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Resenha: Echoes, Silence, Patience and Grace

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  • terça-feira, 25 de setembro de 2007
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  • Mauro A. Barreto
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  • É difícil conhecer alguém que goste de rock e não goste de Foo Fighters. É só observar as parcerias (de Queen a Motorhead) que o grupo já fez para ter uma idéia do público eclético que essa banda conquista. As razões principais para isso provavelmente são o carisma de seu líder Dave Grohl e o aspecto versátil de suas músicas. Os sucessos do Foo Fighters vão desde músicas mais tranqüilas e de ritmo alegrinho (Big Me, Next Year), passando por punk rocks agressivos (Monkey Wrench, Breakout) e até outras bem mais pesadas com influências de metal (Low, All My Life), outra paixão de Grohl. Todas emplacadas na rádio, ao contrário de bandas que só conseguem emplacar baladas ou só fazer sucesso entre um público restrito com seus rocks. O Foo Fighters conquistou essa diversidade, talvez por fazer uso do que melhor deixou como herança o Nirvana e a geração grunge: a melodia aliada à agressividade suja do rock – exatamente a fórmula do meio-termo entre o hard rock e o punk das décadas anteriores. Porém, o Foo Fighters leva essa característica a um outro nível, quando mescla essa sujeira toda com alguma coisa muito mais pop. Então você acrescenta o estilo de Dave Grohl ao cantar, e pronto. Nasce uma banda cujo estilo ninguém sabe definir. Uma banda que dá à luz músicas como Everlong, Generator e Learn To Fly: pura emoção e letras inteligentemente bonitas com o rock correndo solto ao fundo.

    Essa foi a sensação que todos tivemos quando foi lançado em 1999 o álbum There Is Nothing Left To Lose. Lembro de meus amigos fãs do Nirvana questionando: “E agora? Isso não é mais grunge. O que é o Foo Fighters?”. Foi a pergunta à qual todos nos acostumamos a esquecer a resposta, e nem ligar para isso. Alguns dizem que o estilo a banda é “rock alternativo”. Mas, onde está o alternativo em uma banda das mais tocadas e conhecidas atualmente? Foo Fighters é Foo Fighters, simplesmente uma das poucas bandas que ainda conseguem soar sinceras no meio musical mainstream desse início de século tão recheado de pretensões e muitos intitulados “salvadores do rock”, e menos caducas e forçadas do que outras remanescentes que querem parecer novas repetindo as fórmulas (por mais legais que sejam, quantas “Slither” tem o Velvet Revolver?).

    Confesso que o Foo Fighters pode ter exagerado na mão com o lançamento do álbum anterior, In Your Honor, duplo, com um disco de rock e outro totalmente acústico. Nem todas as músicas eram tão cativantes ali. E mesmo que o Foo Fighters tenha claramente evoluído musicalmente nesses mais de 10 anos de carreira, um show deles totalmente acústico parece mostrar uma banda limitada com relação ao que realmente poderia estar fazendo com seus instrumentos plugados (em relação ao disco ao vivo e acústico Skin and Bones), mesmo que o resultado não seja desagradável. Agora, a banda parece ter encontrado o ponto ideal de equilíbrio entre todas essas vertentes diferentes por onde se aventurou durante a carreira com o novo álbum Echoes, Silence, Patience and Grace, que chega às lojas gringas hoje, dia 25 de setembro de 2007.

    Nas 12 faixas do álbum, a banda mostra que este é provavelmente o mais eclético de sua carreira, com algumas surpresas até mesmo para os fãs. Mas deixemos isso para depois. Primeiro, vamos à abertura do álbum: The Pretender, single de trabalho da banda, é justamente o exemplo da “fusão” de estilos anteriores do Foo Fighters: algo como uma mistura da agressividade e seriedade de All My Life com a levada punk de Monkey Wrench e o clima soturno de Stacked Actors. Repare na introdução com um feeling de rock clássico. A letra com uma mensagem de crítica político-social faz você querer gritar junto com Grohl o refrão. Esse é um talento que ele sabe explorar bem: criar refrões que fazem você querer cantar junto.

    Após a explosão da primeira faixa, o álbum dá uma esfriada e mostra a banda flertando novamente com violões e um vocal mais manso de Grohl, em Let it Die. Mas... surpresa! A música explode no final, com direito a guitarras e as mesmas letras antes calmamente cantadas agora sendo expelidas a gritos pelo cantor. Na faixa seguinte, Erase Replace, a banda mostra que pode explorar mais o uso de duas guitarras também em estúdio, em uma música que se transforma entre versos, ponte e refrão. Ponto para a bateria de Taylor Hawkins, que marca bem as mudanças da música. A faixa seguinte, Long Road To Ruin, já começa mostrando que é uma música feita para emocionar, e consegue. Mais uma das letras introspectivas do Foo, no que é uma forte candidata a próximo single. Destaque para o solo de guitarra, que, mesmo não sendo algo digno dos mais virtuosos guitarristas solo, é um elemento anteriormente pouco explorado nas músicas da banda em estúdio.

    Come Alive lembra Let It Die, no estilo “começa acústica e termina porrada”. É uma música pra viajar junto, e ouvir com o som bem alto pra enlouquecer os vizinhos na parte final. Uma música que inicialmente parece que vai seguir esse mesmo estilo é a seguinte, Stranger Things Have Happened, mas que na verdade se mostra um dueto de violões acompanhados pelo que parece ser um metrônomo fazendo o sutil papel da percussão. Com um bonito refrão, é uma música ideal para você tocar naquele momento irreverente entre amigos no feriado. Cheer Up Boys (Your Make Up Is Running) não tem nada de surpreendente. É a cara do Foo Fighters que todos conhecemos, mas por isso mesmo é boa. Música contagiante que faz bom uso dos backing vocals. Summer’s End também é um som típico ao que estamos acostumados da banda, mas com um tempo menos acelerado que a faixa anterior. É bem cara de música de viagem à praia essa aqui... tem um clima agradável.

    A próxima faixa é a decepção do álbum. Muito foi falado pela imprensa sobre The Ballad of The Beaconsfield Miners, que foi composta em homenagem a dois mineiros australianos que ficaram presos em um buraco e pediram um iPod com músicas do Foo Fighters para que agüentassem a barra enquanto tentavam resgatá-los. O que ninguém esperava é que a faixa fosse instrumental, ainda mais com um clima country. Isso está muito com cara de piada interna entre a banda e os mineiros, que chegaram a passar uma noite de bebedeira juntos após um show em Sidney após o incidente trágico. Enfim, na verdade a função dessa faixa é a de interlúdio, preparando o ouvinte para a próxima faixa - essa sim a surpresa boa do álbum.

    Eu posso estar enganado, mas não lembro de ter ouvido uma balada ao piano tocada pelo Foo Fighters. Uma bela música que lembra muito o estilo de composições de Paul McCartney, com direito a passagens de violinos e violoncelos. A faixa seguinte, But Honestly, começa como um punk melódico tocado no violão, e, sim, é mais uma daquelas que começam acústicas e terminam elétricas. O engraçado é que mesmo tendo três músicas com essa característica nesse álbum, elas não parecem repetitivas, mas talvez essa seja uma das que menos se destaca do álbum, apesar do final bem empolgante. Talvez por ela ter uma cara de outtake.

    O encerramento do álbum fica por conta de Home, outra balada ao piano. Mas essa é toda piano e aquele leve acompanhamento orquestrado. Nada de banda por aqui. O que é bom, pois deixou a música bem intimista, apesar de ser difícil decidir qual das duas é mais bonita. Um ótimo encerramento. Em alguma versão (não me pergunte qual) do álbum você encontra ainda a faixa 13: Once And For All, que na verdade é uma demo, mas não por isso de qualidade desejável, apesar de não ser tão cativante quanto as outras. Grohl coloca muita emoção no vocal, fazendo disso o destaque dessa faixa.

    Concluindo, esse disco é a prova de que o Foo Fighters é realmente um dos melhores representantes do rock moderno. E, se o mundo teve que perder o Nirvana para ganhar o Foo Fighters, acho que fizemos uma boa troca (sem ofensa alguma a Kurt Cobain, por favor!).

    Se você teve o saco de ler até aqui, assista ao clipe de The Pretender:



    1 comentários:

    Alexandre Luiz disse...

    cara, vc me deixou curioso com essa resenha em primeira mão do álbum rsrs

    foo fighters realmente é uma banda que deveria ganhar um prêmio de "honra ao mérito", por conseguirem misturar pop com rock sem parecer uma coisa artificial e fabricada.

    vou ouvir esse cd em breve!

     
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