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Rapidinhas

Hobo With a Shotgun - O filme vem da mesma ideia de Machete: um trailer falso criado pra ser exibido antes de Grindhouse, o projeto de Quentin Tarantino e Robert Rodriguez. No longa, Rutger Hauer é um mendigo que chega em uma cidade dominada por criminosos bizarros que vão desde um Papai Noel pedófilo até o chefe de uma gangue de sádicos. Cansado de ver tanta sujeira acontecendo, decide combater o crime munido de uma espingarda. Funciona como homenagem aos filmes B dos anos 70 e 80. Desta última década inclusive, vem a estética do filme, que além de referenciar as produções violentas, também busca inspiração nos quadrinhos adultos da época. A cidade lembra muito Hub City, área de atuação do Questão, por exemplo. Outra referência é a trilha incidental que faria John Carpenter ficar muito orgulhoso. Já a violência do filme chega a ser pornográfica de tão escrachada. O resultado final não é tão satisfatório quanto Machete, o que torna Hobo With a Shotgun um bom exemplo de guilty pleasure.

Splice - Produzida por Guillermo Del Toro, essa ficção científica com elementos de terror mostra um casal de cientistas, interpretados por Adrien Brody e Sarah Polley, "brincando de Deus" ao criar uma espécie totalmente nova, a partir do DNA de vários animais além, é claro, de material genético humano. Há bons momentos no longa, dirigido por Vincenzo Natali. O ritmo lento, a fotografia que privilegia sombras e cores frias e até alguns acertos do roteiro (quando se permite partir pro humor negro). Mas na maior parte do tempo, o filme falha. Não funciona como mensagem e certamente não empolga quando deveria. Isso sem mencionar no comportamento errático dos protagonistas, seja em relação à criatura ou no momento de "epifania" de Brody ao deduzir que Dren (o espécime criado) está "morrendo" (erroneamente, e ele teria percebido isso se tivesse prestado atenção no comportamento da criatura durante cada vez q algo mudava em seu metabolismo) , lá pelo fim do filme. Vale apenas pelo esforço de seu realizador, que precisou esperar alguns anos para que a tecnologia pudesse criar os efeitos desejados.

Sobrenatural - Estreia do final de semana em todo o Brasil, o longa é dirigido por James Wan, responsável pelo primeiro Jogos Mortais. A trama mostra a família Lambert se mudando para sua nova casa, apenas para, dias depois, ver um de seus filhos entrar num coma profundo que os médicos não conseguem explicar. A mãe do garoto, interpretada por Rose Byrne, começa a ser assombrada por visões e entende que há algo mais por trás do que está acontecendo. Wan foge do gore da cinessérie que ajudou a criar e entrega um filme de terror à moda antiga, com todos os clichês que se espera do gênero "casa mal-assombrada" (mesmo o roteiro explicando no último ato que não era exatamente o lugar que estava com problemas). O diretor é competente e já mostrou domínio de câmera na película Sentença de Morte, que apesar de não ser uma obra-prima tem boas amostras da qualidade de seu realizador. Com Sobrenatural acontece o mesmo. Há cenas inspiradas e decisões acertadas de edição e montagem, como os primeiros 15 minutos do filme, cuja a ação gira em torno de Byrne, ou nas cenas em que a intenção é levar ao susto com o menor número possível de cortes. Outro ponto alto é a trilha sonora, que invade o ouvido do espectador como as almas penadas que querem invadir o mundo físico. Por outro lado, se perde um pouco em alguns momentos como na apresentação brusca da personagem de Barbara Hershey ou nos clichês já citados. O interessante de Sobrenatural fica mesmo pro final, no mundo astral, com a opção do cineasta em se manter na "velha guarda", criando a atmosfera simplesmente com posicionamento de câmera e cenário, ao invés de usar computação gráfica. Essa mistura de truques com efeitos práticos acaba vindo em boa hora, numa época em que o espectador já vai pro cinema sem esperar ver algo novo. Quando se vê algo velho que parece ter caído em desuso, a surpresa até que agrada.
Continua...
 
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