimento aos personagens. No caso de Cameron, os estúdios responsáveis tinham, na época, a mentalidade de que filmes longos davam prejuízo. Isso o fez remover cenas que poderiam deixar as produções menos comerciais. Quando do lançamento para Home Video, além da óbvia oportunidade de se ganhar mais dinheiro, Cameron também viu a chance de mostrar ao público as produções que ele tinha intenção de ter lançado. Nada de errado com isso, principalmente quando os longas ficaram melhores com essa decisão.

    Na metade dos anos 90, Ridley Scott aderiu à moda e lançou a sua Versão do Diretor para Blade Runner - O Caçador de Andróides. Com a alteração mais significativa sendo a remoção da famigerada narração de Deckard (Harrison Ford), o filme ficou inclusive 1 minuto mais curto. Também é um exemplo de melhora da obra. O problema é que Scott se acostumou com a coisa. Praticamente todos os seus filmes lançados na primeira década dos anos 2000 ganharam reedições e, excluindo Cruzada, nenhuma dessas versões diferentes de seus longas ficaram realmente melhores.

    Essa mania de Scott fez os estúdios também adotarem a moda de múltiplos lançamentos do mesmo filme e aí a coisa desandou. São tantos casos que fica mais fácil dizer quais realmente funcionaram. O primeiro exemplo é a trilogia Senhor dos Anéis que ganhou sua Versão Estendida. Reparem no nome, não é versão do diretor. Essa, foi a lançada nos cinemas. A Estendida contém cenas a mais, que realmente ajudam os filmes, mas não refletem exatamente o que Peter Jackson queria ter lançado nos cinemas. É um caça-níqueis que deu certo, porque o que foi adicionado não atrapalhou em nada o ritmo e ainda explicou um monte de coisas que só os fãs sabiam. Em termos de Versão do Diretor, o filme que adapta o herói da Marvel, Demolidor, é também um exemplo válido. A edição que saiu nos cinemas não agradou a crítica que reclamou da falta de história. Como a Fox fez o cineasta Mark Steven Johnson remover um subplot inteiro do filme para o lançamento em tela grande, o estúdio, novamente em um atitude caça-níqueis, deu ao diretor a chance de lançar a sua versão. Resultado: a crítica especializada em grande maioria deu o braço a torcer, elogiando o filme e reclamando do porquê essa edição não ter sido lançada antes. A Fox que não é boba nem nada, acabou decidindo por, sempre que pudesse, lançar o mesmo filme duas vezes. Fez isso com Elektra em um versão sem censura. O nome já é chamativo, dá impressão de conter imagens fortes como violência e sexo. Nada disso. No caso desse filme, simplesmente colocaram alguns minutos a mais e lançaram o DVD sem passar pelo órgão americano que estipula a censura. Achou sacana? Em Quarteto Fantástico, o mesmo estúdio lançou uma versão estendida, com cenas deletadas que já haviam sido mostradas no primeiro lançamento e, o pior, algumas sem os efeitos completados.

    A Sony também soube capitalizar em cima dos fãs de quadrinhos. Lançou uma versão estendida do filme do Justiceiro com Thomas Jane e John Travolta. O que já não era tão bom não melhorou e nem piorou, só ficou mais longo em mais um caso de edição porca. As cenas incluídas são visivelmente diferentes por não terem passado pelo mesmo processo de pós-produção. E, como simplesmente jogaram essas cenas no meio da história, existem até erros de continuidade que não existiam na versão anterior. Motoqueiro Fantasma, do mesmo diretor de Demolidor também ganhou da Sony um lançamento estendido. Infelizmente significou mais cenas com o que menos deu certo no filme: a interpretação de Nicolas Cage.

    Em 2010, inúmeros filmes foram lançados em edições estendidas e talvez o mais notável seja Salt, o thriller de espionagem com Angelina Jolie. Seu blu-ray contém 3 versões: a de cinema, a sem censura (mesma ladainha da Elektra) e a versão dos produtores! Sim, os produtores, executivos da indústria que geralmente não entendem nada de cinema, agora ganharam a chance de mostrar como o filme teria sido se tivessem dado ouvidos a eles. Entenda isso como quiser. Esquadrão Classe A, Karatê Kid, Corrida Mortal 2, enfim, a lista segue. E quem quer assistir seus filmes preferidos, as vezes acaba gastando dinheiro duas vezes e ainda tem que decidir qual versão é melhor entre várias que por mais cenas que adicionem, não acrescentam nada a um roteiro medíocre.

    Dica: confira o site Movie-Censorship.com e conheça as várias versões de um mesmo filme (em inglês).

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