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Baú do Re-Enter: Chinatown (1974)

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  • terça-feira, 24 de maio de 2011
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  • Alexandre Luiz
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  • Um dos mais memoráveis filmes dos anos 70, Chinatown é dirigido por Roman Polanski, com Jack Nicholson no papel do Detetive Jake Gittes. Situado em Los Angeles, nos anos 30, o filme revive o cinema noir com maestria, numa história em que fantasmas do passado assombram todos os personagens, levando a um desfecho trágico e surpreendente.

    O roteiro, de Robert Towne, mostra Gittes, detetive particular especializado em casos de adultério, sendo contratado para investigar Hollis Mulwray, engenheiro do Departamento de Água da cidade. A esposa de Mulwray, Evelyn (Faye Dunaway) é quem contrata os serviços do detetive, pois segundo ela, seu marido não tem passado muito tempo em casa. Pensando se tratar de mais um caso de traição, Gittes aceita o caso. Durante a investigação, descobre uma jovem garota na vida de Mulwray, a primeira vista sua amante, mas ao longo da história, o estopim para algo muito maior.

    O engenheiro está tentando impedir que obras prejudiquem a cidade. Essas obras são financiadas pelo fazendeiro Noah Cross (John Houston), seu sogro. Quando Gittes percebe o que está acontecendo, se vê em meio a um jogo de interesses que envolve todos os personagens, inclusive a si mesmo, ao se apaixonar por Evelyn, a Femme Fatale do longa. E se no cinema noir esse tipo de mulher leva o personagem à ruína, em Chinatown não é diferente. O detetive, cego de amor, percebe tudo quando é tarde demais. A relação de Cross com sua filha se torna evidente no momento em que Gittes começa a perder a noção dos acontecimentos, finalmente trazendo-o de volta ao “chão”. Porém, por causa desse segredo sórdido de família, o final do filme não deixa espaço para felicidade. Como numa tragédia antiga, tudo acaba mal quando Jake Gittes resolve exorcizar seus próprios fantasmas em Chinatown, não só o título do filme, mas o bairro chinês de Los Angeles onde há muito tempo, o detetive havia passado por problemas.

    Polanski cria, no filme, um cenário pessimista, habitual nas suas obras até então. A sensação, a todo momento, é de que os problemas não terão solução. Pelo menos não uma que beneficie alguém. A música, composta por Jerry Goldsmith na última hora (em apenas 10 dias, depois do compositor original ter sido dispensado), é triste e melancólica, confirmando essa sensação. Um grande destaque do filme é seu desenho de produção, que reproduz com fidelidade a cidade nos anos 30. A ambientação está perfeita.

    A produção de filmes noir nos anos 70 não era comum. Chinatown é de certa forma não só uma homenagem, como um certo tipo de ponta-pé para o neo-noir, que iria reviver o gênero nos anos seguintes.

    A trilogia de dois filmes

    Chinatown é a primeira parte de uma trilogia planejada por seu roteirista, Robert Towne. A segunda parte chegou a ser filmada. A Chave do Enigma, dirigido e estrelado por Jack Nicholson, saiu em 1990. Contudo, o filme foi um desastre comercial e de crítica, afundando as chances de Cloverleaf, sua últma parte, ser lançada. Em A Chave... Jake Gittes investiga o negócio de distribuição de gás natural em Los Angeles. A história se passa nos anos 40. A terceira parte seria sobre a construção do sistema de freeways na cidade.

    Irônicamente, o roteiro de Cloverleaf não foi inteiramente desperdiçado. A base da história foi utilizada no filme Uma Cilada Para Roger Rabbit, comédia de ação que mistura atores reais e desenhos animados, dirigida por Robert Zemeckis em 1988, antes de Nicholson resolver dirigir a segunda parte da história.

    Uma curiosidade, ainda sobre o plano de levar a trilogia adiante, o ator recusou todo papel de detetive que lhe era oferecido, para que interpretasse somente Jake Gittes.

    Chinatown foi o último filme feito por Roman Polanski nos EUA. Por causa de um processo de abuso infantil, o diretor deixou o país para morar na França.

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