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Som: Herbie Hancock - The Imagine Project

Pra quem não é muito ligado ao jazz, o nome de Herbie Hancock pode não fazer muita diferença. Bom, vamos lá pra algumas considerações no caso de você não fazer ideia de quem estou falando. Nascido em 1940, Hancock se firmou como pianista e compositor. Sua música carrega fortes influencias de outros ritmos mais ligados a World Music. Já tocou com Miles Davis e hoje é considerado um dos maiores nomes do jazz. O legal da sua música é que ela é mais acessível às massas do que geralmente se espera de um mestre jazzista. Seu novo álbum, The Imagine Project é uma boa amostra disso.

A primeira faixa é uma versão muito eclética de Imagine, clássico de John Lennon. Parceria com Pink, Seal, India.Arie, Jeff Beck, Konono N°1, & Oumou Sangare. Pink volta com John Legend na segunda música do álbum, Don't Give Up de Peter Gabriel. Já era melancólica em sua versão original, aqui interpretada pela voz potente da Pink se torna ainda mais forte em sua mensagem quase de auto-ajuda. Pros brasileiros, temos Hancock se unindo a cantora Céu na faixa Tempo de Amor.

Mais pra frente, na quinta música, uma agradável versão de The Times, They Are A’ Changin com The Chieftains, Toumani Diabete, & Lisa Hannigan. Uma das melhores letras de Bob Dylan com um arranjo mais sofisticado.

Na audição desse CD encontramos ainda Tomorrow Never Knows com Dave Matthews e A Change is Gonna Come, com James Morrison.

Álbum recomendável pra quem quer ser introduzido no mundo do Jazz, mas com um pé no pop, pra que depois aquelas improvisaçõs de Miles Davis ou John Coltrane não pareçam estranhas.

Ouça algumas faixas no site oficial de Herbie Hancock.
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Trilhas Marcantes - Predador (1987)

Pois é, mais uma sessão do re-enter. Gosto de compartilhar com vocês o q eu acho bacana no cinema ou em outras mídias. Temos as Cenas Memoráveis e agora teremos as Trilhas Marcantes. Grandes clássicos sempre vem acompanhados de uma música bem incorporada.

Como essa semana tivemos a estréia de Predadores, filme que promete trazer esse monstro tão famoso de volta aos trilhos, vamos recordar do tema criado por Alan Silvestri para o filme original de 1987, com Arnold Governator.



P.S.: Queria marcar meu retorno à resenhas do blog com a crítica desse novo filme. Não consegui assisti-lo no final de semana, mas até sexta pretendo colocar o texto por aqui.
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Agora você vê, e agora... não vê mais!

As palavras que antecedem um truque de mágica podem ser invertidas no contexto cinematográfico por um bom diretor. O cineasta competente diz ao espectador exatamente o oposto: “Agora você não vê, e agora... você vê”. Gênios como Alfred Hitchcock, Stanley Kubrick, Steven Spielberg, Quentin Tarantino, entre outros, conseguem transformar o nada em imagem, ou seja, em tudo. A magia da sétima arte acontece ao contrário.


Ter o olhar para o cinema, encontrar o enquadramento perfeito, pensar a cena como parte da experiência e criar uma obra-prima não é pra qualquer um. Tome como exemplo Hitchcock, que ao conceber, juntamente com seu roteirista e seu diretor de fotografia, a clássica cena de Psicose em que a personagem de Janet Leigh é morta no banho, criou um dos momentos mais memoráveis da história do cinema. Ou ainda Kubrick, na sequência de abertura de 2001 –Odisséia no Espaço, sem um diálogo sequer, explicar a importância de uma das caraterísticas mais marcantes do ser humano: a capacidade para a evolução através da inteligência.


Mas, você deve se perguntar, é mérito apenas do diretor? Estes gênios que a história construiu não estavam sozinhos. E toda a equipe? Não leva créditos? Claro que leva. Hitchcock é famoso por trabalhar com os melhores em seus ramos. Porém, sem um maestro, a orquestra se perde e no cinema acontece o mesmo. Um bom exemplo está no recente blockbuster Transformers – A Vingança dos Derrotados. Temos uma equipe de efeitos especiais competente, roteiristas excelentes (do recente Star Trek), mas um diretor medíocre. O resultado? Um filme de verão em que as maluquices de Michael Bay prevalecem e fazem do que poderia ser uma diversão de alto nível, um mero exagero. Se os grandes diretores são mágicos, Michael Bay é o Mr. M. Um ilusionista meia-boca que nunca conseguiu grandes truques e precisa usar da polêmica pra causar alguma reação, mesmo que seja de raiva.


Mas nem tudo está perdido. A sétima arte ainda cultiva bons mágicos que podem, daqui alguns anos, estar em um lista de gênios. Tarantino é um deles. Este é um showman dos mais espertos. Sabe aquele cara que antes do truque (que pode ser do mais simples) desvia a atenção da platéia dizendo um pouco sobre sua história, falando o quanto sua infância foi marcada por personagens incríveis que ele aprendeu a admirar durante os anos e tudo mais? Pois é, quem não fica impressionado com os diálogos que o diretor de Pulp Fiction escreve? Ele consegue segurar uma cena de 20 minutos apenas com a conversa entre dois personagens e ainda assim criar supense sem sair do ritmo. Prova disso é a abertura de Bastardos Inglórios. Aquilo é cinema. Aquilo é magia.


Por isso, se você tem pretensão a cineasta ou a produtor de conteúdo em geral, não se esqueça, se o truque é grandioso ou uma mera tirada de coelho da cartola, sempre tenha uma carta na manga pra fazer seu público aplaudir e saber que presenciou a atuação de grande mágico às avessas: aquele que, ao invés de fazer desaparecer, consegue fazer aparecer uma grande obra.

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Blame it on Ben-Hur

Lembro-me como se fosse ontem. Eu deveria ter uns 7 anos. Meu pai, numa tarde, disse que de madrugada iria passar um “filmaço” que ele queria muito rever. E, como ele quase nunca me privava de uma dose de cultura, disse que iria me acordar pra eu poder assistir também. O filme, que iria começar as 2 horas da manhã, era “Ben-Hur”. Qualquer aficionado por cinema conhece este clássico com Charlton Heston. O épico bíblico ganhador de 11 Oscar em 1959, incluindo o de Melhor Filme. Mas, na cabeça de uma criança de 7 anos todas essas informações não faziam diferença alguma. Eu iria assistir pela experiência: acordar às 2 horas da madrugada pra ver um filme pode parecer bobo, mas não se esqueçam da minha idade na época.


Era um evento. Que criança não espera isso dos pais, ficar acordado de madrugada vendo TV. Bom, eu sei, os tempos são outros e a garotada tem outras coisas na cabeça hoje em dia. O que é até muito triste. Havia uma certa inocência nisso tudo e a falta desse tipo de coisa não é bem-vinda na sociedade atual. De qualquer forma, fui dormir mais cedo pra poder aproveitar a sessão sem sono. Afinal, que graça tem assistir um filme e não prestar atenção.


Não sei o que me marcou tanto ali. Deve ter sido realmente pela experiência, mas “Ben-Hur” foi o primeiro filme que assisti realmente consciente do que estava assistindo. Na minha cabeça eu dava os primeiros passos pro que, na de alguém mais velho, poderia se tornar uma resenha. Fiquei fascinado pelos cenários, pela história, pelas interpretações e, lógico, pela corrida de bigas. O impacto foi tão grande que eu me lembro claramente da sequência. E não foi por causa de reprises. Por algum motivo eu nunca mais assisti esse filme e hoje estou com 25 anos. Ele está aqui na minha estante, numa edição especial em DVD. Mas não o revi. Gosto dele na minha mente, do jeito que está. Pretendo revê-lo sim, agora com um senso crítico mais formado. Mas não fará diferença. Eu sei que irei continuar a gostar dessa obra-prima da sétima arte de uma forma muito particular.


“Ben-Hur” não é meu filme preferido. Este é outro, de uma geração diferente, cujo texto vocês podem ler aqui. Mas, devido ao efeito que teve sobre mim, é um dos filmes que está entre os mais importantes pra minha formação como estudioso de comunicação. Lá no fundo, “Ben-Hur” tem sua parcela de “culpa” por eu ter escolhido jornalismo e publicidade como profissão. Ora, vocês estão lendo este texto por causa dele.


A partir de “Ben-Hur”, devorei o cinema. Clássicos, entretenimento vazio, filmes cult. O que aparecia na frente, eu assistia. Adquiri gosto por filmes. Mas acima de tudo, adquiri gosto por boas histórias, produções impecáveis. Até começar a perceber minha apreciação por truques de câmera, enquadramentos, direção. A sétima arte me fascinava. E, graças a este clássico, continua me fascinando.


Parando pra pensar, talvez a “culpa” não seja de “Ben-Hur”. Seja do meu pai. Ele provavelmente não imaginava que seu gesto seria tão importante pra minha formação quanto qualquer conselho, repreensão ou uma dessas coisas que os pais fazem. Ele me ensinou a admirar arte. E isso, por si só, já vale por toda uma boa educação.


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Um pouco mais sobre Ben-Hur (http://en.wikipedia.org/wiki/Ben-Hur_(1959_film))

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