Na resenha de
Transformers 3, afirmei que
Michael Bay não entende que algumas cenas precisam ser removidas da versão final do filme, para que a obra não sofra com
ritmo arrastado e
informações desnecessárias. Mesmo que a sequência tenha ficado boa de forma isolada, muitas vezes, quando colocada dentro do longa, ela mais atrapalha do que ajuda.
Vejam por exemplo essa bela cena, que deveria ser a inicial de Superman - O Retorno, filme que Bryan Singer dirigiu em 2006. De plástica impecável, deve ter sido uma decisão difícil para o diretor removê-la do produto final, principalmente pelo seu alto custo. Reza a lenda que somente para essa cena, foram gastos 10 milhões de dólares.
Porém, ela não acrescenta nada ao filme, a não ser 5 minutos. É notório que Superman - O Retorno sofre com problemas de ritmo, agora imagine se essa cena tivesse sido incluída no corte final.
Claro que os fãs do personagem iriam adorar a ligação visual com o Superman original de Richard Donner, mas o grande público não é feito apenas por nerds e profundos conhecedores do Homem de Aço. A inclusão dessa abertura poderia atrapalhar ainda mais o desempenho que o longa teve nas bilheterias, que não foi dos melhores, levando em conta seu pesado orçamento.
Por isso que cineastas mais experientes na indústria, que entendem o que fazer para aumentar o apelo comercial de seus filmes, são obrigados a enfrentar o duro momento do "corte". Pra isso não podem ter uma ligação tão forte com o filme a ponto de comprometer sua própria arrecadação e sua qualidade.
Como, então, Michael Bay consegue arrecadar milhões com suas obras exageradas e sem ritmo? Simples. Seus filmes são como doces. Quanto mais você experimenta, mais você quer. Mesmo que causem problemas a sua saúde.
P.S.: A cena deletada, intitulada Retorno a Krypton, está presente nos extras do Blu-ray de Superman - O Retorno, que está incluído no box Superman Anthology, lançamento da Warner para o mercado de Home Video em agosto no Brasil.