Depois de tanto tempo esperando, finalmente vi o Batman que eu conheço, no cinema. Embora o diretor do filme, Christopher Nolan, diga que seu filme é realista (e realmente o é), seu Batman é exatamente o personagem tal qual foi concebido e aperfeiçoado por diversos autores durante seus 66 anos de vida.
O filme começa intercalando imagens do pequeno Bruce Wayne e seus traumas de infância (o medo de morcegos e a morte de seus pais) e o Bruce adulto, viajando pelo mundo e treinando para conseguir alcançar os meios para combater a injustiça. É interessante a forma como Nolan joga Wayne em uma prisão no oriente e mostra que ele não chegou ali por acaso. Em rápidos flashes nos é mostrado que Bruce aprendeu outras coisas além de artes marciais. Tudo é deixado meio implícito, mas pode servir de gancho pra continuação, afinal, algum outro mestre de Bruce pode aparecer, como por exemplo o detetive particular com quem ele aprendeu suas técnicas de investigação em Chicago.
Quando o retorno de Wayne a Gotham é mostrado e o leva a sua transformação a Batman, a narrativa do filme lembra muito a mini-série Ano Um de Frank Miller. Tudo acontece muito rápido, embora não seja em um curto período de tempo (no roteiro a ação do filme se passa em tres meses). A partir de sua transformação em Batman, a história ganha mais vida. Fica mais dinâmica. Somos agraciados com imagens do Batman fazendo o que ele faz nos quadrinhos: agindo disfarçado, investigando uma região de traficantes, interrogando o policial corrupto, Flass (em uma das melhores sequencias do filme).
Outro ponto positivo do filme são os vilões. Ao contrário das outras versões, dessa vez o flme não é centrado neles, mas nem por isso não são bem construídos. Carmine Falcone, o Espantalho e Ra’s Al Ghul não estão ali a toa. Eles tem um motivo, que pelo tom realista do filme é até convincente.
Os coadjuvantes também estão ótimos, com destaque, é claro, para Alfred, responsável pelos melhores diálogos do filme, engraçados e dramáticos também. Michael Caine comprova que foi a escolha definitiva para o papel. Morgan Freeman também está muito bom como Lucius Fox e, assim como Alfred, tem alguns diálogos memoráveis. O Sargento Gordon de Gary Oldman é exatamente o mesmo Gordon de Batman Ano Um, só que com uma participação menor. E Katie Holmes, apesar de ser bem fraquinha como atriz, se sai bem, graças ao roteiro.
Quanto ao visual do filme, é tão dark quanto o gótico de Tim Burton. Gotham lembra muito a Los Angeles de Blade Runner (filme favorito de Chris Nolan). Os efeitos especiais também são um caso a parte. Não aparecem muito, e quando aparecem é porque se fazem realmente necessários.
Quando terminou, percebi como era simples adaptar o Batman. Era só um diretor levar o personagem a sério. Nolan o fez e presenteou os fãs do morcegão com o melhor filme baseado em hqs de heróis ja feito. Enfim, saí do cinema com a sensação de que pela primeira vez assisti um filme do Batman. Os outros eram apenas filmes sobre um cara vestido de Morcego.