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Crítica: O Homem Que Mudou o Jogo

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  • sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
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  • Alexandre Luiz
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  • Apesar do leve tom de spoiler, o título nacional de Moneyball é uma daquelas adaptações pro português que funcionam tão bem quanto no original. O filme fala mesmo de um homem que, graças a uma aposta arriscada, contribuiu para mudar o pensamento ultrapassado do baseball. Billy Beane, interpretado por Brad Pitt, um jogador medíocre que acabou se tornando gerente de um time, conseguiu um feito histórico ao levar o azarão Oakland A's a 20 vitórias consecutivas, graças a ajuda de Paul DePodesta, formado em economia em Harvard, que introduziu Beane ao chamado "sabermetrics", o uso de estatísticas para formar uma equipe ao invés de montá-la baseada em grandes nomes do esporte.

    O longa dirigido por Bennett Miller toma algumas liberdades quanto a DePodesta, principalmente porque este não permitiu o uso de seu nome na ficcionalização da história. A decisão acabou ajudando o filme, já que o personagem que o representa contribui muito mais para a compreensão da mensagem embutida no roteiro de Steven Zaillian e Aaron Sorkin. Peter Brand, vivido por Jonah Hill, é a perfeita tradução da ideia apresentada a Billy Beane: a de que os times deveriam parar de se importar em contratar jogadores bonitões e começar a dar atenção aos "rejeitados". Gordinho e com um jeito de nerd, Brand chama atenção do protagonista quando sua opinião é decisiva na negociação de uma troca de jogadores. Beane fica curioso do porquê uma sala cheia de executivos do esporte dá ouvidos à pessoa mais deslocada daquele cenário.

    Quando o conceito é apresentado ao personagem de Pitt, o longa passa a mostrar outro problema: a resistência a uma ideia nova. A proposta de Beane e Brand envolvia "pensar fora da caixa", coisa que os assistentes e técnicos do time de Oakland não tinham a menor disposição a fazer. Essa outra premissa da trama é tão interessante quanto a primeira e pode ser aplicada a inúmeros empreendimentos, até mesmo fora do mundo esportivo. O pensar diferente é o que acaba mudando as coisas, como já dizia aquele famoso comercial da Apple.

    Miller conduz o filme com muita competência e inteligência, como demonstra na acertada escolha de não dar tanta ênfase aos jogos, ou aos jogadores, para passar mais tempo acompanhando Brad Pitt, que entrega uma atuação digna das indicações a prêmios que recebeu. O ator compõe Beane de forma tridimensional, com várias nuances, entregando um protagonista complexo e com problemas reais, ao invés de uma caricatura de técnico, como outras produções do gênero costumam exibir. Hill também faz um ótimo trabalho e, como já dito acima, favorece a trama com a liberdade que teve para criar seu Peter Brand, a versão fictícia de DePodesta.

    A dupla de roteiristas também é responsável por O Homem Que Mudou o Jogo ser tão bem sucedido em sua proposta. O texto é ágil, apesar da enorme quantidade de diálogos, provavelmente graças a Aaron Sorkin, cuja habilidade em desenvolver os personagens através do que cada um diz já havia sido demonstrada em A Rede Social. Ele e seu parceiro Zaillian conceberam um roteiro que não agrada apenas os amantes do baseball. Assim, quem nunca assistiu uma partida do popular esporte será atingido da mesma forma do que aqueles já familiarizados com ele. Claro, os fãs que conhecem os nomes citados ao longo da trama terão um entendimento maior, mas nada que prejudique os leigos pois, no fundo, o tema do longa é universal: ter coragem para mudar regras e aplicar novas soluções para velhos problemas, mesmo indo contra o pensamento de quem está ao redor. São pessoas assim que transformam, evoluem e mudam o jogo, seja ele de baseball ou o da própria vida.

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