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Crítica: O Incrível Hulk (por Alexandre Luiz)

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  • quarta-feira, 18 de junho de 2008
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  • Alexandre Luiz
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  • Me permiti escrever este texto em primeira pessoa. Espero que entendam.

    Uma das coisas mais legais em histórias em quadrinhos são crossovers. Encontros entre personagens da mesma editora e do mesmo universo, mas que não tem lá muito em comum. Wolverine e Hulk, Demolidor e Homem-Aranha, esse tipo de coisa. Particularmente, achei que nunca veria isso no cinema. Principalmente por saber a besteira que a Marvel fez quando vendeu os direitos de seus personagens mais famosos para estúdios cinematográficos diferentes. Mas agora a editora está tomando conta de alguns heróis. Cabem ao Homem de Ferro, Hulk, Capitão América, Thor e Homem-Formiga (nem pergunte...) “salvarem” o Universo Marvel nas telonas. Quando o filme do Ferroso estreou, com todas aquelas menções a SHIELD e ainda a aparição de Nick Fury, não podia imaginar que isso seria estendido da forma que foi em O Incrível Hulk. Logo na introdução, que mostra a origem do Gigante Esmeralda em flashback (mais baseada na série de TV do que no filme de 2003), podemos ver menções à Fury, SHIELD e Tony Stark. Quando Emil Blonsky (Tim Roth) é convidado a servir de cobaia a um novo experimento, o Projeto Super Soldado é citado (sem mencionar a cena deletada com o Capitão América). E há também a alardeada cena com Robert Downey Jr. no final. Além disso, o próprio universo do Hulk é enriquecido com participações do Dr. Samson (ok, ele aparece mais no teaser do que no próprio filme, mas...), Samuel Sterns (que já dá o gancho como vilão da continuação) e uma menção honrosa a Rick Jones. Mas não é só por isso que O Incrível Hulk é um bom filme.

    Quando Louis Leterrier foi contratado para dirigir, eu simplesmente não botei fé. A versão de Ang Lee, embora odiada por muita gente, tem toda uma sensibilidade que eu não imaginava o diretor de Carga Explosiva conseguindo expor. Mas, logo depois Edward Norton entrou no projeto, não só como o intérprete do Dr. Bruce Banner, mas como roteirista não creditado. O ator ajudou a dar o polimento necessário para fazer de O Incrível Hulk uma história humana. Convenhamos, um monstro verde destruindo tudo em 2 horas não é exatamente a definição de uma boa história. Desenvolver os personagens era prioridade para Norton. E ele faz isso muito bem nas cenas envolvendo Banner e Betty Ross (Liv Tyler), e nas sequências mais introspectivas do personagem principal. Da pra perceber o texto dele também quando o filme tem seus momentos a lá King Kong, com Hulk mostrando seus sentimentos para a Dra. Ross. Basicamente quando o filme é pancadaria, quem dá as caras é Leterrier, quando o filme explora os personagens, é Norton. E é por isso que o Incrível Hulk é um bom filme. Por dosar bem as duas coisas. E, pelo diretor francês que se mostra competente principalmente quando o Verdão ataca pela primeira vez. Na sequência toda, temos o personagem nas sombras. Em uma cena que qualquer diretor já iria querer escancarar o Hulk pro espectador, Leterrier sabiamente o esconde. Outro ponto forte é o ritmo de perseguição, algo meio Identidade Bourne, que tem seu auge logo no começo com o ataque do exército americano na Rocinha. Tudo muito bem filmado, com aquele clima clautrofóbico que os estreitos becos da favela proporcionam.

    Porém, nem tudo são flores. Como a Marvel esperava mais ação do que drama, a maior parte das cenas que Norton escreveu não está no resultado final. Foram mais de 70 minutos cortados que ajudavam a desenvolver ainda mais os personagens. Por causa disso o filme acabou ficando com buracos gigantescos, que são percebidos até por quem não esta prestando atenção na história. O que o ator queria mesmo era criar o clima do seriado de TV, tão dramático quanto o filme de 2003. A versão de Ang Lee foi praticamente esquecida, em virtude desta homenagem, com direito a participação de Bill Bixby, de uma forma muito original, por sinal. A editora, que agora é também um Estúdio achou que os espectadores já tiveram a sua dose de drama num filme do Gigante Esmeralda. Por essas coisas, Hulk acaba não sendo tão bom quanto Homem de Ferro, mas leva uma vantagem. É um filme mais adulto (seria ainda mais, sem os cortes). E, mesmo com a intromissão da Marvel (melhor do que intromissão de quem não entende de HQ), o resultado final agrada tanto àqueles que esperavam pancadaria (a luta entre Hulk e o Abominável é espetacular) quanto os poucos fãs da versão de Ang Lee, que se preocupam mais com a história do que com a ação. Resta saber agora se Edward Norton volta para a provável sequência, já que as decisões da editora o irritaram um pouco. Uma forma de trazê-lo de volta é lançar um DVD Director’s Cut. Ou seria mais apropriado chamar de Norton’s Cut?

    1 comentários:

    ROCKET disse...

    Legal a resenha, muito boa.

    Viu que o Jon falou que a primeira montagem desse filme ficou muito ruim? Acho que foi uma luta pra peneirar essa montagem final... De qualquer forma o filme ficou nas expectativas. Que venha o Thor agora.

     
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