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Crítica: Missão: Impossível - Protocolo Fantasma

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  • quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
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  • Alexandre Luiz
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  • Toda franquia de sucesso, uma hora ou outra, acaba enfrentando o desgaste, gerando a falta de interesse do público. Para a sorte dos fãs da cinessérie Missão Impossível, ainda não é desta vez que as aventuras de Ethan Hunt e sua equipe de agentes secretos demonsta sinais de cansaço. Assim como o astro Tom Cruise, protagonista e produtor, a idade já meio avançada não é problema e Missão: Impossível - Protocolo Fantasma ajuda a encerrar o ano como uma das produções mais divertidas de 2011.

    A trama envolve um vilão que mais parece ter saído de um filme de 007, cujo objetivo é iniciar uma guerra nuclear. Interpretado por Michael Nyqvist, Hendricks, apesar de ser um antagonista perigoso não chama muita atenção pra si, deixando os melhores momentos do longa para os heróis mesmo. Hunt está de volta à ativa, depois do casamento com Julia (Michelle Monaghan) no filme anterior. Com um ar armagurado por causa do destino de sua amada, Cruise entrega um personagem ainda mais direto do que o habitual (apesar do desenvolvimento do protagonista nunca ter sido o forte da série, nota-se uma evolução aqui). Para ajudar a cumprir a missão, estão Jane (Paula Patton), cujo envolvimento na trama se deve a um certo desejo de vingança, Benji (Simon Pegg, reprisando o personagem do terceiro, cuja participação era minúscula) e Brandt (Jeremy Renner), que se destaca no roteiro, por ser mais do que aparenta (deixando uma sensação de que futuras participações podem acontecer). Como a equipe está especializada no impossível, o maior obstáculo desta vez é que toda a IMF (Impossible Mission Force) foi desativada, com a acusação de ter participado de um atentado na Rússia. Agora cabe aos heróis renegados, tentarem impedir um desastre de proporções globais.

    Quantas vezes você já viu uma trama assim? Provavelmente várias, mas isso não impede que a produção seja eficiente em sua proposta: divertir sem compromisso, mas com muita qualidade. E isso se deve, e muito, à Brad Bird. Cineasta acostumado a elogios graças à animações como O Gigante de Ferro, Os Incríveis e Ratatouille, Bird estreia na direção de um filme com atores e se torna uma promessa. Mostrando um domínio de ritmo impecável, o diretor cria uma sequência melhor que a outra, todas memoráveis. Da fuga de Hunt de uma prisão russa ao som de Dean Martin, passando pela comentada cena no edifício mais alto do mundo em Dubai (cujo teor vertiginoso é uma experiência cinematográfica obrigatória e que, se possível, deve ser conferida em IMAX), não há um minuto sequer em que o espectador se sentirá entediado, mesmo nos períodos em que o filme desacelera para tomar fôlego. Existe uma sequência de ação em Protocolo Fantasma que exemplifica o ritmo de todo o filme. É a perseguição de Hunt a um terrorista em meio a uma tempestade de areia. Bird constrói o suspense intercalando súbitos momentos de ação com pausas que o personagem de Cruise usa para se guiar e elaborar um rápido plano de fuga.

    Em um filme que destaca sua natureza logo no título, não se pode esperar realismo demais e talvez, por isso, Brad Bird, tão acostumado à animações, tenha se dado tão bem. Sem querer estragar nenhuma surpresa, a sequência que mais traz à tona o passado de desenhos animados de seu realizador é o clímax, em que Hunt e Hendricks lutam para alcançar uma maleta. É também o momento mais criativo da fita e o que mais revela um futuro promissor para Bird. Não é nada fácil encenar algo nesse estilo e sem uma boa noção de timing, a sequência poderia ser arruinada. Tudo isso embalado à trilha sonora de Michael Giacchino, que inteligentemente, não abusa do famoso tema composto para a série de TV por Lalo Schifrin. Acreditando no poder imenso apenas das primeiras notas da canção, Giacchino se solta mais, criando uma partitura que reflete as intenções do longa. O tema é executado em sua totalidade apenas na sequência de créditos de abertura, por sinal, a melhor de todos os filmes, homenageando muito bem a série original.

    Como nem só de Tom Cruise vive o filme, é bom destacar a participação de Simon Pegg. Embora seja um character actor, ou seja, um intérprete acostumado a quase sempre os mesmos papéis, ele é muito bom no que faz e funciona com um alívio cômico que nunca parece fora do contexto. Suas tiradas, principalmente a que surge após a escalada ao prédio em Dubai, sempre chegam no momento certo. Outro coadjuvante que surpreende mais pelos momentos engraçados do que pelas sequências de ação é Jeremy Renner. Seu agente Brandt é uma espécie de "anti-Ethan", sendo tudo que o personagem não é: inseguro. Porém não faz feio quando precisa ajudar seus parceiros a realizarem o impossível.

    Com tantos elogios, apenas em um detalhe Missão: Impossível 4 falha. Boa parte dos diálogos de exposição da trama são bobos, beirando o infantil. Problema dos roteiristas, Josh Appelbaum e André Nemec, acostumados à televisão, onde, na maioria das vezes, é preciso fazer o ator dizer o que está sentindo ao invés de confiar na interpretação para passar uma mensagem ou emoção. De qualquer forma, não estraga a experiência do que é um exemplar mais do que satisfatório da franquia, que, ao que parece, está se tornando impossível de se desgastar.

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