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Especial O Cavaleiro das Trevas: Retrospectiva do Batman no cinema

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  • segunda-feira, 30 de junho de 2008
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  • Alexandre Luiz
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  • Este post faz parte do aquecimento pro próximo filme do Batman e também revê certas criticas anteriores feitas aos filmes de Tim Burton e (principalmente) Joel Schumacher, o diretor que ficou conhecido como o homem que enterrou a franquia do morcegão nos cinemas.

    Em 1989, chegava às telas o filme Batman. Dirigido por Tim Burton, o filme tinha Michael Keaton no papel principal, Jack Nicholson como Coringa e a, na época linda, Kim Basinger como Vicky Vale, o interesse amoroso do herói. Sucesso absoluto de bilheteria, esse primeiro filme mostrava o confronto de Batman com Coringa, em uma livre adaptação na qual o vilão fora responsável pela morte dos pais do herói. Como adaptação, o filme peca um pouco, a começar por essa versão do assassinato da família do morcego. Outros fatores que atrapalharam o filme foram as interpretações de Pat Hingle como Comissário Gordon (sério, como um policial daquele consegue virar comissário de polícia?), a armadura que não deixava o roliço Michael Keaton se mexer, transformando Batman numa espécie de Robocop, e o próprio Keaton, que, além de roliço, era baixinho e na época semi-careca. Mas, apesar de não ser fisicamente compatível com Batman, Keaton até que se virou bem, encarnando o soturno personagem. Mas isso também foi um problema... ele soube ser Batman, mas, creio eu que por pobreza do roteiro, foi um péssimo Bruce Wayne. Aqui talvez, a culpa tenha sido de Burton, principalmente em não construir bem a personalidade de Bruce Wayne/Batman. O diretor focou mais a história no vilão. E não há como negar. Jack Nicholson rouba a cena. Recentemente, o ator disse que o Coringa é papel que ele mais gostou de ter feito. Tirando o fato de ter sido seu maior cachê (e um dos maiores da história do cinema), ninguém pode culpá-lo por ter gostado do personagem. O papel lhe coube como uma luva.
    Sobre o mordomo Alfred também não há muito o que reclamar. Lógico que ele não é, na versão de Tim Burton, como o equilíbrio para o lado psicótico de Bruce Wayne, mas mesmo assim Michael Gough está ótimo no papel.
    Kim Basinger como Vicky Vale também é um fator negativo. Batman não fica bem tendo um interesse amoroso. Sério, tudo bem que há inúmeras especulações sobre o homossexualismo de Batman nos quadrinhos, e dizer uma coisa dessas seria como assumir esse lado do morcego. Mas não fica bem mesmo. Tanto que nos quadrinhos, Bruce Wayne é um playboy, e pra manter a aparência de playboy as garotas são como diversão, ele nunca deixa passar disso. Ele não pode envolver uma jornalista, no caso da personagem de Vale no filme, na sua luta contra o crime.
    Enquanto no roteiro, o filme falha em alguns aspectos, na parte técnica, é um show a parte. Claro que não se poderia esperar menos de um filme de Tim Burton. Gotham City é um espetáculo. A arquitetura gótica dos quadrinhos foi enfatizada ainda mais no filme. A fotografia escura e quase sem cor passa todo o clima sombrio e pesado dos quadrinhos do Batman na época, aproveitando as mini-séries, Batman Ano Um e O Cavaleiro das Trevas, ambas de Frank Miller, onde a cidade é um fator principal da história. Burton também se baseou na fase inicial de Batman nos quadrinhos, quando o personagem era muito mais violento, até mesmo portando uma arma de fogo em algumas histórias. Percebe-se que Burton tinha realmente em foco essas duas fases do Batman, mas com uma leitura.
    A musica incidental, composta por Danny Elfman (Ex-Oingo Boingo), parceiro quase absoluto de Tim Burton, combina com o personagem, mantém o clima sombrio e quase depressivo da história e fez tanto sucesso que acabou entrando pra trilha do desenho lançado em 92. Já a trilha sonora composta por Prince não agradou muito os fãs na época, apesar de ser um trabalho ótimo do artista.
    Com o sucesso do filme, a continuação era mais que óbvia e, em 1992, Batman – O Retorno chega às telas, trazendo o mesmo elenco do filme anterior, com exceção de Kim Basinger, que tem sua personagem apenas citada, e contando com Danny DeVito como Pingüim, Michelle Pfeifer como Mulher-Gato, e Christopher Walken como Max Schrek.
    Todos vilões. Sim, nessa continuação, o homem-morcego enfrenta 3 vilões! Pingüim e Mulher-gato são caracterizados pelos seus problemas psicológicos, enquanto Max Schrek (nome dado em homenagem ao ator que fez o Conde Orlock no filme Nosferatu de F.W. Murnau) é um corrupto político, que almeja controlar o Pingüim, lançando a candidatura desse a prefeito de Gotham.
    No gênero vilões, o filme, como seu predecessor, não falha. Todos os atores são competentes, e muito, em suas interpretações. E de novo, mas dessa vez mais evidente, o roteiro dava mais ênfase a personalidade deles. Batman dessa vez ficou muito mais apagado.
    O visual do filme, sugado dos quadrinhos da época, mais sensuais e noir, está melhor que o visual do primeiro. A fotografia continua sombria, mas tem mais cores na tela. A música de Danny Elfman, baseada no tema do primeiro filme, entra no clima natalino desta seqüência.
    Pat Hingle aparece menos nesse filme do que no primeiro, mas em suas aparições fica claro que sua equipe de policias (incluindo ele próprio) é a mais incompetente possível. Qualquer problema que a polícia tem, o Bat-sinal é ativado. Enquanto nos quadrinhos, Gotham é infestada pelo crime devido a corrupção na polícia, nos filmes é devido a incompetência mesmo.
    Michael Gough, por outro lado, prova mais uma vez que nasceu pra ser Alfred. Dando alfinetadas em Wayne, nesse filme é mais explorado o equilíbrio entre a sanidade e a loucura citado logo acima.
    Voltando aos vilões, vale lembrar que a Mulher-Gato desse filme é muito diferente da personagem nos quadrinhos. Sua origem foi totalmente alterada, mas mesmo assim ainda é melhor do que o filme da ladra, protagonizado por Halle Berry.
    Há momentos que lembram muito o expressionismo alemão. Burton suga mesmo o visual dos filmes dessa vertente cultural e nesse Batman ele pode fazer o que sempre quis, um filme-arte, com apelo comercial. Infelizmente não era bem isso que a Warner e seus executivos queriam na franquia cinematográfica do homem-morcego. Por isso, mesmo a continuação tendo arrecadado mais que o primeiro, Burton foi dispensado do cargo de diretor devido a reclamações de associações de educadores e pais, que alegavam que o filme não era recomendado para as crianças. Aí começaram alguns problemas. Quem disse que o Batman é um personagem infantil? Frank Miller, com toda sua criatividade, havia recriado o Morcego de forma adulta e violenta que foi seguida pelos roteiristas que vieram depois dele, até hoje. O Batman não era mais aquele persongem brincalhão da série dos anos 60. Mesmo assim, Burton foi afastado quando ja estava se preparando para dirigir o terceiro Batman.
    Para tomar seu lugar, Joel Schumacher foi contratado. O diretor já havia feito filmes muito bons, incluindo Garotos Perdidos, clássico terror adolescente dos anos 80. Um novo roteirista também foi contratado, Akiva Goldsman. Seu roteiro para o terceiro filme da franquia tinha o que os filmes anteriores não tinham. Um Batman sombrio, mas nem tanto, e uma construção muito bem elaborada da psique do protagonista. Porém pecava um pouco na construção dos vilões, que nada tinham em comum com suas contrapartes dos quadrinhos. Duas-Caras e Charada pareciam dois palhaços, tirando toda a elegancia que ambos têm nos quadrinhos. Há também a primeira aparição de Robin, indicando aí que esse seria realmente um filme mais leve. Inclusive, há uma semelhança incrivel com a trajetoria dos quadrinhos com isso. Quando as historias do Batman começaram a ficar muito pesadas, Robin foi introduzido para trazer algo mais leve mesmo. Para o papel de Batman, Michael Keaton recusou a chamada, quando soube que Burton não estaria mais envolvido. Em seu lugar, entrou Val Kilmer. Para o Robin, foi contratado Chris O’donnel e Charada e Duas-Caras foram interpretados, repectivamente, por um iniciante Jim Carey e pelo ganhador do Oscar de melhor ator coadjuvante pelo filme O Fugitivo, Tommy Lee Jones.
    Schumacher, ao que tudo indica, foi fiel ao roteiro, e seu filme era o mais longo da série, 165 minutos. Aí, começaram os problemas. Os executivos da Warner acharam que um filme tão longo não faria sucesso, e pediram ao diretor que ele editasse novamente para que a película não passasse de 130 minutos. Com isso, 35 minutos de filme foram perdidos, e fizeram muita falta. O filme fez sucesso, mas em termos de qualidade desagradou bastante. Mesmo assim, Batman Forever é um filme que da pra assistir. Porém sua continuação, Batman & Robin, era o que ninguem queria: uma refilmagem da série dos anos 60! Até a Batmoça está no filme. O roteiro na verdade foi uma cópia do roteiro do anterior, e parece ter sido feito na má-vontade mesmo. Goldsman deve ter imaginado: “se é lixo que eles querem, lá vai!” e copiou de forma grotesca o que Schumacher não havia cortado de Batman Forever. Dessa vez o manto do morcego ficou a cargo de George Clooney. Mesmo tendo o fisico necessario pro papel, ele não convenceu ninguem. Canastrice tem limite, mas Clooney nessa época parecia não saber muito disso. Como vilões os escolhidos para serem avacalhados foram Mr. Freeze, papel dos sonhos do ator que o interpretou, Arnold Schwarzenegger, pois é um personagem sem sentimentos, ou seja, não exigiria do atual governador da Califórnia que ele tivesse expressões significativas, Hera Venenosa, que ainda se salvou no meio da parafernalha toda, sendo interpretada por Uma Thurman e Bane, que nessa versão não é o vilão inteligente que descobre a identidade do Batman nos quadrinhos, mas sim um mero capanga de Hera que não consegue falar palavras com mais de duas silabas!
    Esse filme enterrou a franquia de Batman nos cinemas por 8 anos. Porém, em 2005 uma nova franquia surgiu com Batman Begins, dirigido por Chris Nolan e trouxe um pouco de esperanças de que um filme do Morcego poda ser fiel, bom e lucrativo ao mesmo tempo.

    Próximo post: Relembrando Batman Begins parte 1

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