A película do ex-Monty Python é uma sátira de humor negro em cima de obras como 1984, que mostram um futuro onde a sociedade vive à mercê de uma burocracia exagerada, bem na linha que os escritores ingleses adoram criticar. Embora em Brazil não exista a figura do "big brother" de George Orwell, a opressão é o sistema em si, em que promoções valem muito mais pelo status do que pela real importância do trabalho.
Mesmo hoje, ou ainda, principalmente hoje, a ácida visão de Gilliam é muito relevante e proporciona momentos hilários, mas ao mesmo tempo, de reflexão sobre onde a sociedade pode chegar ao se deixar mandar por convenções e regras absurdas de comportamento.
Só nisso, o filme de Gilliam é muito mais relevante que o de Snyder, mas a discussão não é essa. O que importa é que visualmente, Brazil também é arrebatador, principalmente levando em conta as restrições técnicas da época.
Entre as referências estão o fato do personagem principal se deixar levar por seus sonhos onde ele é um herói de armadura brilhante tentando salvar uma donzela em perigo. Em um desses delírios, ele enfrenta um samurai gigante (abaixo). Quem viu Sucker Punch sabe que esse é o primeiro desafio de Baby Doll. Aliás, está nos trailers.
A partir de agora o texto contém spoilers, cuidado.
Mas, é no terceiro ato que a trama de Snyder mais bebe da fonte "Brazileira". Em Sucker Punch, o que não funciona é justamente o final e o discurso exagerado sobre a fuga da realidade. Em Brazil, acontece tudo quase que da mesma forma, com o personagem "fugindo" da prisão em que se encontra pra viver num lugar muito melhor, quase o paraíso se comparado com a opressiva metrópole onde morava. A diferença é que no longa oitentista, a forma como isso é feita é mais satisfatória. E, como se a história já não fosse referência suficiente, a última cena é quase idêntica. Sem querer revelar muito das tramas dos dois filmes, quem já viu Sucker Punch vai entender muito bem as duas imagens abaixo.
Mas, é no terceiro ato que a trama de Snyder mais bebe da fonte "Brazileira". Em Sucker Punch, o que não funciona é justamente o final e o discurso exagerado sobre a fuga da realidade. Em Brazil, acontece tudo quase que da mesma forma, com o personagem "fugindo" da prisão em que se encontra pra viver num lugar muito melhor, quase o paraíso se comparado com a opressiva metrópole onde morava. A diferença é que no longa oitentista, a forma como isso é feita é mais satisfatória. E, como se a história já não fosse referência suficiente, a última cena é quase idêntica. Sem querer revelar muito das tramas dos dois filmes, quem já viu Sucker Punch vai entender muito bem as duas imagens abaixo.
Que fique claro. A referência não é condenável. Muito pelo contrário. É ótimo ver que uma obra muito subestimada na época de seu lançamento, hoje é inspiração pra uma nova geração de diretores. E o melhor, serve também para a audiência do filme conhecer essa jóia do cinema britânico dos anos 80 e mergulhar na viagem de Gilliam, um exercício cinematográfico muito mais completo do que o proposto pelo diretor de Watchmen.
Obs.: apesar do nome, Brazil não se passa em nosso país. Porém, na trilha está uma versão megalomaníaca de Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, com arranjo de Michael Kamen.
Obs.: apesar do nome, Brazil não se passa em nosso país. Porém, na trilha está uma versão megalomaníaca de Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, com arranjo de Michael Kamen.
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