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Resenha Blu-Ray - Alien Anthology parte 4

Alien – A Ressurreição (1997)

Se a maior falha de Alien³ foi não trazer nada de novo pra franquia, o que dizer do quarto filme? Dirigido pelo francês Jean-Pierre Jeunet (Amélie Poulain), A Ressurreição do título se refere apenas ao retorno de Ripley (Sigourney Weaver), agora um clone. Não é o renascimento da cinessérie, como deveria ser e na verdade serve como o último prego no caixão que enterrou de vez os monstros alienígenas.

Jeunet deve ser a escolha menos óbvia para se fazer um Alien. Quem conhece a filmografia do diretor reconhece seu forte estilo visual, principalmente pelo suspense Ladrão de Sonhos, e sabe o quão europeu ele é em suas escolhas, tanto no casting, quanto no ritmo. Por “sorte” o francês entendeu que a Fox o via como um diretor contratado e nada mais. Segundo ele mesmo, no Making Of, fazer este filme foi como dirigir um longo comercial. Porém, com a vantagem de ter uma certa liberdade, desde que não saísse do orçamento. Com o roteiro já pronto, escrito por Joss Whedon (o criador de Buffy), Jeunet só adicionou um pouco do que ele considerava interessante visualmente. E por fim, a película é isso mesmo: visual. Alien – A Ressurreição é impecável na fotografia, nos cenários, figurinos e efeitos práticos. Mas, na história mesmo, é uma falha enorme.

O elenco de apoio tem nomes até mais interessantes do que os dos filmes anteriores, se feita a comparação. Winona Ryder, Ron Pearlman, Michael Wincott, Dan Hedaya e Dominique Pinon são atores que costumam engrandecer as produções em que atuam. Porém, devido ao fraco desenvolvimento por parte do texto de Whedon, acabam decepcionando. Pearlman faz um dos personagens mais inconstantes de sua carreira, quase um bipolar. Ele desconfia e discute com Ripley o tempo todo para, no último ato, ao ver a personagem voltando do ninho dos alienígenas soltar um sorridente e animado: “Ripley is back, man!”. Isso depois dela quase arrancar a língua dele em uma discussão. Ryder, faz a andróide com consciência e dona das atitudes mais estúpidas possíveis, como entregar uma arma pra alguém que ajudava a equipe a contra-gosto e visivelmente a favor dos monstros. Isso sem mencionar a desculpa esfarrapada para trazer Weaver de volta, transformando Ripley num clone com poderes especiais.

Pra não dizer que a quarta parte da franquia não tem pontos positivos, além dos mencionados anteriormente como o visual, a trilha sonora é envolvente e provavelmente uma das melhores da série. E, se Jeunet trouxe algo realmente novo para Alien foi o humor negro, que até caiu bem num filme que já soa ridículo em sua própria concepção. Não levar aquilo tudo à sério foi uma decisão acertada por parte do francês. Talvez graças ao diretor Alien 4 é também o mais sexual de todos. Se o monstro é um símbolo fálico criado por H.R. Giger, todo o resto nessa produção é extremamente feminino. Do ovo, agora pulsante, até o ferimento da andróide interpretada por Ryder, tudo é mostrado com uma quantidade até exagerada de fluidos. Do mais, A Ressurreição é um erro atrás de outro e de forma alguma faz jus à uma antologia de filmes que começou com Ridley Scott e James Cameron.

Vídeo – A qualidade de vídeo é ótima, enfatizando a fotografia de Darius Khondji, com uma paleta de cores muito interessante. A cena debaixo d’água é, de longe, a mais interessante do filme, devidamente granulada e cheia de detalhes. Infelizmente, por ser o mais recente da série, talvez não tenha tido o mesmo cuidado de remasterização dos dois primeiros, mas ainda assim é um passo gigantesco em relação à sua edição em DVD.

Áudio – Tiros, explosões, grunhidos dos alienígenas. A edição de som de Alien – A Ressurreição é muito bem feita e a faixa em DTS HD tudo fica extremamente claro. Os diálogos são limpos e o áudio-ambiente da nave é muito envolvente. Talvez por ser mais novo, seja o que mais faz bonito do Home Theater.

Extras – Seguindo a tradição, o Making Of é esclarecedor, mas a produção desta vez não foi tão conturbada. A não ser pelo depoimento do produtor David Giler, que praticamente renega esse filme e pelo relato do fim do relacionamento de Jeunet com seu freqüente colaborador Caro. Tudo porque a visão artística deste último não batia com a proposta da Fox. Os dois nunca mais trabalharam juntos. Um destaque do documentário é o longo processo de produção da cena submersa que levou quase 1 mês pra ser completada. Como foi a primeira sequência a ser rodada serviu para pavimentar a relação entre os atores e criar um ambiente, que segundo os envolvidos, foi muito agradável, em contra-partida aos três anteriores.

Também estão presentes alguns featurettes, inclusive um que tenta prever como seria um quinto filme, com vários envolvidos na série dando suas opiniões. Interessante saber que não é de hoje a vontade dos produtores em criar uma história anterior ao primeiro, mostrando a origem do Space Jockey. Segundo as últimas informações é exatamente isso que Ridley Scott está preparando para seu retorno à franquia. Os já habituais comentários em áudio também estão presentes, assim como material de divulgação original, trailers e comerciais de TV.

Avaliação Final: O que começou em 1979 como um dos melhores filmes de terror do cinema, infelizmente não terminou tão bem com um quarto filme bem abaixo do resto da franquia. Pra quem não se importa muito com história, no entanto, leva um exemplar com bastante ação e violência na medida. Os atores foram desperdiçados, mas Alien – A Ressurreição até contém boas cenas, como a submersa. Em termos de extras, como nos anteriores, a Fox da um show em selecionar tão bem o conteúdo.

Continua...
 
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