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Crítica: Assassino A Preço Fixo (2011)

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  • sexta-feira, 18 de março de 2011
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  • Alexandre Luiz
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  • Na versão original de Assassino a Preço Fixo, o diretor Michael Winner apresenta o personagem Arthur Bishop de forma espetacular. São 15 minutos sem um único diálogo e que servem para mostrar como o assassino interpretado por Charles Bronson é metódico e "limpo" em suas mortes. Sem precisar de frases de efeito ou alguma cena de ação mirabolante, o espectador capta a essência de Bishop, tornando o restante do longa um bom exemplo de roteiro sem pressa pra contar a história, com a trama evoluindo conforme os acontecimentos, sem nada forçado. Soma-se a isso o subtexto já comentado aqui, o filme original pode não ser uma obra-prima, mas é uma daquelas produções em que se percebe um desenvolvimento e uso de técnicas cinematográficas cada vez mais raras hoje em dia.

    O novo Assassino a Preço Fixo, com Jason Statham como protagonista, joga tudo isso pro alto. Embora os elementos de construção do personagem principal estejam lá, graças a falta de uma forma mais natural de apresentá-los, eles surgem brusca e gratuitamente na tela, quase subestimando o poder de dedução de quem assiste.

    A trama é basicamente a mesma. Bishop é um assassino de aluguel que vê no filho de um antigo amigo a chance de treinar um substituto (vivido agora por Ben Forster).

    Quem dirige é Simon West, um cineasta sem grandes qualidades a não ser criar boas cenas de ação. Nisso, o filme não faz feio, embora demore um pouco a engatar sua primeira sequência mais movimentada. Vale destacar também a fotografia que reforça cores quentes e até adiciona um granulado emulando um pouco o visual setentista. O problema de Assassino... está nas conveniências do roteiro. Se na versão original, o diretor prefere não mostrar a cena de sexo de Bronson com uma prostituta, aqui, ela aparece de forma selvagem e grosseira, sem acrescentar nada ao personagem (a não ser uma certa bipolaridade: o sujeito calmo e quase zen, na hora do sexo libera toda sua energia contida). Outra brincadeira com a inteligência do espectador é forçar uma trama de vingança. Enquanto, como dito acima, o original se vale de uma ação gradual que convence, aqui as coisas começam a acontecer sem a menor lógica para dar alguma motivação para a trama. Coincidências como a cena em que um personagem que Bishop dava por morto, aparece justo no aeroporto em que o protagonista estava, ou Steve perceber a arma que fora de seu pai e deduzir que este fora morto pelo personagem de Statham, só servem para menosprezar a boa vontade de quem gastou alguns trocados para assistir ao filme no cinema. E também pra demonstrar como os roteiristas hoje em dia são covardes em não assumir a natureza assassina e mercenária dos protagonistas. Sim, porque se no original matar era a profissão, agora se torna um meio para um fim mais "nobre".

    No fim, a refilmagem vai se tornar aqueles filmes de Super Cine, com sua trama rasa e visual bacana e que você provavelmente nem vai lembrar que assistiu quando acordar no domingo de manhã.

    P.S.: uma coisa preciso reconhecer: os pôsteres do filme foram muito bem feitos, a maioria fazendo referência aos anos 70 e até mesmo um que replica o pôster do primeiro filme.

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