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Crítica: Conan - O Bárbaro (2011)

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  • sábado, 17 de setembro de 2011
  • by
  • Alexandre Luiz
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  • Assistir o novo Conan – O Bárbaro é uma experiência penosa. E isso deve ser a maior ofensa que um filme de ação pode receber. Dirigido por Marcus Nispel, que antes já havia cometido "obras" como Desbravadores e a refilmagem de Sexta-Feira 13, o longa, que adapta o material criado por Robert E. Howard, não consegue se estabelecer como o filme de gênero que tem a pretensão de ser por diversos fatores. O principal é a falta de tato de seu diretor, que parece não saber os princípios básicos da linguagem cinematográfica, pois é incapaz de conceber um quadro sequer em que o assunto principal da cena possa ser devidamente identificado pelo espectador. Durante as sequências de batalha fica ainda mais evidente a incompetência de Nispel. Quando o longa fica movimentado é quase impossível definir o que o cineasta está tentando mostrar.

    A trama tem praticamente os mesmos elementos mostrados no filme original do personagem, que ajudou a moldar a carreira de Arnold Schwarzenegger. A diferença é que ao invés do feiticeiro Thulsa Doom, quem dizima a aldeia onde Conan (Jason Momoa) nasceu e mata seu pai é Khalar Zim, vivido aqui por Stephen Lang. Depois que o cimério cresce, se torna um grande guerreiro em busca de vingança. Ao mesmo tempo, Zim ainda pretende angariar mais força, ao usar uma máscara que lhe trará poderes infinitos. Além disso, o vilão quer trazer de volta sua esposa morta, num ritual de sacrifício. E é isso. A mocinha a ser sacrificada calha de ser o interesse romântico do protagonista (Rachel Nichols) e não há mais nada de relevante a dizer sobre a história.

    A primeira adaptação do guerreiro cimério não chega nem perto da obra de Howard, mas funciona como longa-metragem. Com roteiro do então desconhecido Oliver Stone e dirigido por John Milius, o filme mostrava um Conan que não condizia com a condição de ladrão e falastrão idealizada por seu criador, porém era muito eficiente dentro de sua proposta, com uma direção de arte criativa e uma trilha sonora inesquecível, composta por Basil Poledouris. Já esta nova versão tenta estabelecer Conan de acordo com a descrição dos livros, e falha de forma grotesca. Ou seja, às vezes, não ser fiel é mais satisfatório do que tentar respeitar o material base e se tornar uma completa bagunça.

    O intérprete do Bárbaro também é um dos motivos do longa falhar tanto. Momoa não tem o carisma necessário pra convencer como o Conan que o roteiro de Thomas Dean Donnelly, Joshua Oppenheimer e Sean Hood erra tanto ao tentar mostrar. Os dois primeiros roteiristas, inclusive, já haviam sido responsáveis por outra bomba em 2011, o terrível Dylan Dog, versão americana do popular personagem de quadrinhos italianos. O ator até tenta, mas não consegue. É limitado demais pra esboçar qualquer coisa além da voz quase gutural e dos gritos de batalha.

    E, por fim, a trilha sonora de Tyler Bates, provavelmente a composição menos inspirada deste ano. O músico já havia plagiado tão bem seu colega Elliot Goldenthal quando compôs a trilha de 300, que poderia ao menos ter tentado criar algo próximo à música de Poledouris da versão oitentista de Conan. Mas não, preferiu juntar umas notas genéricas e por fim, criou uma peça que nem no filme é satisfatória, não conseguindo estabelecer um único tema, incluindo para o personagem principal.

    É realmente uma pena que uma obra tão aberta a possibilidades como a saga de Conan (seja nos livros ou em sua versão em quadrinhos) tenha caído nas mãos de uma equipe tão incompetente. E é até irônico imaginar que a desculpa pra se criar reboots de franquias que já tiveram seus dias de glória seja justamente reapresentá-las para um novo público. Pobre de uma geração que terá como referência esse longa de Marcus Nispel. Tomara que sirva para trazer à tona o original com Schwarzenegger, bem mais digno e menos doloroso de aturar.

    3 comentários:

    espinafrando disse...

    Parabéns pela crítica! Texto legal, bem embasado, bem construído. Curti!

    Maurão disse...

    Concordo plenamente, não acompanhei Conan nos livros, mas li muitas hqs do barbaro, foi dificil assistir até o fim! Gosto muito dos hqs do dylan dog também e conseguir esculhambar com o filme também!!!

    Anônimo disse...

    Bom texto. Há um abismo intransponível entre as gerações, não só com Conan é assim, várias refilmagens de clássicos sofrem com a referência (ou a falta dela).

     
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