Saindo do Forno
Saindo do Forno: Novidades do dia
Rapidinhas
Sem Limites (Limitless, 2011) - Um filme não precisa ser "cabeça" pra ser bom. E pode ser inteligente sem se tornar intragável para as massas. Partindo dessa ideia, Sem Limites agrada por ser um filme direcionado ao grande público, sem subestimá-los. O thriller mostra Eddie Morra (Bradley Cooper), um escritor vivendo um momento de bloqueio criativo. Surge então seu ex-cunhado, um traficante de luxo, que lhe oferece uma nova droga, com a promessa de poder ampliar a capacidade do cérebro humano. Morra aceita tomá-la e, com apenas um comprimido, escreve praticamente metade de seu livro. Procurando sair do momento de fracassos em que se encontra, começa a tomar mais doses, passando por transformações radicais em sua vida, o que inclui ser perseguido por um misterioso grupo. Sem Limites tem vários elementos típicos de Philip Dick, como a própria droga, e algumas sutilezas irônicas do texto. Um bom exemplo é o agiota a quem Morra recorre para iniciar seus empreendimentos. Quando ele toma a droga e se descobre inteligente, cita descobertas que fez no Google. A direção de Neil Burger também é acertada, usando recursos visuais sofisticados e uma montagem ágil para contar a história. E há também Robert De Niro, que embora não apareça muito, foge da interpretação caricata a que tem se dedicado nos últimos anos.
Desconhecido (Unknown, 2011) - Liam Neeson parece ter gostado de ser um herói de ação em Busca Implacável e se arrisca novamente com Desconhecido, um thriller bastante eficiente em prender a atenção do espectador (não é pra isso que são feitos, afinal?). Jaume Collet-Serra dirige o longa que mostra Neeson como o Dr. Martin Harris, chegando com sua esposa em Berlin para uma conferência científica. Mas, ao pegar um táxi, sofre um acidente, e quando acorda descobre que sua mulher não o reconhece e há outra pessoa se fazendo passar por ele. É a típica trama de colocar um personagem comum em situações extraordinárias, o que torna Desconhecido um pouco menos interessante pra quem já está acostumado com thrillers dessa linha. Fica a impressão de que o filme seria muito melhor num mundo onde Busca Frenética, de Roman Polanski ou Cortina Rasgada, de Alfred Hitchcock nunca tivessem sido feitos. No mais, existem boas cenas como a perseguição pelas ruas da cidade alemã ou o clímax, apesar dessa última não conter muitas novidades.
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Com estreia marcada para 17 de junho nos EUA e 19 de agosto no Brasil, Lanterna Verde tem seu marketing intensificado com três novas prévias para TV. A primeira vale a pena, tem umas imagens novas, as outras é meio que mais do mesmo. Confiram.
Veja o novo clipe do Jane's Addiction
End of The Lies é o primeiro single do próximo álbum da banda, que sai em agosto. O Clipe abaixo não é recomendado para menores (sei que não adianta avisar, mas minha parte tá feita :P).
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Crítica: O Poder e a Lei
A introdução de O Poder e a Lei consegue dizer muito sobre o background do personagem central, Mick Haller (Matthew McConaughey). Passeando pelas ruas de Los Angeles com seu Lincoln da linha Town Car, ele é a essência do advogado com complexo de yuppie do final dos anos 80 e começo dos anos 90. Aquele que faz seu trabalho com a única intenção de ganhar dinheiro.
A escolha do carro, um símbolo americano de poder (O Lincoln é um autêntico modelo de luxo), aliada a canção Ain't No Love in The Heart of The City (cujo título também é "revelador") constroem bem a personalidade do "advogado de porta de cadeia" que McConaughey interpreta. Aliás, não à toa, esse é o nome nacional do livro que o longa se baseia, de Michael Connelly. As rugas do ator, marcadas pela direção de fotografia, surgem para mostrar o quão ultrapassada é essa postura. Só faltou um anel de formatura proeminente, saltando à tela a cada gesto do personagem.
Haller está sempre em busca de casos dos mais baixos níveis, mas que sejam fáceis de ser defendidos, ou seja, dinheiro garantido e pouco trabalho. Eis que cai em seu colo uma acusação de tentativa de estupro. Como o futuro cliente vem de uma rica família local, não pensa duas vezes e aceita defender o playboy vivido por Ryan Phillippe. O que ele não espera, no entanto, é que o caso é mais complicado que parece, e ao mesmo tempo que traz ecos de um antigo erro do advogado, pode também trazer uma chance de redenção com a consciência.
Com uma passagem tímida pelos cinemas norte-americanos, O Poder e a Lei surpreendeu por sua aceitação de público e crítica, graças ao competente roteiro de John Romano e a direção correta de Brad Furman. A fórmula de filmes de tribunal pode acabar caindo no mais do mesmo sem o direcionamento correto. Aqui é diferente por misturar as habituais cenas de advogado de defesa contra acusação e os discursos para o júri com um suspense bem marcado por uma câmera inquieta e uma edição ágil.
Para que o personagem de McConaughey não fosse uma figura detestável, o filme foca nas ramificações de seus atos, quando percebe que pode ter cometido um erro e mandado alguém inocente pra cadeia. Também mostra o advogado como um pai atencioso, frisando que por baixo daquela postura arrogante existe alguém cuja consciência finalmente foi ferida. E a busca pela reparação o faz encarar seu pior medo, o de não conseguir reconhecer a inocência.
O ator já interpretou inúmeros advogados em sua carreira, geralmente com bastante competência, sem muito esforço pra transparecer a canastrice necessária para convencer um júri ou o próprio cliente. Mas em O Poder e a Lei, McConaughey se supera por sair do lugar comum e mostrar ao espectador um personagem que comete mais erros do que se poderia permitir.
Por mais antiquada que seja a atitude de Mick Haller, é ela que o faz repensar suas estratégias e torna sua jornada à redenção um ato quase heroico. Quase, porque no fim, o personagem prefere recorrer à meios menos ortodoxos. Afinal, nem sempre ostentar um Lincoln na garagem é demonstração suficiente de poder.
Cenas Memoráveis - Blow Out - Um Tiro na Noite
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Baú do Re-Enter: Chinatown (1974)
O roteiro, de Robert Towne, mostra Gittes, detetive particular especializado em casos de adultério, sendo contratado para investigar Hollis Mulwray, engenheiro do Departamento de Água da cidade. A esposa de Mulwray, Evelyn (Faye Dunaway) é quem contrata os serviços do detetive, pois segundo ela, seu marido não tem passado muito tempo em casa. Pensando se tratar de mais um caso de traição, Gittes aceita o caso. Durante a investigação, descobre uma jovem garota na vida de Mulwray, a primeira vista sua amante, mas ao longo da história, o estopim para algo muito maior.
O engenheiro está tentando impedir que obras prejudiquem a cidade. Essas obras são financiadas pelo fazendeiro Noah Cross (John Houston), seu sogro. Quando Gittes percebe o que está acontecendo, se vê em meio a um jogo de interesses que envolve todos os personagens, inclusive a si mesmo, ao se apaixonar por Evelyn, a Femme Fatale do longa. E se no cinema noir esse tipo de mulher leva o personagem à ruína, em Chinatown não é diferente. O detetive, cego de amor, percebe tudo quando é tarde demais. A relação de Cross com sua filha se torna evidente no momento em que Gittes começa a perder a noção dos acontecimentos, finalmente trazendo-o de volta ao “chão”. Porém, por causa desse segredo sórdido de família, o final do filme não deixa espaço para felicidade. Como numa tragédia antiga, tudo acaba mal quando Jake Gittes resolve exorcizar seus próprios fantasmas em Chinatown, não só o título do filme, mas o bairro chinês de Los Angeles onde há muito tempo, o detetive havia passado por problemas.
Polanski cria, no filme, um cenário pessimista, habitual nas suas obras até então. A sensação, a todo momento, é de que os problemas não terão solução. Pelo menos não uma que beneficie alguém. A música, composta por Jerry Goldsmith na última hora (em apenas 10 dias, depois do compositor original ter sido dispensado), é triste e melancólica, confirmando essa sensação. Um grande destaque do filme é seu desenho de produção, que reproduz com fidelidade a cidade nos anos 30. A ambientação está perfeita.
A produção de filmes noir nos anos 70 não era comum. Chinatown é de certa forma não só uma homenagem, como um certo tipo de ponta-pé para o neo-noir, que iria reviver o gênero nos anos seguintes.
A trilogia de dois filmes
Chinatown é a primeira parte de uma trilogia planejada por seu roteirista, Robert Towne. A segunda parte chegou a ser filmada. A Chave do Enigma, dirigido e estrelado por Jack Nicholson, saiu em 1990. Contudo, o filme foi um desastre comercial e de crítica, afundando as chances de Cloverleaf, sua últma parte, ser lançada. Em A Chave... Jake Gittes investiga o negócio de distribuição de gás natural em Los Angeles. A história se passa nos anos 40. A terceira parte seria sobre a construção do sistema de freeways na cidade.
Irônicamente, o roteiro de Cloverleaf não foi inteiramente desperdiçado. A base da história foi utilizada no filme Uma Cilada Para Roger Rabbit, comédia de ação que mistura atores reais e desenhos animados, dirigida por Robert Zemeckis em 1988, antes de Nicholson resolver dirigir a segunda parte da história.
Uma curiosidade, ainda sobre o plano de levar a trilogia adiante, o ator recusou todo papel de detetive que lhe era oferecido, para que interpretasse somente Jake Gittes.
Chinatown foi o último filme feito por Roman Polanski nos EUA. Por causa de um processo de abuso infantil, o diretor deixou o país para morar na França.
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Seguindo o que já virou tradição nos álbuns da franquia dos robozões, a trilha de Transformers - O Lado Oculto da Lua conta com a presença de Linkin Park, além de Goo Goo Dolls (que teve música no primeiro filme), My Chemical Romance e Taking Back Sunday. Nas lojas em 7 de junho. Veja a lista abaixo:
01. Linkin Park - "Iridescent"
02. Paramore - "Monster"
03. My Chemical Romance - "The Only Hope For Me Is You"
04. Taking Back Sunday - "Faith"
05. Staind - "The Bottom"
06. Art Of Dying - "Get Thru This"
07. Goo Goo Dolls - "All That You Are"
08. Theory Of A Deadman - "Head Above Water"
09. Black Veil Brides - "Set The World On Fire"
10. Skillet - "Alive & Awake (Remix)"
11. Mastodon - "Just Got Paid" (Ouça no Youtube)
Veja o Trailer de Call of Duty: Modern Warfare 3
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Muito criativa a prévia, que parece se tratar de uma comédia romântica, apenas para revelar os personagens que fizeram parte da infância de muita gente: Caco, Miss Piggy e toda turma dos Muppets.
O filme estreia em 23 de novembro nos EUA e terá participações especiais de Emily Blunt, Ricky Gervais, Alan Arkin, Billy Crystal, Jean-Claude Van Damme, Jack Black, Zach Galifianakis, Danny Trejo, Donald Glover, Dave Ghrol e Lady Gaga. James Bobin, cocriador da série Flight of the Conchords, dirige o longa para a Disney.
Rapidinhas
Horas de Desespero (Desperate Hours, 1990) - Ainda do diretor Michael Cimino, essa refilmagem do clássico com Humpfrey Bogart tem Mickey Rourke novamente no papel central. O diretor tinha o ator em grande estima e o considerava perfeito para interpretar o personagem outrora vivido por Bogart. Na trama, um criminoso prestes a ser condenado, foge no meio do julgamento auxiliado por sua advogada, que também é sua amante. Ao se reunir com o irmão parceiro de crimes, inicia sua fuga, que os leva até a casa de um advogado e sua esposa, interpretados por Anthony Hopkins e Mimi Rodgers, fazendo ambos e seus filhos de refém. Sem entrar no mérito de qual versão da história é melhor, o filme de Cimino cria uma tensão crescente, graças a Rourke, que começa como um sequestrador gentil para, aos poucos, se revelar um verdadeiro sociopata. O diretor mostra muita competência também na sequência inicial, que apresenta a namorada do criminoso. A trilha, feita para evocar filmes dos anos 40 e 50, ajuda no ritmo e o suspense psicológico que só aumenta durante a projeção ainda divide espaço com uma espécie de estudo de personagens, que passa por Rourke e chega até a estranha relação entre Hopkins e Rodgers. Infelizmente, o longa sofre um pouco no último ato, com um desfecho um tanto mirabolante. Pesa também a agente do FBI designada para o caso. A atriz Lindsay Crouse não consegue imprimir nenhum tipo de empatia com o espectador, o que atrapalha ainda mais os últimos momentos do filme.
O Mafioso (Kill the Irishman, 2011) - Produção pequena, dirigida e escrita por Jonathan Hensleigh, retrata o caminho de ascenção de Danny Greene (Ray Stevenson), chefe da máfia irlandesa de Cleveland nos anos 70. Pontuando a biografia do criminoso com as várias vezes que escapou de atentados promovidos por seus desafetos, o filme faz uma boa recriação do período, apesar do orçamento apertado. O roteiro faz bem em ser "direto ao ponto" sem enrolar muito a trama. Apesar disso, segue a cartilha dos filmes do gênero fazendo o espectador até gostar do personagem principal, mostrando momentos "sensíveis" de Greene e sempre justificando muito bem cada uma das mortes atribuidas à ele. Com Val Kilmer, Christopher Walken, Vinnie Jones e Vincent D'Onofrio, O Mafioso ou Kill The Irishman, no original, passou batido nos cinemas americanos e no Brasil veio direto para DVD, mas nem por isso deve ser descartado.
Saindo do Forno: Novos comerciais de Harry Potter, X-Men e Lanterna Verde
Nova prévia televisiva enfoca ação do filme e prepara os fãs para o que promete ser um final épico. O oitavo filme do bruxo estreia em 15 de julho.
Mais um comercial de X-Men: Primeira Classe cai na rede
Por falar em ação, a Fox divulgou no final de semana outro comercial do novo filme dos heróis mutantes. Confira abaixo. Ainda sobre o longa, começaram a sair algumas resenhas em sites americanos e a notícia é boa: a maioria está favorável. Talvez X-Men: Primeira Classe cale a boca de muita gente. Dirigido por Matthew Vaughn, a estreia acontece em 3 de junho.
Lanterna Verde ganha mais um comercial de TV
Já deu pra notar que as emissoras americanas deixaram os nerds malucos neste fim de semana, certo? Mais um comercial do filme do Lanterna acaba de sair. Com cenas já conhecidas do último trailer, vale por alguns relances inéditos. O filme chega aos cinemas brasileiros em 19 de agosto, dois mese depois da estreia norte-americana.
Crítica: Piratas do Caribe 4 - Navegando em Águas Misteriosas
Na nova aventura, o Capitão sem navio está em Londres, tentando tirar da prisão um velho conhecido dos filmes anteriores. É capturado por nobres que estão em busca da lendária Fonte da Juventude e que pedem a Sparrow que os ajude em sua empreitada, antes que o lugar mitológico caia nas mãos dos espanhóis. Depois de escapar de forma mirabolante, ainda que divertida (provavelmente a melhor sequência do filme), Jack cai no colo, quase literalmente, de seu pai, mais uma vez interpretado por Keith Richards, que aliás é agraciado pelos roteiristas com uma piada até que criativa (está em um dos trailers, estragando um pouco a experiência). No encontro, o personagem de Depp descobre que para a Fonte funcionar, ele precisará de alguns itens, no melhor estilo "quest" de RPG.
Depois disso, é a hora de Angelica (Penelope Cruz) dar o ar de sua graça e sequestrar o o Capitão para servir no navio do temido Barba Negra (Ian McShane), que também tem seus motivos para descobir a Fonte. Em meio a tudo, a volta do divertido Barbossa (Geoffrey Rush) e um forçado romance entre um jovem clérigo (Sam Claflin) e uma sereia (Astrid Berges-Frisbey), espaço que ficou vago com a saída de Orlando Bloom e Keira Knightley.
Os roteiristas Terry Rossio e Ted Elliot parecem ter se ofendido com as resenhas negativas do terceiro Piratas, que destacavam as cenas sem nexo e a falta de explicações mais plausíveis pra certas soluções da trama. Ao invés de criarem um roteiro que pudesse equilibrar aventura com diálogos mais interessantes, resolveram explicar tudo que estava ocorrendo, de forma preguiçosa, com falas que atrapalham mais do que ajudam. Por causa disso, as cenas de ação, marca registrada da cinessérie e impecáveis em qualidade técnica, sofrem com o ritmo arrastado e com o péssimo timing do diretor Rob Marshall, que assume Piratas 4, depois dos três dirigidos por Gore Verbinski. Várias vezes o espectador espera por uma ação que não acontece, justamente por conta de alguma conversa desnecessária entre personagens. Quando o esperado chega, a hora de deixar quem está assistindo, mais interessado no longa, já passou.
Outro ponto irritante do filme é a quantidade de elementos que não adicionam nada à história. O mais notável é a disputa entre a Inglaterra e a Espanha pela Fonte da Juventude. Parece um MacGuffin mal elaborado que surge no início, e é resolvido de forma brusca no clímax.
Por outro lado, não há como negar que Depp está muito à vontade na quarta vez que assume o personagem Jack Sparrow. Há também uma química interessante entre ele e Penelope Cruz, sem contar a participação de Rush como Barbossa, provavelmente o único personagem em toda a franquia que realmente evoluiu com o passar do tempo. Já Ian McShane é o típico ator que ou acrescenta muito a um filme ou simplesmente atua no modo automático. Deve depender do interesse em determinados gêneros. No caso de seu Barba Negra, infelizmente o ator pende para a segunda hipótese, deixando muito a desejar, principalmente por ter se dado tão bem ano passado com um personagem tão vilanesco quanto o lendário pirata na minissérie Os Pilares da Terra.
Baseado vagamente no livro On Stranger Tides, de Tim Powers, Piratas do Caribe 4 é, na verdade, mais um típico longa de verão que não foge à regra de produções megalomaníacas da Disney. Grande qualidade técnica (cenário e figurino são ótimos) para uma história pouco interessante. Como pontuado no começo do texto, nada que você nunca tenha visto, com apenas alguns adereços, que se não forem melhor aproveitados nos vindouros filmes (sim, há planos para mais dois, pelo menos) também terão saído de moda.
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Confira também a resenha do terceiro filme!
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O filme estreia em 3 de junho.
Veja um novo trailer de Lanterna Verde
Dia produtivo para a Warner/DC. Depois de revelar o Bane do filme do Batman, acabou de sair um novo trailer do Lanterna, desta vez voltado para o lançamento em 3D. Confira!
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Baú do RE-ENTER: Laura
Se uma das características do noir é analisar e adentrar a personalidade obscura do ser humano, Laura, dirigido por Otto Preminger inova, pois não apenas usa essa marca do gênero na história, mas também em sua montagem, que privilegia o suspense psicológico, fundamental para o desenvolvimento da trama.
O filme, de 1944, começa evocando o assassinato de uma publicitária, Laura Hunt (Gene Tierney). Na investigação, um triângulo amoroso é revelado. Waldo Lydecker (Cliffton Webb, sensacional do papel), um jornalista, era amigo da moça, noiva de Shelby Carpenter (Vincent Price). Mas, ele sentia mais do que amizade por ela, e por isso resolve ajudar na investigação, que aponta o noivo como o criminoso. Porém, na metade do filme, uma reviravolta no melhor estilo Um Corpo Que Cai muda a história, e o detetive encarregado de desvendar o crime (Dana Andrews) desenvolve um plano mirabolante para prender o verdadeiro culpado.
Ninguém na história é santo. Claro, é um filme noir. O que justifica as ações perigosas do detetive, as motivações de Waldo e a natureza um tanto dúbia de Laura. A interpretação de Cliffton Webb como o cínico jornalista causa risos do espectador atento a seu humor negro e um certo desconforto àqueles que percebem os preconceitos, as manias e a maneira ranzinza do personagem. Por várias vezes, ele zomba de Shelby pelo rapaz não vir de “berço de ouro”. Para Waldo, só isso já justificaria o crime. Um golpe para ficar com o dinheiro de Laura. A publicitária, por outro lado, hora é a santa, hora, a devassa. Aos olhos de Waldo essas duas personalidades são reveladas como delírios de sua mente perturbada.
Voltando à montagem, Otto Preminger opta por jogar o espectador de sopetão na trama. Somos introduzidos ao assassinato de Laura logo no início, sem nem mesmo sabermos de quem os personagens estão falando. Porém, se por um lado a história começa com esse impulso, seu desenvolvimento mostra o que se tornaria marca de Preminger. A linguagem do filme é de uma elegância extraordinária. Os movimentos de câmera, as passagens de cena. Tudo é ritmado, dando um tom primoroso à obra.
Os méritos devem ser atribuidos também ao diretor de fotografia, Joseph LaShelle, vencedor do Oscar por seu trabalho neste filme. Além disso, o tema central composto por David Ruskin, ao mesmo tempo cria expectativas e imerge o espectador na trama.
Produção conturbada
Quem assiste um filme tão bem acabado como Laura, não imagina os problemas enfrentados pelo estúdio para a sua realização. Logo na escolha do elenco, quando Cliffton Webb fora anunciado, críticos destilaram seu veneno. Tudo porque o ator era homossexual assumido. Na época isso era considerado absurdo para os padrões Hollywoodianos. Diziam que Webb “desmunhecava” demais. Porém, sua interpretação se comprovou tão competente, com toda a ironia que o ator colocou no personagem, que se impôs a partir daí, sendo respeitado por suas habilidades de interpretação, que nada tinham a ver com sua opção sexual.
Outro tormento foi a demissão do diretor original do longa. O filme começou a ser filmado por Rouben Mamoulian, porém quando o produtor Daryl Zanuck viu os primeiros copiões, tratou de dispensar o cineasta, colocando em seu lugar o austríaco Otto Preminger, que havia trabalhado numa das inúmeras versões do roteiro de Laura, uma adaptação do livro de Vera Caspary.
Talvez todos esses problemas vieram apenas para fortificar o filme. O resultado final é um clássico do cinema, reverenciado mesmo depois de mais de 60 anos de idade. Laura é um filme dotado de interpretações incríveis, estilo elegante e tem a marca do gênero noir impressa em cada detalhe. Em cada sombra de sua fotografia e em cada parte de seu quebra-cabeças psicológico.
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Som: The Cars - Move Like This
Não é segredo que o cenário fonográfico está repleto de referências à épocas mais produtivas da música. A maior parte dos novos artistas só estão fazendo o que já foi feito de 20 anos pra trás (só que com mais vícios de produção). E quando as bandas daquela época resolvem voltar? #comofaz?
São duas vias, geralmente: ou se renovam pra tentar adaptar o som às modinhas recentes ou têm coragem para continuar fazendo exatamente a mesma coisa de antes. Essa última só funciona com bandas que conseguiram acumular vários sucessos ao longo de suas carreiras. No caso do retorno do Cars, infelizmente, não deu muito certo.
O álbum Move Like This é o primeiro da banda desde 1987. De lá pra cá, entre reuniões pra algumas turnês e a morte do vocalista original, Benjamin Orr, o grupo nunca conseguiu se destacar como nos anos oitenta, onde podem ser lembrados pela baladinha Drive. O novo trabalho, apesar de ter potencial pra agradar os fãs, provavelmente não vai chamar muita atenção do público atual. Principalmente por não ter nenhuma faixa memorável quanto seus hits de mais de 20 anos.
O que incomoda em Move Like This é o exagero no som new wave, já que o Cars teve bons momentos no passado, unindo os tecladinhos daquele estilo com uma levada rockabilly. Isso faz a banda soar mais como uma caricatura do que como autêntica. Pesa contra essa reunião também, o fato de Ric Ocasek, que assumiu os vocais, não ter uma voz tão agradável quanto a de Orr.
Os destaques do álbum ficam pras músicas Too Late, Sad Song e Drag on Forever, que conseguem fugir um pouquinho do new wave exagerado das outras faixas. Não que seja ruim ouvir uma banda que se mantém fiel às suas origens. Mas é que depois de 24 anos, era de se esperar algo que justificasse um retorno. Afinal, pra ouvir exatamente a mesma coisa, compensa mais investir numa coletânea.
Veja a seguir o clipe de Blue Tip, primeiro single de Move Like This.
Crítica: Os Agentes do Destino
A história coloca Matt Damon como David Norris, um jovem e promissor político que almeja uma cadeira no Senado americano pelo Estado de Nova York. Apesar de liderar as pesquisas, sua campanha sofre um baque com uma matéria de jornal que revela um lado agressivo e impulsivo de sua personalidade. No dia de sua derrota, encontra, no banheiro masculino de um hotel, a bela Elise, bailarina vivida por Emily Blunt. Embora a atração de um pelo outro seja mútua, por uma fatalidade, ele não pega sequer o nome da moça e ambos não voltam a se encontrar por mais alguns meses. É quando o acaso os une pela segunda vez que a vida do político vira de ponta-cabeça. Perseguido por estranhos homens de chapéu, David é apanhado e recebe o aviso: "pare de procurar por essa garota, vocês não devem ficar juntos". Todo mundo sabe que se você quer manter uma criança longe de um bolo nunca deve dizer: "não mexa aí". Mesmo com a demonstração de poder dos Agentes do título, o político se mostra firme em ignorá-los.
A partir daí, o roteiro, também de Nolfi, busca apresentar um texto que a todo momento confronta o público com ideias muito interessantes a respeito de destino, acaso e livre arbítrio e joga com o conceito de uma força superior que não se sente confiante o bastante pra deixar a humanidade caminhar sozinha. Esse subtexto, digno das melhores obras de Philip Dick, seria muito melhor se não fosse jogado de forma tão irregular. Em determinados momentos a discussão é sutil e funciona muito bem. Porém, alguns diálogos parecem brincar com a inteligência do espectador, como se tudo fosse muito complicado. Mesmo que fosse, não há nada demais em colocar uma semente de discussão na massa, sem precisar de muitas explicações. A escolha de inserir uma narração no final é um desses escorregões. O recurso não havia sido usado até então, e mesmo que não fosse completamente desnecessário, causaria estranheza por estar deslocado no filme.
Dotado de boas atuações do casal protagonista, que mostra uma química convincente em tela, Os Agentes do Destino, porém, não conta com grandes momentos cinematográficos, até porque é o primeiro filme de Nolfi como diretor. O maior feito visual do longa está nas sequências de perseguição, que envolvem bons efeitos que se tornam orgânicos à trama, muito parecido (mas não no mesmo nível de qualidade) com o resultado que Christopher Nolan conseguiu em A Origem.
A trilha sonora, por outro lado, merece destaque. Thomas Newman une orquestra com guitarras, bateria e piano, em peças musicais muito efecientes em criar a atmosfera do cotidiano de Norris e Elise. Ao mesmo tempo, os temas de ação fogem da regra atual ditada por compositores como Hans Zimmer, por exemplo. Há ainda duas músicas de Richard Ashcroft, vocalista da banda The Verve. Ao contrário de seu grupo músical, Ashcroft não tenta soar como um Oasis genérico e mostra grande evolução desde que apresentou ao mundo o sucesso dos anos 90, Bitter Sweet Symphony.
O resultado final é um longa acima da média dos filmes de verão, por ser voltado a um público mais maduro, mas que infelizmente fica apenas na vontade de se tornar uma grande obra do gênero. Levando em conta a definição do herói aracnídeo da Marvel, sobrariam motivos para que Os Agentes de Destino fosse um filme melhor, por se tratar de um belo romance. Infelizmente, o diretor/roteirista mostra ter o mesmo problema do Presidente da Agência do Destino, ou seja, é inseguro quanto a capacidade da audiência em conseguir entender sua mensagem sem um empurrãozinho. Com um ato bobo, Nolfi não invalida por completo sua obra, mas com certeza a impede de se tornar algo mais memorável e relevante.
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Para conhecer outra obra de Philip Dick adaptada ao cinema, com muito mais qualidade, clique aqui e veja o Especial Blade Runner.
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Gostou do filme do Deus do Trovão? Pois é, em uma parceria com o refrigerante Dr. Pepper, a Marvel resolveu lançar uma HQ gratuita que serve de prelúdio para o longa de Kenneth Branagh. A história, publicada em partes, mostra Thor e Sif, ainda jovens, na busca por um amigo de Odin. Pra ler é só acessar a página, em inglês.
Veja os primeiros teasers trailers de Call of Duty Modern Warfare 3
Começaram a ser divulgados os primeiros vídeos da nova entrada na franquia de Call of Duty. Confira abaixo o primeiro trailer, divulgado para o público norte-americano. No canal do Youtube, você vê ainda mais prévias, uma Inglesa, uma Francesa e uma Alemã. Mais vídeos podem surgir ainda no fim de semana, então se inscreva na página do jogo e fique ligado.