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Crítica: Super 8

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  • sexta-feira, 12 de agosto de 2011
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  • Alexandre Luiz
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  • Essa crítica também se encontra publicada no Nerddisse, em uma versão ligeiramente maior. Pra ler a "director's cut" do texto, clique aqui.

    Fazer um filme inteiro prestando homenagens a filmografia de alguém pode ser uma via de duas mãos: ou o trabalho acaba reconhecido, como Bastardos Inglórios, a enorme referência ao cinema de Sergio Leone feita por Quentin Tarantino, ou pode gerar o incômodo sentimento de que se está diante de um produto formuláico, que por melhorers fossem as intenções, não acrescentou muito, nem à obra do referenciado e muito menos de quem a idealizou. Super 8, dirigido por J.J. Abrams e destaque nos cinemas brasileiros a partir deste final de semana, fica entre essas duas definições, com tendência a deixar a última falar mais alto.

    Buscando inspiração no que Steven Spielberg (que assina a produção) fez de melhor durante as décadas de 70 e 80, o cineasta é muito eficiente ao criar um "filme de Spielberg", mas falha ao desenvolver uma obra que tenha uma identidade própria. Talvez essa não fosse a proposta, mas apenas mostrar pros novos espectadores como o diretor de Tubarão e E.T. é importante não é a melhor justificativa para se fazer um filme. Pra isso, bastaria relançar suas obras no cinema. Super 8 não é ruim, mas causa estranheza por parecer um fanfilm, como o que os garotos protagonistas tentam fazer durante a projeção. Na trama, situada em 1979, as crianças, lideradas por Charles (Riley Griffiths), tentam produzir um curta-metragem de zumbis, que busca inspiração na obra de George Romero (há inclusive uma simpática citação ao diretor no roteiro dos jovens cineastas). É um exercício de metalinguagem, pois Abrams está fazendo a mesma coisa com seu filme (com alguns milhões a mais do que a produção amadora das crianças).

    No grupo de garotos está Joe Lamb (Joel Courtney), que há poucos meses perdera a mãe num acidente na metalúrgica que move financeiramente a pequena cidade de Lilliam. Seu pai (Kyle Chandler) é um delegado local que, por perder a esposa e ter de enfrentar sozinho o emprego e as funções domésticas, exibe um semblante cada vez mais cansado, ao mesmo que tempo que assume uma postura de impaciência com seu filho. Numa noite, Joe e seus amigos estão gravando uma cena para o curta na estação de trens local, quando uma enorme locomotiva descarrila (a sequência do acidente é impecável), deixando escapar o que parece ser uma terrível criatura. A partir daí, estranhos desaparecimentos começam a acontecer na cidade, ao mesmo tempo que aumenta a movimentação do exército no local, já que o trem acidentado era das Forças Armadas. Os garotos então partem para sua grande aventura, tentando desvendar o mistério.

    Quem conhece a obra de Spielberg, nesse pequeno resumo da premissa de Super 8, já identifica inúmeras referências ao diretor. A tensão existente entre pai e filho, pessoas comuns tentando desvendar uma trama oculta e figuras militares como antagonistas são apenas alguns dos elementos recorrentes em vários filmes dirigidos ou produzidos pelo influente cineasta. Não há problemas nisso, afinal, roteiros, de certa forma, são colchas de retalhos de experiências vividas ou bagagem cultural de quem escreve. O que incomoda um pouco é Abrams emular seu mestre em tudo. Dos elementos visuais até alguns vícios e cacoetes, o criador de Lost insiste em deixar bem claro, a cada quadro, que o espectador está vendo uma homenagem (apaixonada, sem dúvida) e não um filme seu. Até mesmo aqueles reflexos causados pelo contraluz, para desespero da crítica especializada, e que Abrams usa a exaustão em seu longa anterior, a versão reimaginada de Star Trek, entram em Super 8 de forma moderada, lembrando muito mais a fotografia de Contatos Imediatos do Terceiro Grau do que qualquer outra coisa.

    A intenção não precisa ser genial. J.J. Abrams não deve provar nada, já que tem em seu curto currículo na sétima arte, dois eficientes exemplares, como a supra-citada nova versão de Jornada nas Estrelas e Missão: Impossível 3. Ambos cumprem a promessa de diversão sem subestimar o público, além de terem se saído muito bem nas bilheterias. Pra Hollywood, isso já basta. E nisso Super 8 também não desaponta. É uma Sessão da Tarde de qualidade, com um elenco mirim afiado, que diverte e emociona na dose certa. Como já dito, não é um filme ruim, de forma alguma. Mas não por méritos do diretor, e sim pelo uso de tudo que Steven Spielberg percebeu que funcionou por duas décadas de profissão, seu período mais memorável, em que cada novo filme era um blockbuster e cujo legado, Abrams faz parte.

    Seja na cena inicial, uma bela indicação da tragédia que atingiu a família Lamb (e porque não, a cidade) ou no desenvolvimento dos personagens, em que nenhum momento o roteiro deixa esquecer como essa é uma história humana, fica nítido o potencial do material original e como teria rendido um filme mais interessante se não ficasse preso à carta de "obrigado por tudo" de Abrams e sua vontade de reverenciar mais do que referenciar.

    Ironicamente o tema central de Super 8 é o da superação, seja de um ente querido morto (representado de forma até bonita no último ato), do medo (com Joe arriscando sua vida para salvar a garota que ama, interpretada por Elle Fanning) ou de traumas. O texto mostra que é possível se desligar do passado e seguir adiante. A situação é irônica porquê Abrams não segue o que prega e ao invés de mostrar que é possível inovar, mesmo com tantas homenagens, acaba por criar algo que não é seu. Um filme preso à glórias de outro, que, por sinal, soube como ninguém se reciclar ao longo dos anos.

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    Leitura recomendada:
    5 Filmes que você tem que conhecer antes de assistir Super 8!
    Trilhas Marcantes: Super 8


    2 comentários:

    celio disse...

    Assisti, só gostei.. nao achei o maximo.. A voz da Luna lovegood em portugues não ficou bem pra garota.. ela ja parece um zumbi só em abrir a boca..(meu Deus) achei os garotos fracos pro papel... menos o ator mirim.. Nenhum deles chegam ao grupinho dos Goonies, nem a Eliott e sua irmao em ET. Foi fraco... Esperava mais.. Onde ficaram os cachorros que sumiram... O que aconteceu depois. Nenhum festa.. Será quea cidade nao voltou ao normal?... os caminhos do exercito continuaram lá? Faltou!!!!!

    celio disse...

    Assisti, só gostei.. nao achei o maximo.. A voz da Luna lovegood em portugues não ficou bem pra garota.. ela ja parece um zumbi só em abrir a boca..(meu Deus) achei os garotos fracos pro papel... menos o ator mirim.. Nenhum deles chegam ao grupinho dos Goonies, nem a Eliott e sua irma em ET. Foi fraco... Esperava mais.. Onde ficaram os cachorros que sumiram... O que aconteceu depois. Nenhum festa.. Será quea cidade nao voltou ao normal?... os caminhoes do exercito continuaram lá? Faltou!!!!!

     
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