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Crítica: Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 2

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  • sábado, 16 de julho de 2011
  • by
  • Alexandre Luiz
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  • O texto sobre Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 1 (cuja leitura é recomendada para melhor entendimento do que vem a seguir) classifica a obra como um filme incompleto. Por terminar de forma abrupta, deixando seus espectadores na ânsia pela conclusão, o longa funciona apenas como introdução para o que deveria ser o desfecho de 10 anos de uma franquia de enorme sucesso, tanto mercadológico, quanto de qualidade. Eis que a Parte 2 finalmente entra em cartaz e o resultado não poderia ser mais satisfatório. Na verdade até poderia, mas em circunstâncias diferentes (discutidas mais adiante). Dentro do que a cinessérie se propôs a mostrar, este último filme se encaixa como a peça final de um daqueles quebra-cabeças montados pacientemente por muito tempo.

    A película começa exatamente do ponto em que a anterior terminou, sem abrir espaço para explicações demoradas, que neste caso, só serviriam para atrapalhar o ritmo. Dificilmente alguem iria assistir o oitavo filme de uma franquia sem conhecer a história prévia. Pois bem, com toda a trama da Parte 1 focada em abrir terreno para a batalha final, sobra para a Parte 2 a tarefa de concluir os subplots e amarrar as pontas soltas deixadas sobre alguns coadjuvantes. Ao mesmo tempo, o diretor David Yates precisa se concentrar na trama principal: a batalha de Harry (Daniel Radcliffe) e seus amigos contra a tirania de Voldemort (Ralph Fiennes). Mesmo parecendo pouca coisa, ainda há muito pra ser mostrado, tornando a decisão de manter a duração em 130 minutos, genuinamente audaciosa.

    Para a sorte dos fãs, Yates continua elegante em suas escolhas e deixa o longa enxuto, com uma atitude "pé no chão" que não abre espaço para o desnecessário. E, mesmo que o roteiro de Steven Kloves tenha um sentido de urgência quase ininterrupto, o cineasta encontra espaço para belas sequências contemplativas envolvendo o trio principal e outros personagens também. Um bom exemplo é a cena inicial, que mostra Hogwarts cercada por dementadores, enquanto Severo Snape (Alan Rickman) observa os passos, quase militares, dos alunos da escola pelo pátio. Reparem na economia de cortes e como a melancolia da situação é criada exatamente por conta dessa decisão técnica.

    O que vem a seguir também usa desse "respiro" inicial, nos diálogos entre Potter e o duende Grampo (Warwick Davis, que também empresta sua interpretação ao Prof. Flitwick) e entre o jovem mago e o Sr. Olivaras (John Hurt). É uma forma muito inteligente de preparar o espectador para a fantástica cena da invasão do banco Gringotes. Novamente, reparem na forma que toda a sequência é construída. Da tensão inicial, quando os heróis precisam entrar disfarçados, até a crescente ação no cofre de Bellatrix Lestrange (Helena Bonham Carter) que culmina na fuga auxiliada pelo dragão-guarda dos tesouros ali depositados. São 20 minutos de pura competência, tanto técnica, quanto da interpretação dos protagonistas.

    Assim como na primeira parte, o trio formado por Radcliffe, Rupert Grint e Emma Watson não faz feio, e se antes eram Rony e Hermione que ganhavam elogios, aqui é o intérprete de Potter que faz por merecer sua escolha como tal. Desde os primeiros exemplares da série, o jovem ator foi muito criticado por suas limitações e, em muitos casos, com razão. Mas, desde sua passagem pelos palcos de teatro, Radcliffe começou a mostrar sinais de que, se for "lapidado" corretamente, talvez não se torne uma grande "jóia", mas pelo menos não comprometerá o trabalho artístico de seus companheiros. E que companheiros. Não é segredo que os coadjuvantes da franquia foram muito bem escolhidos desde o início. Nomes como Maggie Smith, Jim Broadbent, Ciáran Hinds, David Thewlis, Gary Oldman e Michael Gambon adicionam o peso de suas experiências ao elenco jovem. Mas, de todos, é Alan Rickman que toma conta das cenas em que aparece. A própria introdução do filme, usando seu personagem, prenuncia o que virá no final do segundo ato. Dizer mais é estragar a surpresa de quem apenas acompanha a série pelos filmes, então, tirem suas próprias conclusões, depois de desatar o nó na garganta que sua principal cena provoca.

    Outra característica que o novo filme herda de seu antecessor é a belíssima fotografia de Eduardo Serra. Da mesma forma que sua passagem anterior, o cinematógrafo cria imagens de uma plástica invejável. Quem volta também é o compositor Alexandre Desplat, que amplia os temas da Parte 1 e é responsável por grandes momentos emotivos ao evocar a trilha de John Williams, especialmente na cena em que Harry retorna à Hogwarts. Quando a música entra em cena, quem assiste capta imediatamente a mensagem: "este é o lugar de Potter, é aqui que a batalha deve acontecer. É aqui que ele se sente em casa". Vale uma menção também a como o compositor se contém em algumas cenas para não chamar atenção demais para a música, garantindo que o impacto das cenas não se perca por distração.

    Porém, nem tudo é perfeito e As Relíquias da Morte Parte 2 faz algumas escolhas estranhas em seu texto, que diminuem um pouco sua competência. Pra entender a natureza dessas escolhas, no entanto, é preciso um rápido retorno ao passado. Vários cortes foram feitos nos longas anteriores, principalmente por questão de ritmo. As aulas de Harry em várias disciplinas sequer deram as caras na tela grande e boa parte do que o bruxo aprendia na escola de magia era offscreen, deixando para o espectador a ideia de que o ano letivo havia sido produtivo, ou não. Por isso, algumas informações fundamentais para a compreensão da última parte fazem falta. Como o roteirista decidiu ser extremamente fiel em vários momentos, essa falta distrai um pouco. Além disso, como boa parte do background de Voldemort ficara ausente em O Enigma do Príncipe, não há muita explicação lógica a respeito da escolha das Horcruxes, por exemplo. O que leva, inclusive, a uma decisão um tanto preguiçosa por parte do roteiro para explicar como Harry chega a cada um desses objetos, cuja destruição levará a vitória sobre o vilão.

    Óbvio que isso não tira a grandiosidade do desfecho. Seja na batalha épica ou na forte carga emocional que acompanha as inúmeras mortes e demonstrações de bravura ao longo da projeção, Harry Potter 7.2 fecha a saga que durante 10 anos muitos aprenderam a admirar. Novamente usando a analogia com o quebra-cabeças que demora pra ser montado, essa última parte traz a sensação de dever cumprido, por parte de uma equipe competente que esteve por trás de 8 longas, cujo comando por vários diretores ajudou a transformar a franquia não apenas num fenômeno de bilheteria, mas num ícone popular que deve ainda habitar a imaginação dos jovens por muito tempo. E encaixar a última peça do quebra-cabeças traz também satisfação aos fãs. Estes devem se sentir recompensados pela longa espera pelo fim de uma jornada. A viagem que começou na estação de King's Cross, quando um garotinho de 11 anos embarcou num trem rumo a um mundo mágico, termina agora, e, porquê não, no lugar em que se iniciou. Outro trem parte, o garotinho cresceu pra se tornar um herói e antes de mais nada, para garantir que a jornada de outros seja num mundo livre, onde valores como amizade, lealdade e coragem ainda possam ser admirados. Mais do que passar anos aprendendo em Hogwarts, Harry Potter passou seu tempo ensinando.

    2 comentários:

    Anônimo disse...

    Pena que a ultima parte, a mais emocionante (que seria a luta dentro do salão, o harry aparecendo para todos que ficaram totalmente surpresos ) não teve nada a ver com a do livro. Foi totalmente diferente, .. a luta da Sra Wesley com Belatriz que luta da hora no livro, porem no filme ela mal passou e ainda totalmente irreal.. Fora outros equivocos.

    celio disse...

    Pena que a ultima parte, a mais emocionante (que seria a luta dentro do salão, o harry aparecendo para todos que ficaram totalmente surpresos ) não teve nada a ver com a do livro. Foi totalmente diferente, .. a luta da Sra Wesley com Belatriz que luta da hora no livro, porem no filme ela mal passou e ainda totalmente irreal.. Fora outros equivocos.

     
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