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Crítica: Blu-Ray - Avatar - Edição Estendida de Colecionador

Avatar estreou no final de 2009 em meio a uma enorme expectativa. Depois de 12 anos sem dirigir um filme, conseguiria James Cameron, com toda sua pesquisa sobre cinema digital e 3D, revolucionar a indústria? É inegável o impacto que a história de Jake Sully e sua luta pra salvar o planeta Pandora teve nas salas de exibição tridimensional por todo o mundo. Um filme de tal importância e impacto merece um tratamento especial no Home Video. O lançamento em DVD e Blu-Ray de Avatar, ainda no primeiro semestre de 2010, movimentou a venda direta e arrecadou mais alguns milhões pros bolsos de Cameron e da Fox. Porém, fãs e colecionadores, embora tivessem o filme em mãos, ficaram um tanto decepcionados, pois não houve o esperado esmero em proporcionar horas de bastidores, cenas excluidas e tudo mais que uma produção assim pede. Lógico que era uma questão de tempo para o lançamento de uma Edição Especial. E, finalmente, neste mês chega as lojas um caprichado lançamento, com 3 versões diferentes do filme (no mesmo disco no caso do Blu-Ray e dividido em dois no DVD), além de incontáveis extras quem exploram todo o processo de produção de Avatar. Mas e ai? Valeu pela espera de quase 1 ano pra ter tudo isso em casa? Vamos conferir a seguir.

Embalagem

Quando se lança uma Edição de Colecionador, o mínimo que se espera da embalagem é que tenha um atrativo a mais para garantir seu lugar na estante. No caso de Avatar, a Fox no Brasil achou que uma mera luva de efeito metalizado solucionasse esse quesito. Enquanto a edição americana tem um tratamento diferenciado, por aqui, os três discos vem acomodados em uma embalagem Amaray sem nada demais. Se viesse num Digipak pelo menos teria algum diferencial. A luva que protege a embalagem é até bonita, mas de forma alguma está a altura do lançamento. Já é a segunda vez que a Raposa decepciona em menos de 1 mês. O primeiro caso foi com a Antologia Alien, também lançada em Blu-Ray. Apesar da Fox ter trazido a embalagem do Ovo, que já se esgotou de todas as lojas, a versão normal da coleção não trazia nem uma impressão diferente na luva. E o preço fez muitos fãs (incluindo este que vos escreve) preferirem importar os discos, que mesmo se fossem taxados saíriam mais baratos. Pra terminar, dentro do estojo, um panfleto indicando que Avatar estreia no Telecine no final do mês. Muito útil pra quem acabou de adquirir a versão estendida em alta definição, não é?

O Filme com mais 16 minutos

James Cameron é famoso por desenvolver tanto os personagens que extrapola a duração de suas produções. Foi assim com Aliens, O Segredo do Abismo e Exterminados do Futuro 2, todos relançados posteriormente com versões estendidas. Com Avatar não foi diferente e agora temos uma edição com 16 minutos a mais. Mas faz diferença? O bom é que sim, faz. Realmente, a maior parte das cenas cortadas e que agora foram inseridas serve para mostrar ao público certos detalhes sobre a história que ajudam a compreender as motivações de cada um. A nova abertura do filme, mostrando Jake Sully na Terra, talvez seja o melhor exemplo de como uma sequência pode contribuir na compreensão de todo o universo criado por Cameron. Porém sua ausência na versão que todos assistiram nos cinemas em nada interfere no entendimento da história. Acrescenta, mas sem fazer falta.

Estendido ou não, Avatar vale a pena ser redescoberto agora, sem a trucagem do 3D. Aliás, é assim que o filme se mantém. Se a história é boa, o espectador fica atento mesmo se o que está sendo projetado for uma animação em ASCII. E Avatar se sustenta sem precisar das três dimensões. A história tem uma profundidade enorme e a mensagem ecológica que o roteiro passa é mais do que pertinente. Então, sim, o mundo de Pandora é tão interessante agora quanto foi há um ano atrás, em que o público se sentiu compelido a colocar aqueles desconfortáveis óculos pra embarcar numa experiência cinematográfica vendida como única e que agora já não surpreende muita gente, pela extensa divulgação da tecnologia.

A Imagem

Ver Avatar em alta definição é a confirmação do porquê o Blu-Ray tem causado tanto estardalhaço. Cada detalhe da floresta, os póros e nuances de pele dos Na’Vi, as texturas impressionantes criadas por computação gráfica. Está tudo lá, da forma como James Cameron conceitualizou e, com a ajuda da Weta (a mesma empresa de efeitos especiais da trilogia Senhor dos Anéis), conseguiu criar. A imagem é cristalina e os que se incomodam com granulação de película não terão do que reclamar, já que todo o processo de captação do filme foi digital.

As sequências de voo são, de longe, as mais impressionantes pois mostram toda a profundidade que o diretor conseguiu dar ao mundo de Pandora . É indescritível reconhecer plantas e detalhes que estão lá no fundo da tela, com tanta nitidez. O nível de realismo empregado é tanto que a impressão é de que tudo aquilo é um documentário do Discovery Channel mostrando algum mundo recém-descoberto.

Tudo isso em único disco que, como contém 3 versões do filme, ainda sofre com a encodificação que ainda divide espaço com as faixas de áudio. Imagine Avatar sem compactação como deve ser. A imagem mantém a proporção mais próxima ao cinema IMAX, o que deve agradar quem gosta do filme preenchendo toda a tela da TV.

Som

A experiência cinematográfica de Avatar se completa com uma vibrante faixa de áudio em DTS HD, que segundo o menú, foi desenvolvida para dar ao espectador o mesmo nível de experiência de uma sala de cinema. Para quem depende de um sistema surround o disco também vem com uma faixa estéreo criada especialmente para lançamento.

Os detalhes do áudio são tão claros como os da imagem. Repare nas cenas mais movimentadas como cada barulho é perfeitamente audível e ajuda a transformar todo aquele mundo em algo muito próximo da realidade.

A trilha de James Horner, embora sofra com pouca criatividade (em vários momentos a música evoca trabalhos anteriores do compositor como Aliens, Star Trek II e até Titanic), se equilibra muito bem com os efeitos sonoros dos ambientes.

Extras

Se na embalagem o Blu-Ray de Avatar não é assim tão especial, pelo menos no conteúdo a Fox caprichou. Quem esperou para adquirir o filme com certeza vai se sentir recompensado.

Dos 3 discos da Edição Especial, dois são para os extras. Em um deles há 45 minutos de Cenas Excluídas, sem efeitos completados, mas servem para introduzi alguns elementos que ficaram de fora do corte final do filme, incluindo ai um relacionamento entre os personagens Trudy e Norm, e uma certa culpa de Parker, o executivo da mega-corporação de extração mineral que não se sente mais a vontade com o massacre dos Na’Vi. No mesmo disco ainda se encontra um making of de 90 minutos explorando desde o desenvolvimento do roteiro, há 12 anos, até a finalização dos efeitos. Vale a pena pra quem gosta de conhecer segredos de produção e bastidores. Os fãs de Lost vão gostar de ver o teste de personagens com Yunjin Kim, a Sun, fazendo a Neytiri. Ainda no Disco 2, uma seleção de arquivos de produção com o teste de elenco de Sam Worthington e de Zoe Saldana, o curta Brother Termite, que serviu de base para a evolução da captura de movimento, e testes de efeitos visuais.

No Disco 3, algumas cenas do filme foram desconstruídas, ou seja, há a opção de assiti-las na fase de captura de movimentos, na fase de visualização temporária dos personagens e na fase finalizada. É interessante pra entender os processos de produção de um filme dessa escala. Alguns featurettes complementam o making of do Disco 2, detalhando ainda mais certos aspectos de bastidores.

Por último, mas não menos importante, estão os arquivos de Avatar contendo a primeira versão do roteiro escrito por James Cameron e o texto final, ambos em inglês, além de várias imagens da equipe de Direção de Arte, com conceitos para o visual de personagens, veículos, cenários, vestuário e tudo que envolve esse departamento. É como se fosse um ArtBook de Avatar, a disposição do controle remoto.

A única coisa que realmente ficou faltando foi um comentário em áudio no disco do filme, mas, talvez, tudo que Cameron e sua equipe tinham pra comentar já esteja muito bem dividido em todos os vídeos dos Discos 2 e 3.

Avaliação final – Avatar – Edição Especial de Colecionador em Blu-Ray é um item que não pode faltar na sua estante. Seja você fanático pelo mundo de Pandora, ou simplesmente fã de cinema, essa é uma obra que vale a pena ter em casa, especialmente levando em conta a quantidade de extras. Apesar de uma embalagem que não faz jus ao nome “Edição de Colecionador”, a Fox caprichou no conteúdo, que no fim é muito mais importante para a maioria do público.

Obs.: Ainda que exista uma edição correspondente em DVD, procure fazer opção pela versão em Blu-Ray, mesmo sem ter o player. O preço sugerido para ambas é o mesmo, mas o DVD tem desvantagens como o filme estar dividido em dois discos e o número de extras ser menor. Além do mais, Avatar nasceu pra ser assistido em Alta Definição, então optar, como colecionador, pela edição em DVD é optar por um item “mutilado” que não corresponde a concepção original do filme, como obra cinematográfica.

Continua...
 
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