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Crítica: Cowboys & Aliens

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  • sexta-feira, 9 de setembro de 2011
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  • Alexandre Luiz
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  • Não espere de Cowboys & Aliens mais do que o título anuncia e talvez você se divirta com o longa que estreia neste final de semana em todo o Brasil. Com direção de Jon Favreau (Homem de Ferro), o filme não tem grandes pretensões, mas se sai bem como entretenimento.

    Na trama, situada no Velho Oeste, Jake Lonergan (Daniel Craig) é um bandido procurado que acorda em algum lugar do Arizona, sem memórias de quem é ou como foi parar ali. Além das roupas surradas que veste, usa um estranho aparato ao redor de seu pulso, do qual não faz idéia da serventia. Na busca por um lugar onde possa encontrar abrigo, chega a cidade de Absolution, onde acaba se envolvendo em problemas e vai parar na prisão, comandada pelo xerife interpretado por Keith Carradine. Mas quem manda mesmo no lugar é Woodrow Dolarhyde (Harrison Ford), cujo filho único é o arruaceiro local que também foi preso e se prepara, junto a Jake, para ser levado para as autoridades federais. Quando Dolarhyde chega na cidade para libertar o filho, porém, chegam também naves, que começam a sequestrar os habitantes do lugar, enquanto praticamente destroém tudo que veem pela frente. Agora cabe ao personagem de Craig, que no meio do ataque descobre o uso de seu bracelete, se unir aos moradores que sobraram para descobrir o que está acontecendo e, quem sabe, desvendar seu lugar em toda essa história. Ah, e claro, derrotar os alienígenas.

    O cenário de western traz alguma novidade ao gênero de invasão extraterrestre, mas para por aí. O roteiro maniqueísta de Roberto Orci, Alex Kurtzman, Damon Lindelof, Mark Fergus e Hawk Ostby não dá espaço pra muitas inovações e quase se perde com os clichês como o nome da cidade, que chega a subestimar o espectador, como se todas as pistas deixadas pelo texto não fossem suficientes para indicar que a trama será sobre a "absolvição" de Lonergan e de Dolarhyde. Este último personagem, por sinal, é um caso a ser discutido. Roteiros escritos por muita gente costumam sofrer com situações estranhas, mas nada se compara a falta de cuidado com um coadjuvante importante para a história como a que acontece aqui. As motivações de Ford nunca ficam claras, ou melhor, nunca fazem sentido. O filme o apresenta torturando e prestes a matar alguém só por que algumas de suas vacas sumiram e continua o desenvolvendo como uma pessoa que, se não tivesse a cara do Indiana Jones, nunca teria a menor empatia com o público. Ao longo dessa caracterização, porém, o personagem passa a ter uma estranha aproximação com o neto do xerife, de uma forma um tanto forçada, apenas para melhorar a impressão que deixa em praticamente todas suas outras cenas até o final do segundo ato.

    Mas, graças a veia de Jon Favreau para criar boas cenas de ação, Cowboys & Aliens tem boas situações, principalmente quando usa as características do bom e velho "bang-bang" para construir suas sequências mais movimentadas. O cinematógrafo Matthew Libatique, parceiro constante do cineasta, banha o longa com belíssimas tomadas da paisagem norte-americana, o que traz à fita certa imponência. E há também a boa atuação dos coadjuvantes. Paul Dano, que já havia mostrado muita competência em Sangue Negro, é o problemático filho de Dolarhyde. Pena que suas cenas se resumam apenas ao primeiro ato da produção. Já Sam Rockwell não rouba a cena, como geralmente faz, mas também não desaparece num filme onde os principais personagens são interpretados pelo eterno arqueólogo aventureiro o por um dos melhores James Bond do cinema. Infelizmente Doc, seu personagem, é maltratado pelo roteiro, que o faz descrever seu sentimento quando coloca em suas boca, palavras como "ninguém me respeita nesse lugar", imediatamente após uma cena que representa exatamente isso. E tem Olivia Wilde, como a enigmática Ella, que passa o tempo todo tentando fazer Lonergan se lembrar do que aconteceu com ele.

    A boa notícia é que mesmo assim Cowboys & Aliens é uma boa diversão. Com um pouco de otimismo, daria até pra dizer que poderia ser pior. E poderia mesmo. Se o longa fosse fiel à HQ da qual busca inspiração, criada por Scott Mitchell Rosenberg, teria sido um forte candidato à pior do ano. Ser apenas divertido talvez não seja tão ruim, afinal de contas.

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