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Crítica: Eu Sou o Número Quatro

A primeira década dos anos 2000 viu crescer o número de adaptações para o cinema de livros de sucesso, principalmente por causa de uma certa saga sobre um bruxo adolescente. Não demorou e todos os estúdios tentaram criar uma franquia que pudesse atingir a maior parcela do público pagante dos multiplexes hoje em dia: os adolescentes. Por enquanto, pode-se dizer que somente Crepúsculo conseguiu gerar o barulho esperado. E é justamente na cola dos vampiros que brilham no sol que Eu Sou Número o Quatro surge, como a aposta da Paramount para seu próprio caça-níquel de origem literária.

Mas o filme, que estreia nas sala brasileiras esta semana, talvez por influência de seus roteiristas, Al Gouh e Miles Millar, acaba buscando mais inspiração em outro produto de alvo adolescente, Smallville. Gough e Millar estiveram à frente do seriado sobre a juventude do Superman por muito tempo. Talvez por isso, mesmo sendo adaptação de um livro, Eu Sou Numero Quatro carregue tantas semelhanças com as aventuras de Clark Kent em Pequenópolis. Nem por isso deixa de trazer boa parte dos problemas que fazem a Saga Crepúsculo ser tão criticada pela mídia especializada.

A diferença na história do rapaz que vem de outro planeta e se vê perseguido pelos algozes de sua raça está em alguns personagens que surgem mais interessantes do que os coadjuvantes do romance entre Bella e Edward. O interesse romântico do jovem alienígena John Smith (Alex Pettyfer), por exemplo, é uma garota com muito mais conteúdo do que a protagonista dos livros de Stephenie Meyer. Claro que isso não salva o longa, que sofre com uma direção desinteressada em criar bons momentos e não consegue gerar expectativas para a batalha no último ato, com efeitos competentes, sem dúvida, mas que aparece na trama na obrigação de dar algum desfecho à obra.

Apesar de comandado pelo novato D.J. Caruso (que tem no currículo dois plágios de Hitchcock, Paranóia e Controle Absoluto), a mão do produtor Michael Bay pesa um pouco mais. A fotografia de Guillermo Navarro lembra, e muito, a dos filmes do diretor de Transformers. A trilha incidental de Trevor Rabin (colaborador de Bay, desde a época dos filmes produzidos por Jerry Bruckheimer) então, nem se fala. As cenas de ação típicas do diretor também fazem parte de Eu Sou o Número Quatro e só por isso deve atrair um maior número de público masculino do que o esperado, afinal, a divulgação não esconde que a produção pesa muito mais pro lado do romance do que pra explosões e efeitos especiais.

Infelizmente, nem mesmo a história de amor chama muita atenção já que é praticamente uma colagem de tudo que já foi contado sobre o garoto deslocado no colégio enfrentando o valentão, fazendo amizade com o nerd e se apaixonando pela garota bonita da turma (que obviamente já namorou o valentão). Não há nada de novo na história que justifique o mínimo de interesse em produzir um filme assim, a não ser claro, ganhar dinheiro em cima de um best-seller.

No final, fica a sensação de que ainda veremos mais aventuras do jovem alienígena, já que os números da bilheteria não foram tão ruins e tanto os atores quanto o diretor têm contratos para continuações. A história talvez melhore com o tempo (o autor dos livros prevê o lançamento de seis volumes de sua saga), mas, se continuar com o mesmo desdém por parte de seus idealizadores pode não sobreviver pra contar, no cinema, pelo menos, o destino dos outros alienígenas que ainda estão vivos. E vai acabar na lista das franquias que só começaram, mas não conseguiram chegar ao fim.
Continua...
 
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