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Crítica: A Lenda de Beowulf

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  • domingo, 9 de dezembro de 2007
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  • Alexandre Luiz
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  • Em minha resenha do filme 300, eu disse que ali nascia uma nova forma de se fazer épicos. Finalmente haviam entendido que para o século 21, deveriam atualizar as características de Ben-Hur e derivados. A Lenda de Beowulf, filme de Robert Zemeckis, é a segunda comprovação dessa afirmação.

    Adaptando o poema épico britânico, Zemeckis inovou. Primeiro, na evolução da técnica, já empregada pelo diretor em O Expresso Polar, de captura de movimentos. Agora, os personagens estão muito mais detalhados, com rugas, poros, pêlos, cada vez mais perfeitos. Lógico, não é nada comparado a ver Anthony Hopkins de verdade interpretando, mas suas expressões estão lá, junto com sua voz e toda integridade que passa ao personagem, apesar de sua personalidade dúbia.

    Com toda essa tecnologia aliada ao texto de Neil Gaiman (Máscara da Ilusão) e Roger Avary (Pulp Fiction), Zemeckis pôde exercitar sua imaginação, seja nos ousados movimentos de câmera ou na direção de atores, algo muito dificil quando a voz tem de passar toda a emoção que efeitos especiais não conseguem reproduzir.

    Na história, Beowulf é um guerreiro que chega à Dinamarca para derrotar o monstro Grendel. Após vencer a batalha, o herói passa a ser perseguido pela mãe da criatura e descobre segredos que o tornam Rei e o amaldiçoam por anos, culminando em uma batalha de enorme proporções. O conto é clássico, já foi adaptado até por Tolkien e com certeza serviu de inspiração ao autor na criação de Senhor dos Anéis. Porém, reescrito por Gaiman, ganha um ar de renovação, muito bem-vindo pelas novas gerações.

    O grande trunfo do filme, é na verdade uma via de duas mãos. Obviamente adulto, por ser uma animação é vendido pela distribuidora de forma errada. Talvez ele sirva para finalmente esclarecer que nem sempre filmes em CGI são infantis. Mesmo nos Estados Unidos, onde a classificação etária é muito mais rígida do que no Brasil, Beowulf ganhou um certificado brando, Pg-13. Isso só é um problema pra quem espera um filme leve. Aliás, este com certeza não é um filme para muitos. Por causa de suas sutilezas de roteiro e o final feito ao modo inglês, o da sugestão e não da explicitação, muita gente sai do cinema sem entender muito bem o que a produção passa.

    Mais do que uma simples exibição de bons efeitos, Beowulf é também um exercício para o diretor, que há anos tenta colocar a câmera onde ninguém consegue. Desde a folha no início de Forrest Gump, até a sensacional perseguição vista do espelho retrovisor em Revelação, passando pelo ingresso do Expresso Polar voando para fora do trem, Zemeckis mostra um fascínio por planos-sequência, a arte de não editar. A cena do ratinho, que dá origem à primeira aparição de Grendel é um exemplo disso. Simplesmente genial.

    Ainda há muito o que se evoluir em efeitos, ainda há muito o que se fazer para tornar os épicos prontos para a sociedade do videoclipe. Beowulf é, com certeza uma prova de que estamos cada vez mais perto dessas mudanças, e mostra que ainda há espaço para bons roteiros em Hollywood. E Zemeckis, como bom aluno de Spielberg pode ter garantido a candidatura a diretor de um dos filmes de Tintim, feitos com a mesma tecnologia, que serão produzidos pelo diretor de E.T. e Peter Jackson.

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